O projeto “Guardiãs das Águas — Meninas pelo Saneamento” foi criado pela professora de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Jeamylle Nilin. A ação já passou por diversas adaptações e, anteriormente, trabalhou com meninos e meninas da rede pública de ensino básico do Triângulo Mineiro. Antes do projeto nacional, alunas de escolas públicas de Uberlândia participaram do “Guardiãs das Águas do Triângulo Mineiro”
Acervo Leaxtox/UFU
Buscando a valorização da mulher na ciência, um projeto criado por uma professora do curso de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) vai inserir alunas de escolas públicas de seis estados do Brasil em pesquisas científicas sobre o cuidado das águas e do saneamento básico.
O “Guardiãs da Águas — Meninas pelo Saneamento” é um projeto orçado em mais de R$ 1 milhão financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e apoiado pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação e o Ministério das Mulheres.
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A coordenadora do projeto é a cearense Jeamylle Nilin, ela é bióloga e doutora em Ciências Marinhas Tropicais pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Atualmente, ela faz parte do corpo docente da UFU, mas também já trabalhou na Universidade Federal de Sergipe (UFS), onde tudo começou.
Em Sergipe, ela criou o “Guardiões do Mar”, um projeto que trabalhava questões relacionadas aos ecossistemas marinhos. Já em Minas Gerais, ela adaptou a ação para estudar as águas doces, debatendo temas como responsabilidade ambiental, ferramentas de monitoramento da água e cidadania.
Foi assim que surgiu o “Guardiões das Águas”, que até então não era voltado só para meninas e mulheres. De março de 2022 a março de 2023, a primeira edição do projeto foi aplicada com alunos da Escola Municipal do Moreno, na zona rural de Uberlândia, como “Guardiões das Águas do Parque Estadual do Pau Furado”.
Com um incentivo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), o passo seguinte da professora foi levar o projeto para Uberaba, no Córrego Tijuco. A ação começou em dezembro de 2023 e finalizada em dezembro de 2024.
“O termo ‘guardião’ remete à proteção e cuidado, e união entre as pessoas. E ‘as águas’ por ser um projeto do Cerrado que é o berço das nascentes de diversos rios do Brasil”, explicou Jeamylle.
“Futuras Cientistas”
Grupo que participou do programa nacional “Futuras Cientistas” com o projeto “Guardiãs das Águas do Triângulo Mineiro”
Acervo Leaxtox/UFU
Em janeiro de 2025, a professora Jeamylle participou da Imersão Científica 2025, do programa nacional Futuras Cientistas, com o projeto “Guardiãs das Águas do Triângulo Mineiro”, voltado somente para meninas e mulheres do terceiro ano do ensino médio de escolas públicas.
Três alunas e duas professoras de diferentes escolas de Uberlândia participaram do projeto. As atividades aconteceram no Laboratório de Ecologia Aplicada e Ecotoxicologia do Instituto de Biologia da UFU e contaram com análises físico-químicas, microbiológicas e ecotoxicológicas de amostras de água de rios e córregos da cidade, além de terem uma formação em cidadania ambiental.
A Imersão Científica foi finalizada em 29 de janeiro, mas esse é só o começo para o “Guardiãs das Águas”, que agora não somente abrange o Triângulo Mineiro, mas ganhou o país.
Projeto nacional
Por três anos, o projeto “Guardiãs das Águas – Meninas pelo Saneamento” desenvolverá pesquisas relacionadas à qualidade das águas doces e o saneamento básico com a participação de alunas e professoras do ensino fundamental e médio, além de pesquisadoras e graduandas de universidades e institutos federais.
“A partir desse ano, o foco será só meninas. Claro que os meninos também podem participar como voluntários, mas a proposta dos editais é justamente da valorização da mulher na ciência. Principalmente, de dar à elas a oportunidade nessas áreas que são pouco procuradas e pouco divulgadas para as mulheres”, contou Jeamylle.
Além de incentivar o despertar pela ciências nas meninas, o projeto também busca estimular a participação ativa das alunas com as comunidades locais. Dessa forma, dando espaço para um “diálogo aberto sobre as necessidades individuais e coletivas relacionadas ao saneamento básico e proteção das águas em diversas cidades do Brasil”.
“O projeto em si visa trabalhar questões relacionadas às águas, ao saneamento, e a importância da participação da comunidade no olhar sobre as águas. A gente tem a parte de monitoramento [das águas], mas também tem um engajamento da comunidade”, explicou a coordenadora do projeto.
Jeamylle também explicou que o projeto estará presente em seis estado brasileiros. Em Minas Gerais, nas cidades de Uberlândia e Ituiutaba, através da UFU e Uberaba, por meio da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).
No Ceará, o projeto será aplicado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, em Fortaleza. Em Pernambuco, através da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na capital Recife.
A ação ainda se estenderá para a Universidade Federal de Sergipe (UFS), em Aracaju, para a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá e a Universidade Federal do Rio Grande, no Rio Grande do Sul.
Para a coordenadora do projeto, a expansão do “Guardiãs das Águas” evidencia a importância do contato das universidades com a sociedade. Em cada estado, a ação será aplicada por uma universidade ou instituto federal com alunas do oitavo ano do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio.
“Eu acho que a universidade tem o dever de olhar mais para a sociedade e suas necessidades. Para que as pessoas entendam que a universidade não é um local a parte, mas está de portas abertas”, disse Jeamylle.
Com um orçamento de R$ 1.186.220,00, serão financiadas para o projeto 45 bolsas de Iniciação Científica Júnior para alunas do ensino básico público, 9 bolsas de apoio técnico para professoras de ensino básico público, 5 bolsas de Iniciação Científica para alunas de graduação, 2 bolsas de Apoio a Divulgação Científica, e 1 bolsa de Pós-doutorado.
Segundo a professora, só em Uberlândia serão 15 meninas de escolas públicas beneficiadas com bolsas de Iniciação Científica Júnior.
O projeto, que já está em andamento, terá início oficialmente no dia 11 de fevereiro, no Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência.
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