Ao g1, popstar alemã diz que adoraria cantar com Anitta e Pabllo Vittar. Ela é atração do festival The Town e conta que fãs brasileiros a incentivaram a continuar cantando quando ela tinha 14 anos. Mesmo com 16 anos dedicados ao pop dançante, o 2023 de Kim Petras promete ao menos duas estreias. A cantora estará no Brasil pela primeira vez, em setembro, para show no festival The Town.
A primeira novidade veio nesta sexta-feira (22): “Feed the Beast” é o álbum de estreia de Kim, a primeira cantora trans a chegar ao topo da principal parada da revista “Billboard”. “Unholy”, dueto com Sam Smith, a fez ganhar o Grammy de Melhor Performance de Duo ou Grupo Pop.
A popstar alemã canta 15 músicas em pouco mais de 40 minutos. Ela conta que o álbum “é sobre fazer o que você mais tem medo, mas você sabe que tem que fazer”. “Pra mim, isso é fazer as maiores e mais ridículas canções pop. Agora, eu posso fazer o que eu estava com um pouco de medo de fazer antes”, ela confessa ao g1, em entrevista por videoconferência.
Nesta estreia, a cantora de 30 anos trabalha com um time formado por alguns dos maiores produtores de música pop de hoje, incluindo Dr. Luke (Katy Perry), Cirkut (Maroon 5) e Max Martin, recordista de canções número um na parada americana.
A cantora alemã Kim Petras
Divulgação/Universal
Antes de confirmar a vinda ao Brasil, Kim Petras já havia notado a paixão dos fãs daqui. A frase “Please come to Brazil”, tão usada por fãs de música pop locais, era onipresente nos comentários das redes sociais dela. “Este costumava ser o único comentário que eu recebia quando tinha uns 14 anos e estava começando a carreira.”
O primeiro single do álbum, “Alone”, tem participação de Nicki Minaj e sample de “Better Off Alone”. A canção é construída a partir da batida deste megahit eurodance gravado pelo grupo holandês Alice Deejay, em 1999. Como sempre, Kim Petras quer dançar e fazer dançar.
“É uma das minhas músicas favoritas de todos os tempos. Tenho muitas lembranças das boates na Alemanha, onde eu cresci. Eu estava completamente bêbada quando tocava essa música. É um momento do qual tenho certa vergonha, mas também é nessas horas que você se diverte de verdade.”
Veja abaixo a entrevista de Kim Petras ao g1:
g1 – Você já lançou singles, EPs, clipes, mas este é seu primeiro álbum? Como você está se sentindo, agora que finalmente tem um álbum oficial de estreia?
Kim Petras – Eu me sinto muito animada. Sinto que finalmente fiz um álbum por uma grande gravadora pela primeira vez na vida. Eu pude viajar até os estúdios que queria e trabalhar com pessoas diferentes na Suécia, em Londres. Tudo isso foi muito legal. Então, eu estou empolgada demais e acho que é o primeiro álbum oficial perfeito para mim.
“Feed the beast” é sobre fazer o que você mais tem medo, mas você sabe que tem que fazer. Pra mim, isso é fazer as maiores e mais ridículas canções pop. Agora, eu posso fazer o que eu estava com um pouco de medo de fazer antes. Estou tão empolgada com tudo isso!
g1 – Seus fãs também estão empolgados por que você vem ao Brasil. Você já deve ter lido muito a frase “Please, come to Brazil” nas suas redes sociais, né? Como é seu contato com os fãs brasileiros?
Kim Petras – Sim, já ouvi muito. [risos] Este costumava ser o único comentário que eu recebia quando tinha uns 14 anos e estava começando a carreira. Eu pensava: “Uau, eu tenho que ir para o Brasil o mais rápido possível”. O Brasil me incentivou muito a continuar cantando, principalmente quando eu era uma artista pequena. Eu já tinha alguns fãs no Brasil que estavam me implorando para ir e finalmente é hora de ir. O meu objetivo é conhecer o maior número possível desses fãs. Quero conhecer todos eles e tirar fotos. Honestamente, tenho implorado a todo mundo da minha equipe para ir ao Brasil. É emocionante demais e sou muito grata aos brasileiros. Não existe um fã-clube tão apaixonado como o brasileiro. É incrível.
Kim Petras e Nicki Minaj cantam juntas ‘Alone’
Divulgação/Universal Music
g1 – Sim, o fandom daqui costuma ser muito intenso [ela concorda]. Falando sobre o álbum: como você teve a ideia de criar uma música a partir de “Better Off Alone”?
Kim Petras – Hmmmm… é uma das minhas músicas favoritas de todos os tempos. Tenho muitas lembranças das boates na Alemanha, onde eu cresci. Eu estava completamente bêbada quando tocava essa música. É um momento do qual tenho certa vergonha, mas também é nessas horas que você se diverte de verdade.
Essa música é um dos meus hits preferidos para dançar, tem uma das minhas batidas favoritas. Nós meio que crescemos ouvindo essa música, sabe? Escrevi o refrão baseado e o som ficou bom. Aconteceu muito naturalmente: essa ideia de fazer uma batida a partir de “Better Off Alone”. Ainda bem que o sample foi liberado para uso e a Nikki [Minaj] topou participar na hora.
g1 – Quem é mais jovem conhece essa música como a trilha de um meme, não como um hit dançante. Então, é como se você estivesse apresentando uma nova finalidade para essa música. Agora eles podem dançar, não só ficar dando risada do meme, né?
Kim Petras – Sim, sim, é totalmente isso que está acontecendo. Eu acho que esses memes são uma parte da cultura pop, sabe? Eu sou uma grande fã de memes e acho que a música pop tem essa função de capturar um momento. Eu com certeza ouço muita música que é usada em trilha de memes…
Kim Petras no tapete vermelho do MTV EMA 2021
Vianney Le Caer/Invision/AP
g1 – Não sei se isso é uma viagem da minha cabeça, se eu estou louco, ou se “Claws” tem um trecho do refrão de “Zombie”, do Cranberries?
Kim Petras – Não, que eu saiba não tem não. Mas você não é louco por ter notado isso. Talvez exista algo, mas definitivamente não é intencional… Hmmm… mas acho que entendi, sabe? É aquele “In my head, in my head, head, head”. Essa parte, né? Ai meu Deus! Sim, sim, entendi. É que tem um sintetizador alemão que a gente adora manipular e distorcer a voz. Tem alguma semelhança melódica, mas acho que não o suficiente para nos causar problemas. Então…
g1 – Espero que não mesmo! “King of Hearts” é uma das minhas favoritas. Eu imaginei amigas na balada se abraçando e gritando essa música, tipo a cena da série “Girls” com “I love it” [música do Icona Pop com Charli XCX]. Você concorda que tem essa pegada?
Kim Petras – Obrigado por dizer isso. E com certeza essa música tem uma das minhas vibes preferidas, levando em conta toda minha carreira. Eu andava muito obcecada com o Kaskade [DJ americano], sabe? Eu não sei se você conhece, porque toda vez que eu ouço tenho esse sentimento. Então, eu estava tentando fazer algo assim. Mas eu amo a Charli. Ela é uma das minhas popstars favoritas de todos os tempos, porque ela é tão ela mesma e espero que essa música seja tão boa quanto “I love it”. Eu amo essa música.
g1 – Voltando aos fãs. Imagino que você tenha muito contato com pessoas trans que te agradecem por toda a visibilidade que você dá para a comunidade trans. Afinal, é importante você ganhar um Grammy e ter uma música no topo das paradas. Como é esse contato?
Kim Petras – Eu tenho muitas pessoas das quais sou amiga que me mandam mensagens de fãs que se conectaram a mim e que eu adoro. Essas pessoas sempre fazem parte da minha vida e sou muito grata por todos e todas.
“É realmente importante deixar a comunidade trans orgulhosa de mim, porque como sou uma das pessoas mais visíveis. Sou grata por representar uma comunidade tão incrível. Então, sim, fico emocionada só de ouvir as histórias e lutas. Quero fazer tudo o que puder por eles.”
Sam Smith e Kim Petras lançaram juntos ‘Unholy’, primeiro hit com uma cantora trans a chegar ao topo das paradas
Divulgação/Universal
g1 – Às vezes, parece que as músicas dançantes estão sendo criadas para dançar no TikTok e não para as pistas de dança. Você concorda que isso tem acontecido e que talvez se devesse pensar mais em coreografias para dançar na vida com seus amigos… não essas coreografias meio contidas que caibam em uma tela?
Kim Petras – Sim, sim… entendi. Quero dizer, pensar assim funciona para algumas pessoas que realmente estão fazendo coreografias pensadas para o TikTok. Eu não quero julgar: pode ser incrível, se você gostar disso. Mas eu, definitivamente, ainda faço músicas que quero ouvir em boates que eu frequento na minha vida. Na real, eu não penso nas redes sociais na hora de escrever, mas claro que é bom quando as pessoas têm vontade naturalmente de criar vídeos dançando as suas músicas. Isso é incrível. Mas acho que, em geral, apenas faço a música que quero fazer e torço pelo melhor para ela.
O TikTok é um lugar incrível para encontrar novas músicas que você nunca ouviu. Eu já encontrei músicas lá que eu nunca teria achado. Então, tem essa questão cultural, sabe? Eu sempre fico feliz quando as pessoas usam minha música para memes, quando fãs fazem posts com minha música ou qualquer coisa assim. É a melhor forma de eu me conectar com cada vez mais gente. Eu só quero ouvir a minha música, onde quer que seja.
g1 – Para terminar, o que você sabe sobre as popstars brasileiras?
Kim Petras – Sou uma grande fã da Anitta e acho que “Envolver” é uma das minhas músicas favoritas. Hmmm… Eu me sentei do lado dela no Met Gala e ficamos conversando sobre fazer uma música juntas. Agora, ela assinou com a mesma gravadora que eu estou. Eu quero tanto fazer uma música com ela e eu já ouvi tanta coisa legal do funk brasileiro e tudo mais. Ah, e eu quero conhecer e a Pabllo Vittar. Ela é uma pessoa incrível e com quem gostaria muito de colaborar, mas nós duas estamos sempre ocupadas e é difícil de manter contato, mas nós vamos fazer isso acontecer. Tenho certeza disso. Eu adoro a Pabllo. Fico tão orgulhosa de como a Pabllo representa tantas coisas incríveis. Então, ambas são absolutamente icônicas e eu fico ouvindo as músicas delas o tempo todo.
Angélique Kidjo e Kim Petras se apresentam no The Town
Kim Petras, 1ª cantora trans no topo das paradas, lança álbum: ‘É sobre fazer o que você tem medo’
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