‘Muito tiro’: relata liderança indígena Parakanã sobre ataque na TI Apyterewa, no PA


Indígenas denunciaram ataque de pistoleiros na Terra Indígena (TI), que fica em São Félix do Xingu, no sudoeste do estado. Um documento enviado à PF, pelo Ministério Público Federal (MPF), na última na sexta-feira (21), mostra relatos do ataque de pistoleiros na Terra Indígena Apyterewa, em São Félix do Xingu, no sudoeste do Pará.
Os indígenas da etnia Parakanã, da aldeia Tekatawa, foram atacados na madrugada de quarta-feira (19). Segundo o documento, ninguém se feriu.
Indígenas denunciam ataque de pistoleiros armados com metralhadoras no Pará.
Reprodução
O ofício enviado pelo MPF traz a transcrição de áudios sobre o ataque armado e solicita que os relatos sejam juntados ao inquérito policial já existente na PF sobre o assunto.
“Muito tiro, muito tiro, muito tiro. Então eu tô com muita mulherada aqui, muita criança, muito idoso”, diz uma das transcrições.
Quem descreve o ataque a tiros é uma das lideranças da aldeia, que afirma que a situação não está fácil para os indígenas Parakanã.
“Foi às duas horas da madrugada. Foi muito tiro de 12, pistola, carabina, rifle 44, todo tipo de arma”, descreve.
No documento, a liderança diz que já é o segundo ataque a tiros na comunidade indígena desde 2024.
“Tem que prender essa pessoa, porque já é segunda vez que tá acontecendo aqui. Tiroteio pesado aqui na aldeia Tekatawa. Eu tô mandando mensagem para todos os órgãos”.
A transcrição dos áudios encaminhados pelo MPF à PF expõe o medo que a comunidade está de um possível novo ataque armado.
“Eu preciso tirar o pessoal lá de hoje para amanhã, que eu tô muito preocupado. Já mandaram recado novamente, de novo: vai voltar de novo para atacar de novo”.
Sobre o caso, o MPF informou pediu para a Polícia Federal (PF) investigar estas mais recentes denúncias de tiroteios. A solicitação é que essas investigações sejam feitas como parte de um inquérito já em andamento, aberto depois de denúncias de tiroteios anteriores.
Ataque a indígenas da TI Apyterewa, no Pará, é destaque no g1 com Taymã Carneiro
Ataques
Os relatos apontam que os ataques ocorrem na área onde havia uma ponte, usada pelos invasores do território dos Parakanã.
Segundo os indígenas, os pistoleiros agem sob comando de fazendeiros e temem pela segurança já que na comunidade vivem também crianças e idosos.
Em nota, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil afirma que “o povo está muito abalado e com grande medo de que os ataques continuem”.
Os Parakanã vivem na TI Apyterewa, que já passou por operação de desintrusão pelo governo federal. A TI tem 773 mil hectares e fica localizada no município de São Félix do Xingu, no sudoeste do Pará. Já esteve entre as terras indígenas mais desmatadas do país.
Terras sob ameaça
A TI Apyterewa teve o maior desmatamento do país por 4 anos consecutivos e perdeu área maior do que Fortaleza. Imagens de satélite mostram a devastação entre 2020 e 2022 e foram expostas em estudo do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
A área de preservação indígena foi homologada por decreto em 2007, reservando 773 mil hectares ao povo Parakanã. O território fica dentro do município de São Félix do Xingu, no sudeste do Pará.
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