‘FC 24’ prova que série clássica de games de futebol nunca precisou da Fifa; g1 jogou


Franquia troca de nome, mas mantém espírito com boas partidas e novidades interessantes que mais uma vez não justificam edição anual. Jogo é lançado na sexta-feira (29). “EA Sports FC 24” – ou “FC 24”, para os íntimos – é o primeiro game da franquia clássica de games de futebol desde que a desenvolvedora encerrou sua parceria com a Fifa e adotou um novo nome.
Talvez por isso, dá pra sentir que há um capricho extra em quase todos os aspectos do jogo. Não chega perto de ser revolucionário, mas é facilmente o melhor dos últimos anos.
Como que para provar que a série nunca precisou de verdade da entidade máxima do esporte.
É possível dizer que “FC 24” mantém o espírito da franquia na maior parte de suas qualidades, mas também em seus defeitos.
O pior deles, claro, a já clássica ausência de uma justificativa para edições anuais – em especial em um cenário de atualizações periódicas online e preços cada vez mais elevados de games.
Lançada para PlayStation 4 e PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X/S e computadores nesta sexta-feira (29), o novo game tem edições que custam entre R$ 359 e R$ 529.
Dito isso, um alerta: com a exceção de algumas novidades pontuais, como uma atenção maior ao modo carreira, esta resenha é um reflexo da série. Há algumas evoluções, mas com poucas mudanças em relação aos textos dos anos anteriores.
Assista ao trailer de ‘EA Sports FC 24’
Realismo fantástico
A maior novidade anunciada é o sistema Hypermotion V, de fato uma revolução na forma como o game é feito – pelo menos em teoria.
Até “Fifa 23” os movimentos dos jogadores eram criados a partir da captura de movimentos de jogadores de divisões inferiores do futebol espanhol com roupas cobertas por bolinhas.
Em “FC 24”, a nova tecnologia promete traduzir partidas reais de grandes competições para os atletas digitais, o que os aproximariam ainda mais de suas contrapartes reais.
A evolução geral é notável. A maior nos anos recentes. Mesmo assim, como é o caso em qualquer mudança de paradigma, está repleta de fenômenos inesperados.
Gabriel Jesus, por exemplo, corre e dribla cada vez mais como um jogador de verdade – pelo menos até que ele se ajeite para um chute e a bola passe pela frente da perna esquerda e por trás da direita e mesmo assim apareça em frente a seu pé antes do arremate, um movimento que dificilmente acontece fora de um game.
FUT misto
O Ultimate Team, modo mais popular do game antigamente conhecido como FUT, traz poucos retoques dignos de nota. A grande mudança é mesmo a possibilidade de misturar atletas homens e mulheres no mesmo time.
‘FC 24’
Divulgação
A princípio, é um pouco bizarro mesmo ver Vinicius Jr., Pelé e Marta no mesmo time, mas logo a estranheza dá lugar à empolgação – em especial com possibilidades e habilidades mais raras entre jogadores masculinos.
De resto, é o velho modo ajustado à perfeição para extrair ainda mais dinheiro do público, viciado no sistema de pacotinhos com jogadores raros e temporários, trocas pontuais e muito investimento.
Segue carreira
Os ultimamente esquecidos modos carreira, de atleta e de treinador, finalmente recebem um pouco mais de atenção da EA.
Quem gosta de controlar os técnicos pode escolher um modo de jogar fundamental do time, como o já infame tiki taka de toques rápidos ou a mega pressão avançada sobre os adversários.
Os treinamentos também recebem um atualização que os tornam um pouco mais específicos mas ao mesmo tempo mais simples. É bizarro, mas funciona.
Já o jovem futebolista ganha a orientação de um agente, que o ajuda a seguir o melhor caminho para atingir seus objetivos como profissional.
‘FC 24’
Divulgação
A implementação do sistema PlayStyles, que dá a atletas fenomenais grandes habilidades específicas, serve para o game inteiro, mas aumenta ainda mais a personalização dos jogadores criados.
Inteligência burra e gritos estranhos
A busca pela evolução constante às vezes resulta em alguns passos para trás também. A inteligência artificial que controla adversários e companheiros de equipe parece mais burra que a de “Fifa 23”.
É normal se desesperar com ações artificiais e com falta de malícia em demasia por parte da máquina, mas em “FC 24” os momentos em que um atacante se desloca para o meio do caminho do que carrega a bola (por exemplo) parecem ainda mais abundantes.
Outro ponto quase cômico da nova edição é o esforço para colocar o público dentro do campo. De fato, é provavelmente o único aspecto em que o game vai conseguir superar a emoção de uma partida real.
Algumas vezes, a tentativa meio que dá certo, como acompanhar, por trás do ponto de vista do árbitro, enquanto ele puxa um cartão vermelho ou então marca com o spray o ponto em que a bola deve ficar na cobrança de uma falta.
Outras são tão mal-feitas que parecem ser intencionais. Isso acontece principalmente nas comemorações de gols, quando os jogadores pulam e se abraçam. A câmera se aproxima, como sempre, mas no fundo dá para ouvir uns gritinhos meio empolgados que parecem sobra de alguma gravação mal equalizada que deveria pertencer à torcida.
A princípio, passaria como um erro. Com a repetição, no entanto, é possível reparar que eles meio que se encaixam com movimentação das bocas dos jogadores – algo que torna um dos momentos mais emocionantes do esporte em uns gritos adolescentes meio tímidos que de alguma forma abafam a celebração da torcida.
Como tem sido há pelo menos uns 5 anos, “FC 24” é uma boa nova edição, evolui e explora bem os avanços tecnológicos, comete alguns deslizes e, no fim, acima de tudo, não justifica lançamentos anuais que custam centenas de reais aos usuários.

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