Pesquisadores do Lac (Laboratório de Combustão e Catálise Aplicadas) da Ufsc (Universidade Federal de Santa Catarina), que fica no campus Joinville, desenvolveram um reator que produz biodiesel em dobro. A tecnologia é uma alternativa para criação de combustíveis mais sustentáveis e já teve a sua patente depositada.
Reator que produz biodiesel em dobro usa descargas elétricas para acelerar a produção
A inovação da tecnologia está, justamente, na eliminação de etapas do processo. Nos métodos tradicionais, os reagentes, normalmente óleo de soja e metanol, precisam ser misturados antes de serem colocados em reatores que trabalham em temperaturas de 80 °C.
O reator da UFSC dispensa essa mistura prévia, já que usa descargas elétricas, que ocorrem em seu interior, para realizar a mistura dos reagentes, que não acontece em condições normais.
Dessa forma, duas etapas do processo se tornam uma, acelerando a produção do biodiesel. O depósito da patente está aguardando a análise do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial).
Reator que produz biodiesel em dobro promove sustentabilidade
O biodiesel é uma opção de combustível mais sustentável e sua produção é impulsionada por acordos internacionais e novas políticas de incentivo brasileiras.
A Lei 14.993/2024, denominada Lei do Combustível do Futuro, fomenta a utilização desse recurso. A norma institui o PNDV (Programa Nacional de Diesel Verde), cujo objetivo é reduzir as emissões de carbono, especialmente aquelas geradas por veículos pesados, incentivando a substituição de fontes poluentes por alternativas mais limpas e renováveis.
Os acordos assumidos pelo Brasil no Acordo de Paris em 2015, de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050, também motivam o aumento da produção do biodiesel.
Pesquisa com reator que produz biodiesel em dobro é desenvolvida por equipe multidisciplinar
A equipe de pesquisadores é formada pela pós-doutoranda Maira Oliveira Palm e pelos estudantes da graduação Júlia Rezende e Lucas Pavani, sob a supervisão do professor Rafael Catapan, coordenador do projeto, e dos professores Cátia Carvalho Pinto e Diego Duarte.
A ideia inicial do projeto foi durante o doutorado de Maira Oliveira Palm em engenharia ambiental. A pesquisadora reformulou o projeto durante seus pós-doutorado em engenharia e ciências mecânicas.
Os pesquisadores vão continuar as pesquisas com o reator, testando os processos com novas matérias primas, e verificando a qualidade dos produtos obtidos. Os pesquisadores também vão testar o uso de catalisadores heterogêneos, que pode reduzir os custos de produção.
Além do LAC, o projeto envolveu o LAT (Laboratório de Tratamentos de Superfície) também da UFSC Joinville e os programas de Pós-Graduação em Engenharia e Ciências Mecânicas, em Joinville, em Engenharia Ambiental e em Engenharia Mecânica, em Florianópolis.
Estudantes de Engenharia Aeroespacial e Engenharia Ferroviária e Metroviária, participaram do desenvolvimento da nova tecnologia por meio de bolsas de iniciação científica.
O projeto teve apoio do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), do FNDCT/MCTI (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) e da Fapesc (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina).