
Dados da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) apontam que o vírus está por trás de até 60% das pneumonias em crianças menores de dois anos. A bronquiolite é uma das principais causas de morte em bebês saudáveis e a maior responsável por hospitalizações infantis no Brasil. Dados da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) apontam que o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) está por trás de 80% dos casos da doença e de até 60% das pneumonias em crianças menores de dois anos. A estimativa é que uma em cada cinco crianças infectadas pelo VSR precise de atendimento ambulatorial e uma em cada 50 seja hospitalizada no primeiro ano de vida. Entre 2018 e 2024, o país registrou mais de 80 mil internações de bebês prematuros devido a complicações do vírus causador da bronquiolite.
A bronquiolite é uma infecção viral que acomete os bronquíolos, que são pequenos tubos responsáveis por levar o ar dos brônquios até os alvéolos pulmonares. A inflamação causada pela doença leva ao acúmulo de secreção nesses canais, dificultando a respiração, especialmente em bebês.
“No bebê, essa inflamação é pior porque a via aérea dele é menorzinha, ainda imatura, não tem todos os alvéolos formados, não tem uma caixa torácica bem desenvolvida, tudo é muito fininho, então qualquer secreção dentro causa uma obstrução, que evolui para sintomas mais importantes”, explica o dr. Ramon Nunes (CRM/PI 5271), pediatra e diretor do Hospital Prontomed Infantil, do grupo Med Imagem.
Os primeiros sinais da bronquiolite costumam ser semelhantes a um resfriado comum, como nariz escorrendo, tosse e febre baixa. Porém, ao contrário de um resfriado, a partir do segundo ou terceiro dia, a criança pode piorar, apresentando dificuldade para respirar, cansaço e o característico “peito chiando”, um sintoma frequentemente relatado pelos pais. “Como se trata de uma doença viral, não há um tratamento específico como ocorre, por exemplo, com infecções bacterianas tratadas com antibióticos. O monitoramento dos sintomas é essencial para evitar complicações, sendo necessário procurar atendimento médico caso haja piora na respiração”, esclarece o especialista.
A bronquiolite é considerada uma doença sazonal, com maior incidência no início do ano. O período de volta às aulas favorece a disseminação do vírus, já que crianças mais velhas podem trazer o agente infeccioso da escola para casa, expondo bebês menores. Além disso, o clima chuvoso também cria um ambiente propício para a propagação do vírus.
“Embora a maioria dos casos possa ser monitorada em casa, cerca de 20% das crianças acometidas necessitam de atendimento médico ou hospitalar, especialmente quando há queda na saturação de oxigênio. A melhor forma de proteção contra a bronquiolite é a adoção de medidas preventivas, como a higienização frequente das mãos e evitar contato com pessoas gripadas”, pontua o médico.
Recentemente, novas estratégias de prevenção foram incorporadas ao SUS. Uma delas é a vacina para bronquiolite, aplicada em gestantes para proteger os bebês contra a doença até os seis meses de vida. Além disso, o Nirsevimabe, um anticorpo monoclonal, agora está disponível para oferecer proteção adicional contra a bronquiolite e pneumonias em bebês e crianças.
“Apesar de termos essas estratégias de prevenção, a principal delas ainda se refere a medidas de higiene e proteção. Bebês que desenvolvem a doença podem ter maior propensão a problemas pulmonares crônicos no futuro”, reforça o dr. Ramon Nunes.