Edson e Hudson reúnem astros do sertanejo em projeto para marcar novo momento sem problemas na carreira: ‘Erramos e aprendemos’


Dupla e parte das 12 participações do DVD gravado em São Paulo atenderam o g1 com exclusividade; assista aos vídeos. Irmãos passaram por problemas ao longo dos anos e chegaram a separar: ‘Falavam que a gente não voltaria’. Edson e Hudson falam ao g1 sobre novo projeto e carreira
Edson e Hudson escreveram, em 23 anos de carreira, um capítulo importante da história da música sertaneja, comandando uma espécie de transição entre o que se fazia nos anos 90 e a nova geração do segmento. A relevância pôde ser comprovada no novo projeto dos cantores, com um encontro raro entre grandes estrelas do gênero, como Chitãozinho e Xororó, Maiara e Maraisa, Gusttavo Lima e Simone Mendes, entre muitos outros, que reverenciaram a dupla em participações das 35 canções, entre regravações e inéditas.
A ode à trajetória de Edson e Hudson evidenciada pelas participações atesta o bom momento da carreira dos irmãos. No entanto, nem sempre foi dessa forma. Em entrevista exclusiva ao g1, que esteve na gravação em São Paulo entre quarta (3) e quinta-feira (4), Edson e Hudson detalharam a concepção do novo projeto e fizeram questão de ressaltar a fase mais tranquila e madura que vivem depois de turbulências que foram de dependência química à infecção grave por Covid, além de um período em que ficaram separados. [veja os principais trechos no vídeo acima]
“Hoje estamos mais fortes, mais centrados, menos bobos, muito mais com a razão do que o coração. Eu e o Edson hoje não somos só irmãos, mas somos grandes amigos, a gente consulta um ao outro porque a gente errou muito na vida e aprendemos, a gente não erra mais. Erra, mas não daquele jeito que a gente errava. Hoje é o amor em primeiro lugar, depois o profissionalismo, e depois a tolerância”, revelou Hudson.
“Nós nunca deixamos de agradecer a Deus. Foram momentos muito difíceis. Muita gente duvidava, falava que a gente não ia conseguir voltar, porque realmente é difícil quando separa uma dupla e depois volta. Primeiro porque se a gente para de cantar ia ter que arrumar um emprego na prefeitura. Se bem que não temos escola para isso não, nem no concurso público a gente passava”, brincou Edson.
Edson e Hudson gravaram novo projeto em São Paulo
Luka Godoy/Perhaps
Huelinton Cadorini Silva e Udson Cadorini Silva nasceram e foram criados em Limeira (SP), onde Hudson mora até hoje. Edson também permanece na região de Campinas (SP), mas em Indaiatuba (SP). Criados pelo pai por terem perdido a mãe muito cedo, os dois tiveram uma infância e adolescência difícil e começaram a cantar aos 5 e 7 anos, respectivamente.
Já com a carreira consolidada, as dificuldades ganharam novo patamar. Em 2009, depois de viver um auge no início da década, principalmente por conta do estouro de hits como “Azul”, “Te quero pra mim” e “Deixa eu te amar”, os irmãos anunciaram a separação, retornando apenas em 2011.
Edson e Hudson durante gravação de novo projeto
Luka Godoy/Perhaps
Depois, em 2014, Hudson ainda passou sete meses internado em uma clínica de reabilitação para tratar o vício em drogas. Já em 2021, Edson ficou 13 dias hospitalizado com Covid-19 em estado grave e chegou a pedir para não ser intubado por causa da preocupação com a voz. À época, ele detalhou tudo ao g1.
Depois de enfrentar os problemas, a forma de enxergar as coisas, inclusive os próprios conflitos para gerenciar a carreira, é muito diferente. “A gente descobriu que a gente se ama e descobriu que para a coisa dar certo tem que respeitar muito a opinião, mesmo que ela não seja válida, mas no primeiro momento você tem que dar uma atenção, analisar, para concordar ou não com ela”, pontuou Hudson.
“Quando chegou a vida adulta a gente não entendia de nada, não sabia de nada, e as pessoas acabaram se aproveitando disso. Mas agora a gente tá esperto, deu a volta por cima”, completou Edson.
‘Foi Deus’
Estrelas do sertanejo falam ao g1 sobre participação no DVD de Edson e Hudson
Para marcar uma das melhores fases da caminhada, o DVD “Foi Deus”, nome de um dos maiores clássicos dos cantores, gravado no Espaço Unimed, na capital paulista, teve um planejamento grandioso. Foram 12 convidados, sendo que a maioria cantou três músicas. O g1 conversou com parte deles nos bastidores da apresentação e registrou trechos do show. [confira o resultado no vídeo acima e algumas declarações abaixo]
O repertório foi dividido entre faixas inéditas, regravações da própria dupla e uma revisita ao repertório dos artistas que fizeram as participações. A proposta foi homenagear uma geração mais recente da música sertaneja, regravando canções que estouraram no fim da década de 2000 e início da de 2010, com exceção do convite a Chitãozinho e Xororó.
“Eu e o Hudson a gente sempre teve o sonho de prestar uma homenagem ao novo sertanejo porque o Gusttavo Lima, Maiara e Maraisa, essas pessoas que estavam aí, furaram muitas barreiras que outros artistas, inclusive a gente, não furaram. Então a gente queria entrar na vibe dessa galera mais jovem, ser perder a essência de Edson Hudson”, explicou Edson.
Reverenciados
A “exceção” entre a nova geração foi justamente a primeira participação do DVD. Chitãozinho e Xororó, que têm uma relação muito próxima com Edson e Hudson, fizeram versões de “Alô” e “Porta Retrato”, sucesso das duas duplas, respectivamente, além da inédita “Tempestade”, composta por Xororó. Apesar da amizade, foi a primeira vez que os quatro cantaram juntos em um palco. Antes, apenas Edson havia cantado com os artistas.
“Muito legal poder viver esse momento os quatro no palco, a gente como amigos tem uma experiência muito legal em todos esses anos e eles ensinam muita coisa boa a muita gente”, disse Chitãozinho. “O Edson me socorreu no Amigos, um show muito importante nosso, quando eu estava com Covid. E eu sabia que ele sabia nosso repertório inteiro e o que não soubesse iria estudar, então foi maravilhoso dividir o palco com eles”, afirmou Xororó ao g1.
Maiara e Maraisa e Edson e Hudson
Luka Godoy/Perhaps
Maiara e Maraisa estavam muito emocionadas quando saíram do palco por terem cantado, entre outras canções, “Caso Indefinido”, composição delas que ficou nacionalmente conhecida na voz de Cristiano Araújo, morto em um acidente de carro em 2015.
“Caso Indefinido é muito importante para nós como compositoras. A escolha de repertório que eles fizeram é de altíssimo nível. Foi um presentaço para a gente como mulheres estar represantando as mulheres nesse DVD do Edson e Hudson”, revelou Maraisa. “O dia é deles, mas eu precisava de um dia assim também. Eu só tenho a agradecer a Deus e a eles pela oportunidade”, finalizou Maiara.
Murilo Huff sempre fez questão de dizer que sua principal referência na música são Edson e Hudson. O artista inclusive já fez versões de várias canções da dupla em seu projeto de regravações, “Ao Vivão”, que já está no terceiro volume. À reportagem, o músico afirmou que a participação foi um dos dias mais felizes da vida dele. “Eles fizeram uma criança feliz”, contou.
Além de grandes estrelas da música sertaneja, a dupla também abriu espaço para algo que sempre gostaram de fazer: a revelação de novos artistas. Foi assim que o garoto Saulo Holz, que é deficiente visual, subiu ao palco ao lado dos cantores. Eles se conheceram no camarim de um programa de TV e Edson e Hudson se encantaram com o fã mirim, que dá os primeiros passos na carreira. “Foi um divisor de águas para mim”, disse o menino.
Chitãozinho e Xororó e Edson e Hudson
Luka Godoy/Perhaps
Outra dupla muito apoiada por Edson e Hudson desde o início da carreira é Guilherme e Benuto. Os dois cantores, que antes formavam o trio Vila Bagagge, foram incentivados por Edson a seguirem a carreira. Além disso, o cantor participou do primeiro DVD dos artistas, quando eles ainda não haviam ganhado projeção nacional.
A ideia de Edson e Hudson foi justamente revisitar alguns sucessos dos artistas mais jovens que participaram do DVD. Uma das regravações foi “Suite 14”, ao lado de Henrique e Diego, que explodiram no Brasil em 2015. “Hoje poder cantar uma música que mudou nossa vida, cantar uma música deles e gravar uma música inédita foi uma zerada de game enorme”, falou Diego.
Hits mais recentes da nova geração também foram lembrados, como “Oi, Deus”, de Hugo e Guilherme, que chegaram ao topo da música sertaneja no ano passado. A dupla também se emocionou durante a participação.
“Quando o Edson me falou que íamos cantar uma música nossa eu duvidei. E tem um tempo que ele fala para a gente que a música que ele mais gosta dos últimos tempos é ‘Oi,Deus’. A ideia já veio pronta e a gente só acatou. É igual decisão de pai e mãe, a gente não fala nada”, brincou Hugo ao g1.
Um dos momentos mais esperados do projeto era o reencontro proporcionado por Edson e Hudson de Hugo Pena e Gabriel, que não cantavam juntos há dez anos. Os artistas fizeram muito sucesso no fim da década de 2000, no auge do sertanejo universitário, com músicas como “Mala Pronta”, “Robin Hood da Paixão” e “Cigana”. “A gente não podia falar não, temos uma relação muito próximas com eles, e foi muito bom, a galera ainda lembra de tudo”, disse Hugo Pena.
Gusttavo Lima e Edson e Hudson
Luka Godoy/Perhaps
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