Filólogo vai ocupar a cadeira número 8, que era a da escritora Cleonice Berardinnelli. Cartunista poderá concorrer em outra oportunidade. Filólogo e escritor Ricardo Cavaliere é o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras
O filólogo Ricardo Cavaliere, de 69 anos, foi eleito na tarde desta quinta-feira para a cadeira número oito da Academia Brasileira de Letras, que era a da escritora Cleonice Berardinnelli, morta em janeiro. Também concorria o cartunista e empresário Mauricio de Souza.
Cavaliere, de 69 anos, foi eleito por 35 votos a 2. Um “imortal” votou em branco. Em casa, ele comemorou o resultado da eleição. “Todos nós que temos uma trajetória de vida dedicada à pesquisa e ao ensino dentro das letras, que resultam no ingresso na Academia Brasileira de Letras, claro que nos sentimos muito felizes, realizados e dispostos a trabalhar mais ainda dentro da nossa profissão”.
A candidatura para a vaga foi marcada por uma polêmica do jornalista James Akel, que também tentava ocupar a cadeira com Mauricio de Sousa. Em entrevista à “Veja”, James afirmou que “gibi não é literatura”. Ao g1, o cartunista disse que não ficou abalado com a crítica. “Fiquei até assustado com a dimensão que tomou pela repercussão positiva. Significa que não errei tanto”, afirmou. No fim, nenhum dos dois foi eleito.
O cartunista poderá concorrer em outras oportunidades – o próprio Cavaliere participou de outra eleição.
“Quero parabenizar o novo acadêmico Ricardo Cavalieri por sua entrada na ABL. Nesse processo, todos que amam quadrinhos, eu incluído, ganhamos quando tanto se discutiu sobre a importância dos quadrinhos, seu papel fundamental na formação de leitores e como eles podem contribuir, de diversas formas, com a literatura. Agradeço de coração os apoios que recebi nesta campanha e aos que me honraram com seu voto, acreditando na minha proposta para a ABL. Continuarei nesta ideia de trabalhar e aprender com os acadêmicos, assim como vem acontecendo na Academia Paulista de Letras”, escreveu Mauricio, após a eleição de Cavaliere (Veja o vídeo abaixo)
‘Agradeço o apoio e os votos’, diz Maurício de Sousa em vídeo
Trajetória
Ricardo Cavaliere possui graduação em Letras (Português/Inglês) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (1975), mestrado em Língua Portuguesa (Letras Vernáculas) pela UFRJ (1990), e doutorado em Língua Portuguesa (Letras Vernáculas), pela UFRJ (1997). Também possui graduação em Direito pela mesma universidade (1996).
Fez estágio de pós-doutorado em História da Gramática no Brasil, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, sob supervisão do Acadêmico ocupante da Cadeira no 33, rofessor e filólogo, Evanildo Bechara. Tem experiência na área de Letras e Linguística, com ênfase na descrição do português e na historiografia dos estudos linguísticos. Dentre suas obras, destacam-se: “Fonologia e morfologia na gramática científica brasileira” e “Pontos essenciais em fonética e fonologia”. Atualmente é professor aposentado da Universidade Federal Fluminense, onde atua no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem.
O filólogo é membro da Academia Brasileira de Filologia, do Conselho Editorial da Editora Lexikon e da Editora Lucerna. Também é membro da Revista Todas as Letras e diretor da Revista Confluência.
Também possui experiência como conselheiro no Real Gabinete Português de Leitura, que lhe conferiu o título de Grande Benemérito. Foi, ainda, conselheiro do Liceu Literário Português. É membro de diversas associações nacionais e internacionais em sua área de investigação, entre elas a Société de Linguistique Romane, a Henry Sweet Society for the History of Linguistic Ideas e a Associação Brasileira de Linguística.
É autor de mais de uma centena de trabalhos acadêmicos em sua especialidade, entre eles “Palavras denotativas e termos afins: uma visão argumentativa” (2009) e “A gramática no Brasil: ideias, percursos e parâmetros” (2014). Dentre os prêmios obtidos, destacam-se a Medalha do Mérito Filológico da Academia Brasileira de Filologia (2018) e o Prêmio Celso Cunha da União Brasileira de Escritores (2015).
Ricardo Cavaliere supera Mauricio de Sousa e é eleito para a Academia Brasileira de Letras
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