Bugs em excesso, baixa qualidade e falta de conteúdo afetam o game, que até se esforça oferecendo confrontos em equipe contra vampiros poderosos que empolgam. Vampiros de ‘Redfall’ são poderosos e feiosos
Divulgação/Xbox
“Redfall” era um dos jogos mais aguardados do ano para os jogadores de Xbox e PC. Mas sua estreia conturbada, com falhas em excesso e conteúdo com pouca inspiração o colocaram na lista das maiores decepções de 2023. E a falta de ação para resolver os problemas indica que ele tem tudo para cair no esquecimento.
O game foi lançado para Xbox Series X/S e PC em 2 de maio e está disponível para assinantes do serviço GamePass.
Motivos não faltavam para a empolgação por “Redfall”:
foi anunciado como um grande título exclusivo para Xbox (um triplo A, como se diz na indústria), algo que ficou faltando em 2022;
é um game da Arkane, que tem “Dishonored” e o excelente “Deathloop” no currículo (e o estúdio de desenvolvimento, Arkane Austin, é responsável pelo ótimo “Prey”);
era para ser um game do estilo “loot shooter” (em que você recebe muitas armas e acessórios para melhorar seu personagem, tal qual “Destiny”) de longa vida;
um título online persistente para se jogar sozinho ou em equipe com muito conteúdo novo sendo lançado ao longo dos anos.
Mas o que foi entregue é um jogo muito longe de parece finalizado. Em muitos momentos, lembra apresentações incompletas que os desenvolvedores apresentam à imprensa muito tempo antes de o jogo ser lançado. O mapa, embora extenso, é pouco povoado com inimigos, elementos de interesse e objetivos que poderiam estimular a exploração e, em encontros com os inimigos, combates. Há texturas de cenários simplórias demais, os personagens são quase inanimados
A realidade ao jogar “Redfall” é ainda pior. Além de parecer inacabado, o jogo é dominado por bugs que comprometem a experiência.
“Redfall”: trailer de lançamento do exclusivo do Xbox
Vampiros sanguinários
Imagina o seguinte: na cidade que dá nome ao game, vampiros poderosíssimos conseguiram isolar o local ao criar uma barreira que ninguém consegue entrar ou sair. Os poucos sobreviventes da cidade se uniram para caçá-los e retomar o controle do local. E, além dos vampiros, que têm poderes sobrehumanos, é necessário combater grupos de humanos armados, seguidores destes seres sobrenaturais.
No papel, a premissa é muito interessante: muitos inimigos para combater ao lado de amigos em um mundo enorme e repleto locais para explorar e com atualizações constantes. A realidade é totalmente oposta:
O mundo é vasto, sim, mas não é interessante e não motiva a exploração;
A inteligência dos inimigos é muito baixa (mesmo em níveis de dificuldade mais altos) e não fornecem desafio. Eles não buscam cobertura e não chamam aliados para o combate;
Os bugs fazem com que os inimigos fiquem presos em paredes, vegetação e rochas. Em alguns momentos, eles aparecem na tela, mas não interagem com os ataques do jogador por conta de bugs;
Não há uma seleção concisa de itens que você vai encontrando ao longo do caminho: algumas vezes, ao abrir um baú, você recebe a mesma arma, só que em níveis diferentes;
Os personagens com quem você interage parecem bonecos duros sem expressão, bem diferentes de outros jogos do mesmo estilo dessa geração e da passada.
Na parte técnica, “Redfall” peca pelos já comentados bugs dos inimigos, mas há mais problemas:
Embora texturas de vegetação, asfalto, calçadas seja boa, as de árvores, de rochas e de algumas casas e outros elementos são baixíssima qualidade;
Em alguns locais, as texturas demoram muitos segundos para carregar
Jogando com amigos online, os travamentos dos personagens deles foi frequente: eles se movimentavam como “estátuas”;
Houve problemas em que o nível do herói dos meus amigos online aparecia errado.
Cena de jogo de ‘Redfall’
Reprodução/Arquivo pessoal
Onde ‘Redfall’ vai bem
Mas “Redfall” não é uma desgraça completa em forma de game. Ele tem bons combates por conta da variedade de armamentos (que tem classes diferentes) e das habilidades únicas dos personagens.
O game diverte muito mais jogando ao lado de amigos online, já que você tem a possibilidade de combater os vampiros mais fortes e criar estratégias. E claro, é interessante, mas não obrigatório, montar uma equipe com heróis variados que possam ter habilidades diferentes que podem se complementar no combate.
A personagem que mais gostei, a Layla Ellison, tem poderes telepáticos e chama um guarda-chuvas para se defender dos adversários e elevador que, ao passar por ele, permite dar grandes saltos. Ao usar seu especial, ela chama seu ex-namorado vampiro, que elimina todos os inimigos ao redor.
Mas esses pontos positivos não impediram “Redfall” de fracassar. O chefão de Xbox, Phil Spencer, defendeu a equipe da Arkane Austin e assumiu a culpa por não ter dado o suporte necessário para a finalização do game, mesmo com o jogo já em desenvolvimento. O game já estava em produção quando a Microsoft adquiriu a Bethesda (empresa que é dona da Arkane). Contudo, ele não explicou que, se não interferiram em nada e não sabiam da qualidade do jogo, por que que a versão de PlayStation foi cancelada?
Há luz no fim do túnel. A Microsoft pode intervir e ajudar o estúdio Arkane Austin a lançar correções, melhorias e mais conteúdo para o game nos próximos meses. É algo que aconteceu com “Sea of Thieves”, que teve um lançamento conturbado mas que a empresa deu a atenção necessária e garantiu o sucesso do seu exclusivo. Resta a Microsoft ter vontade disso ou abandonar “Redfall” de vez.
Cena de ‘Redfall’ jogando com amigos
Reprodução/Arquivo pessoal
‘Redfall’ é um dos piores jogos do ano, mas combates são bons, principalmente ao lado de amigos; g1 jogou
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