Tendência que dominou redes sociais, ruas e passarelas conversa com dilemas contemporâneos e pode ser usada de diferentes maneiras. Com a estreia de Barbie” se aproximando cada dia mais, é quase impossível não esbarrar com o rosa. Seja em manequins, eventos festivos, ou publicidades surfando na onda do filme de Greta Gerwig, a cor é a queridinha da vez.
Não é de agora, porém, que o tom vem ganhando destaque. Na verdade, desde meados de 2021, ele se agarra com força a agulhas da alta-costura e a cabides de guarda-roupa. Trata-se do Barbiecore.
O que é Barbiecore
Autoexplicativo, o nome Barbiecore faz referência à boneca de quem todos estão falando, mas seu estilo não tem a ver, necessariamente, com vestir estampas da personagem.
O foco aqui é na coloração do visual. É o enaltecimento do rosa-choque. Quanto mais vibrante for o rosa, mais Barbiecore ele é.
Diferentemente do chamado millennial pink, a pigmentação do Barbiecore transborda ousadia e passa longe de estéticas discretas.
No ano passado, a grife italiana Valentino exemplificou bem isso com sua coleção “Pink PP”, na qual looks foram produzidos com um tom Pantone próprio. Marcas como Balenciaga e Loewe também entraram na onda, criando peças do estilo.
E nas ruas, não são poucos os corpos e as vitrines que exibem looks como estes.
Por que rosa-choque?
Segundo a consultora de imagem Gabriela Varejão, o Barbiecore explodiu porque dialoga diretamente com o zeitgeist do mundo pós-Covid. “A gente saiu do moletom, da pandemia, para coisas mais alegres, a moda dopamina.”
O estilo mencionado por ela se refere a looks que emanam a sensação de prazer —tal como o neurotransmissor dopamina.
“Toda essa realidade que a gente está vivendo é muito difícil. A gente quer restaurar a felicidade.”
Somado à borbulha das sensações contemporâneas, o tão aguardado filme “Barbie”, claro, contribui para a expansão da cor, já que essa é uma das principais marcas da personagem.
Zendaya em coleção ‘Pink PP’, da Valentino
Reprodução/Instagram/@maisonvalentino
A geração Z e o Barbiecore
Além disso, o Barbiecore traduz valores de sua grande adepta, a geração Z, que engloba os nascidos entre os anos de 1995 e 2010.
Para a visagista Débora Latgé, essa juventude vê no rosa-choque uma possibilidade de não só questionar estereótipos, como também de subvertê-los.
“É como se falassem: ‘quem disse que para transmitir seriedade eu tenho que usar só o guarda-roupa masculino?'”, diz Latgé. “Daí usam um rosa forte para dar a ideia de liberdade.”
Meninas vestem rosa, meninos também
Além de celebridades como Zendaya, Dua Lipa e Anne Hathaway, nomes como Harry Styles, Lil Nas X e Machine Gun Kelly também têm esbanjado visuais a lá Barbiecore.
Até poucos anos atrás, era incomum que homens, famosos ou não, se vestissem assim.
No Ocidente, um estereótipo sexista impõe que rosa é cor de menina, e azul de menino. Mas, ao contrário do que se pode pensar, a atribuição de cores aos gêneros nem sempre foi assim.
Da esquerda para direita: Billy Ray Cyrus, Lil Nas X e YoungKio
EMMA MCINTYRE / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP
Lorenzo Merlino, estilista e professor de moda da Faap, explica que o rosa foi durante anos uma cor atrelada à masculinidade.
No século 18, a aristocracia europeia enxergava no tom uma atmosfera militar, o relacionando ao sexo que fica à frente dos exércitos.
“Vários retratos [da época] mostram homens, de nacionalidades diferentes, vestindo a cor”, afirma Merlino.
É só nos anos de 1950 que a cultura é invertida. Tudo graças a uma estratégia de marketing de empresas de eletrodomésticos, voltada a donas de casa. (Não se sabe ao certo o que motivou a campanha a atrelar o rosa ao feminino, mas a ideia pegou e, apesar de estar cada vez mais fraca, continua firme.)
Não coincidentemente, a Barbie, que é da década de 1950, é cheia de itens rosas. Vendida como um ideal de mulher, a boneca tem o tom como seu aliado estético.
“A Barbie se conecta com a moda desde que foi lançada”, afirma Merlino. “No começo, ela servia à moda. Agora, a gente vê a moda se servindo dela. É uma mudança de eixo.”
Mas afinal, como aderir ao Barbiecore?
Às vésperas da estreia de “Barbie”, varejistas do mundo todo estão apostando em basicamente dois tipos de Barbiecore: um com referências à personagem, e o outro restrito à cor.
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Latgé, a visagista, afirma que este é o momento ideal para “democratizar o rosa”. Quem acha bonito, mas tem receio de não curtir o resultado em si, pode “começar aos pouquinhos”, indica a especialista, sugerindo a combinação do pink com cores frias como o preto.
Para quem trabalha em ambientes muito formais, como escritórios de advocacia, e está interessado na tendência, a recomendação da consultora de imagem Varejão é optar por acessórios como bolsas e brincos, em vez de peças de roupa rosa-choque.
Agora, se você é do tipo que deseja se jogar de vez no pink, uma boa alternativa é um look monocromático. É chamativo, é Barbiecore.
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Barbiecore: o que é e como aderir ao estilo que enaltece o rosa-choque da Barbie
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