![](https://s2-g1.glbimg.com/B4y2H14cn6fqkt2zTrLng6qI-dQ=/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/D/I/GoLqguRT68Z3YNcfw8Hg/captura-de-tela-2025-01-28-180820.png)
Além dela, outras duas mulheres foram vítimas de violência doméstica no município. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública, os casos de feminicídio no interior de São Paulo aumentaram 14% entre 2023 e 2024. Criação da sala lilas na Polícia Civil oferece apoio as vítimas. Casos de feminicídio aumentaram 14% no interior de SP, aponta pesquisa
Os casos de feminicídio aumentaram 14%, entre 2023 e 2024, no interior do estado de São Paulo, conforme dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP). A filha de Neuza Fogaça de Jesus, morta pelo companheiro, em Boituva (SP), em fevereiro de 2024, faz parte dessa triste estatística.
📲 Participe do canal do g1 Itapetininga e Região no WhatsApp
“O pior é as crianças quererem a mãe e eu não saber o que falar… O menor, que era grudado com ela, fala: ‘Cadê minha mãe?’. E o mais velho não fala nada”, conta Neuza, emocionada.
Na época, a Polícia Civil informou que o crime aconteceu na residência da vítima, Kelli Vanessa Spizzica, de 28 anos, que havia se divorciado do homem, mas estava tentando se reconciliar com ele.
Sala Lilás é um espaço onde as vítimas de violência doméstica e abuso sexual podem se sentir mais seguras e acolhidas ao denunciar os casos à polícia
Reprodução/TV TEM
Em 2023, foram registrados 138 casos de feminicídio no interior, enquanto em 2024 foram 157, segundo os dados de violência contra mulher da SSP. Já no estado de São Paulo, ao todo, foram 221 casos de feminicídio em 2023, e 250 casos em 2024, diferença de 13% de um ano para o outro.
“Ela estava recebendo ameaça dele. Ela tinha largado dele, mas ele começou a ir até a porta do apartamento dela, com a faca, falando que ia matar ela se ela não voltasse, e, aí, ela voltou. Passou uns 20 dias e aconteceu isso”, relata a mãe da vítima.
Kelli Vanessa Spizzica foi morta a pauladas pelo ex-companheiro em Boituva (SP)
Reprodução
Kelli foi encontrada ainda com vida pela irmã e o cunhado, mas estava com diversos ferimentos na cabeça e sem os dentes. “Eu não sei se ela poderia ser salva, mas ela ficaria com bastante sequela, porque ele bateu com um pau na cabeça dela e estourou o crânio”, continua a mãe.
O homem, de 33 anos, foi preso no mesmo dia, ao confessar o crime depois que tentou fugir. “Eu queria que ele [o agressor] ficasse na cadeia para ele pagar. Isso não vai trazer ela de volta, mas pelo menos vai trazer um alívio”, completa.
Agressão a marretadas
Maria Nilza Ribeiro, de 52 anos, também foi vítima de violência doméstica em Boituva, há menos de seis meses, quando o ex-companheiro a agrediu com marretadas.
“Eu estava dormindo, acordei e fui até a sala achando que era o meu filho [que tinha chegado]. Foi quando eu recebi a marretada na cabeça, não deu tempo de nada”, conta.
Maria Nilza Ribeiro, de 52 anos, também foi vítima de violência doméstica
Reprodução/TV TEM
“Corri para o quarto, ele foi também e deu outra marretada. Eu desmaiei, não vi mais nada. As outras marretadas que ele meu deu, eu não vi”. Ao todo, Maria Nilza foi agredida dez vezes e precisou levar 38 pontos na cabeça devido aos ferimentos.
“Eu ando assustada, não consigo ficar sozinha na minha casa. Se meu filho sai, precisa alguém ficar comigo. Fiquei com sequela no nariz, estou tomando medicamento. Na testa tem um calombo e ainda tenho as manchas [das agressões] no meu rosto”, continua.
Maria Nilza foi agredida dez vezes e precisou levar 38 pontos na cabeça devido aos ferimentos
Reprodução
LEIA TAMBÉM:
Mulher morre ao ser agredida com marteladas em Piraju
Homem descumpre medida protetiva e ameaça ex-companheira em Itapeva
Homem é preso suspeito de atacar ex com facão em Angatuba
Homem que deixou esposa cega após bater nela com cinto deve responder por três crimes de tortura em Buri
Ameaças de morte
Outro caso de violência contra mulher, também em Boituva, foi vivenciado por Gabriela Alexio, de 28 anos.
“Em briga de marido e mulher não se mete só a colher, mas chama a polícia, pede pedida protetiva, porque, às vezes, a mulher não vai conseguir pedir ajuda por medo do que o parceiro ou ex-parceiro vai fazer. Cabe à sociedade fazer isso pela mulher”, diz.
Ela passou por agressão e ameças em janeiro de 2023, quando o empresário Lucas Veloso, filho do secretário de segurança de Cerquilho (SP) na época, tentou assassinar ela e a filha de dois anos.
“Ele conseguiu me afastar de todo mundo. Então, eu não conseguia chegar em alguém e falar o que estava acontecendo, não tinha essa opção, pois, na minha cabeça, ele parecia que estava certo”, relembra.
Suspeito danificou a porta da casa do vizinho que cedeu ajuda à vítima
Polícia Militar/Divulgação
“Eu só fui perceber quando teve a violência física. Na minha casa já não tinha mais faca e tesoura havia dois meses, pois ele ameaçava que iria matar a minha filha, que ia matar a gente, que eu era a culpada de tudo. [Ele fala isso] na frente de todo mundo”, conta.
De acordo com o boletim de ocorrência, a mulher foi acordada e encontrou o ex alcoolizado e sob efeito de drogas. Ao questioná-lo, o suspeito pegou uma tesoura e avançou em direção à mulher, ameaçando matar a mulher e a criança.
Elas conseguiram escapar ilesas e fugiram para pedir ajuda de vizinhos e acionar a polícia. Mãe e filha se abrigaram em uma residência próxima, enquanto o companheiro era contido por um homem que estava na rua.
A Justiça converteu para preventiva a prisão de Lucas Veloso após audiência de custódia, um dia depois da tentativa de feminicídio.
Polícia Civil de Cerquilho (SP) criou a Sala Lilás no fim de 2024
Reprodução/TV TEM
Sala Lilás
Para atender mulheres vítimas de violência doméstica e crianças e adolescentes que sofrem abusos e maus-tratos, a Polícia Civil de Cerquilho (SP) criou a Sala Lilás, no fim de 2024, com atendimento específico e sigiloso para essas pessoas.
Conforme o delegado Emerson Jesus Martins, com a sala, a vítima não precisa mais relatar o caso sofrido no balcão de atendimento, onde outras pessoas podem ouvir.
“Ela é imediatamente deslocada para a sala, onde será atendida sozinha por uma policial mulher, para que a vítima se sinta mais à vontade e possa denunciar, descrever todos os fatos de forma mais detalhada.”
Segundo o delegado, a violência doméstica passa por uma sequência de fatores até chegar ao feminicídio.
“Primeiro, os agressores começam com agressões verbais, humilhações. Se a vítima não denunciar o caso, essa agressão começa a ser física, uma ameça mais grave e vai escalando até no resultado da morte”, reforça.
Emerson ressalta que o procedimento é feita de forma rápida, a fim de garantir a segurança da vítima: “Imediatamente é mandado para o Judiciário, onde vão avaliar a necessidade de uma medida protetiva”.
Polícia Civil de Cerquilho (SP) passou a ter Sala Lilás para garantir mais segurança às vítimas de violência doméstica
Reprodução/TV TEM
Veja mais notícias da região no g1 Itapetininga e Região
VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM