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No Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo, conheça histórias de pacientes que lutam contra o vício.
Campinas tem 1,9 mil pacientes em tratamento contra dependência de álcool e drogas; ‘Cheguei a revirar o lixo’
Reprodução EPTV
Campinas (SP) tem 1.924 pacientes passando por tratamento contra o vício de álcool e outras drogas. São moradores que tiveram a vida impactada pela dependência da bebida e de entorpecentes.
“Cheguei a revirar lixo, comer comida do lixo, mesmo tendo uma família que poderia me ajudar”, contou um paciente que não quis ser identificado
Nesta quinta-feira (20) é celebrado o Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo, data que tem como objetivo conscientizar a população sobre os danos causados pelo consumo de álcool e drogas.
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Em Campinas, os Centros de Atenção Psicossocial Álcool Drogas (Caps – AD) são unidades da rede pública de saúde voltadas para pacientes que querem deixar o álcool e as drogas – veja endereços abaixo.
Segundo a Secretaria de Saúde, o número de pacientes em tratamento em janeiro de 2025 acompanha a média verificada por mês nos últimos cinco anos. Veja o histórico:
Reconstruindo vidas
Em processo de reconhecer e lutar contra o vício, pacientes de uma instituição de acolhimento compartilham suas histórias sobre os impactos da dependência. Eles pediram para não serem identificados.
Para facilitar a identificação de cada um, eles serão chamados pelos nomes fictícios de Miguel, Flávio e Bernardo.
Vício em Crack
Miguel contou que se arrepende muito de ter começado a usar drogas e vive a luta para se recuperar do vício em crack.
Ele garante que nunca fez uso de violência para suprir o vício e vendia balas no sinal ou trabalhava em pequenas feiras para conseguir dinheiro.
“Já aconteceu de eu ir comprar drogas chorando, sem querer usar, mas sem conseguir evitar”, diz
Ele lembra que foi a memória da família que o fez buscar ajuda e tem na religiosidade uma forma para encontrar forças. Atualmente, diz que pretende reconquistar a confiança da mãe, da esposa e o convívio com as filhas.
“Conquistar a dignidade de poder andar na rua de cabeça erguida e poder trabalhar” , fala.
Campinas tem 1,9 mil pacientes em tratamento contra dependência de álcool e drogas; ‘Cheguei a revirar o lixo’
Reprodução EPTV
‘Daí passei a comprar litro’
Flávio foi despedido junto a mais de 5 mil pessoas do hospital em que trabalhava no meio da pandemia. E enquanto outros membros da família estavam trabalhando, ele ficava sozinho em casa. Começou a beber, logo aumentou a dose e passou a tomar bebidas mais fortes.
“Eu estava tomando a dose na padaria, estava me lascando o bolso, estava R$ 70. E uma dose ou duas não fazia mais efeito. Você que ver aquela brisa. Daí passei a comprar litro. Eu tinha vergonha de ir na padaria comprar um litro e vir com ele na mão, então eu pagava alguém para comprar para mim”, lembra.
Ele falou que passou a não se reconhecer mais e “não queria deixar os filhos sofrerem”, então começou a frequentar um centro de reabilitação onde está há quase seis meses.
“Eu não posso deixar isso estragar minha vida e nem da minha família […] eu não quero ver eles chorarem por minha causa, eu já fiz chorar, então não quero isso”, comenta.
‘Tomar apenas uma dose’ é só o começo
Para Bernardo, o álcool é a droga mais perigosa que existe. Ele tem 59 anos e avisa que a história de ‘tomar apenas uma dose’ é só o começo. Os erros cometidos sob o efeito do álcool ainda o assombram.
Ele conta que começou a perceber que tinha problemas com a bebida pelas brigas que se tornaram cada vez mais frequentes com a esposa. “E eu vi que estava chegando a hora de parar”.
Ele contou que um dos grandes arrependimentos que teve foi se envolver em um acidente enquanto estava bêbado. Bernardo lembra que bateu em um carro tão forte que acabou arrancado a lateral do outro veículo.
Outro arrependimento que conta foi voltar a beber depois de ter passado pelo tratamento na primeira vez.
“Você não consegue ficar só com uma dose”, afirma.
Campinas tem 1,9 mil pacientes em tratamento contra dependência de álcool e drogas; ‘Cheguei a revirar o lixo’
Reprodução EPTV
Unidades CAPS
Campinas possui 14 unidades de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), sendo quatro voltados a atendimento para dependentes de álcool e drogas. São eles:
CAPS AD III Sul Independência
Endereço: Rua Madre Mariana de Jesus de Souza Leite, 487 – Jardim Dom Vieira
Atendimento: 24 horas e administrativo de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h
CAPS AD III Leste Reviver
Endereço: Rua Padre Domingos Giovanini, 95 – Parque Taquaral
Atendimento: 24 horas e administrativo de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h
CAPS AD Sudoeste
Endereço: Avenida Prefeito Faria Lima, 560 – Parque Itália
Atendimento: Segunda a sexta-feira, das 8h às 18h
CAPS AD III Noroeste “Antonio Orlando”
Endereço: Rua Ferdinando Panattoni, 1.040 – Jardim Paulicéia
Atendimento: 24 horas e administrativo de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h
A Secretaria de Saúde possui um consultório de rua em Campinas, serviço criado há 12 anos que funciona de forma itinerante. Ele é direcionado à população em situação de rua e tem realizado média de 800 atendimentos por mês.
Os dependentes e familiares podem procurar a Coordenadoria de Prevenção às Drogas, que fica na Rua Barreto Leme, 1.550, ao lado da prefeitura de Campinas, estacionamento externo do Hospital Irmãos Penteado.
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