Mais jovem a presidir a Câmara, Hugo Motta tem força nos bastidores, une adversários e foi discípulo de Cunha: conheça o político


De perfil discreto, Motta tem bom trânsito entre partidos de todos os espectros políticos. Presidente da CPI da Petrobras, contribuiu para desgastar governo Dilma e atua próximo ao agronegócio e ao setor financeiro. Deputado federal Hugo Motta
Fátima Meira/Enquadrar/Estadão Conteúdo
O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) foi eleito o novo presidente da Câmara dos Deputados neste sábado (1º). Ele é o mais jovem a ocupar o posto na história da Casa, com 35 anos.
Político típico do Centrão, Motta tem força nos bastidores e conseguiu unir uma extensa base de apoiadores, desde o PT de Luiz Inácio Lula da Silva ao PL de Jair Bolsonaro.
Motta chegou a Brasília como o deputado mais jovem a ser eleito no pleito de 2010, com apenas 21 anos.
O parlamentar é de uma família tradicional na política e que comanda a cidade de Patos, no sertão paraibano, desde a década de 50.
Nos anos seguintes, foi ganhando projeção na Câmara, principalmente por se aliar a Eduardo Cunha, então no PMDB.
Ele era dos parlamentares que compunham o grupo que ficou conhecido como “tropa de choque” de Cunha. O ex-presidente da Câmara acabou cassado em setembro de 2016.
Além da proximidade com Arthur Lira (PP-AL), o deputado também é aliado do senador Ciro Nogueira (PP-PI), que foi um dos padrinhos da sua candidatura à presidência da Casa e articulou apoio da oposição ao seu nome.
Na Câmara, Motta tem um perfil discreto, mas de muita articulação nos bastidores. Ele atua alinhado ao setor financeiro, ao agronegócio e tem bom diálogo com a bancada evangélica.
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Impeachment
O deputado deu 332º voto a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016.
Denunciada por crime de responsabilidade nas chamadas “pedaladas fiscais”, a então presidente deixou o poder definitivamente em setembro, após o fim do processo no Congresso.
“Com orgulho de representar nesta casa o povo do meu estado da Paraíba. Convicto ainda mais da necessidade de uma união nacional depois desse processo, para que o Brasil retome seu crescimento e desenvolvimento, eu voto sim”, disse Hugo Motta durante a votação da admissibilidade do impedimento.
O deputado era abertamente um oposicionista do governo devido sua proximidade com Eduardo Cunha, então presidente da Casa.
Hugo Motta e Arthur Lira
Jornal Nacional/ Reprodução
CPI da Petrobras
O deputado foi presidente da CPI da Petrobras de fevereiro a outubro de 2015, na esteira das denúncias da Lava Jato que apuravam desvios na estatal.
A comissão foi criticada por não ouvir deputados que teriam sido beneficiados pelas irregularidades na Petrobras. Cunha foi o único a comparecer, mas espontaneamente.
A comissão também foi alvo de críticas por não ter avançado além das investigações da Operação Lava Jato.
A CPI aprovou um relatório que isentou políticos investigados na operação, mas recomendou o indiciamento de ex-diretores da estatal como Paulo Roberto Costa e Renato Duque, os ex-gerentes Pedro Barusco e Venina Velosa e o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
Projetos
O deputado é autor ou coautor de 33 projetos de lei, entre os quais dois foram aprovados, e seis de lei complementar. Entre outros, os textos tratam de:
limite para gastos de campanha;
obrigatoriedade do pagamento de compensação aos profissionais de saúde que atuaram na pandemia;
fixação do limite máximo de valor para o despacho aduaneiro simplificado;
permite a outorga de autorização para a prestação temporária de serviços de transporte aéreo doméstico por empresa estrangeira.
Como relator, o deputado elaborou o texto de 68 propostas, com destaque para projetos que alteraram o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Foram 6 proposições do tipo.
Motta também relatou, entre outros, a PEC que instituiu o “Orçamento de Guerra” durante a pandemia do novo coronavírus, em 2020, e o texto que prorrogou o Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária (Reporto).
Biografia
Motta está em seu quarto mandato. Chegou à Câmara em 2011 pelo PMDB. Em 2018 mudou para o PRB, que mudou o nome para Republicanos em 2019.
Se tornou líder do Republicanos em fevereiro de 2021 e ficou na posição até fevereiro do ano seguinte. Ele retornou a cadeira em janeiro de 2023.
Também foi líder do bloco formado por MDB, PSD, Republicanos e Podemos de novembro de 2023 a abril de 2024.
Na atual legislatura, Motta foi suplente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), titular da Comissão de Finanças e Tributação (CFT) e suplente da CPI que investigou fraudes nas Americanas.
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