Capa do álbum ‘50 ao vivo’, de Simone
Leo Aversa
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: 50 ao vivo
Artista: Simone
Cotação: ★ ★ ★ ★
♬ Quinto registro de show solo da discografia de Simone, o álbum 50 ao vivo chega quase dois anos depois da tensa apresentação que marcou em Juiz de Fora (MG), em 15 de abril de 2023, a estreia nacional da turnê comemorativa das cinco décadas de carreira dessa grande cantora que entrou em cena em 1973.
Previsto para ter sido lançado em dezembro de 2024, o disco chegou efetivamente ontem, 31 de janeiro, ao mercado digital em edição apresentada pela gravadora Biscoito Fino simultaneamente com a edição de minidocumentário posto em rotação no canal de Simone no YouTube com comentários e registros de bastidores do show dirigido por Marcus Preto e intitulado Tô voltando.
Com 20 músicas, o álbum 50 ao vivo chega em tempo de perpetuar um bom momento de Simone. Diferentemente de esquecíveis discos ao vivo anteriores da cantora, como Brasil – O show (1997) e Feminino (2002), nos quais a intérprete alinhou músicas sem qualquer critério, como se estivesse cantando para entreter plateias desatentas em um bar, o álbum 50 ao vivo eterniza show com roteiro sólido, construído com músicas marcantes na trajetória da artista – com direito a uma música inédita na voz de Simone, Divina comédia humana (1978), oferecida a Belchior (1946 – 2017) para a cantora incluir no álbum Face a face (1977), mas limada do LP por problemas com a censura da época em relação à letra.
Valorizado pelo tema de Belchior e pela lembrança de Sangue e pudins (Fagner e Abel Silva, 1976), música regravada por Simone no álbum Cigarra (1978) e até então esquecida na discografia da artista, o roteiro do show Tô voltando trouxe de volta algumas músicas da controvertida discografia de Simone na década de 1980, composições que há anos a cantora não revisitava, casos de Depois das dez (Tunai e Sérgio Natureza, 1983) e Um desejo só não basta (Francisco Casaverde e Fausto Nilo, 1984).
Presente no roteiro original do show, a canção Você é real (Piska e Fausto Nilo, 1985) ficou ausente da apresentação captada em 25 de maio de 2024 na casa Vivo Rio, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), com a participação de Zélia Duncan na versão em português da canção cubana Iolanda (Pablo Milanés, 1970, com letra de Chico Buarque, 1984), no baião Boca em brasa – parceria da própria Zélia com Juliano Holanda lançada por Simone no álbum Da gente (2022) – e no dueto improvisado no samba Ex-amor (1981), standard de Martinho da Vila, compositor recorrente na discografia da Cigarra.
A favor do álbum 50 ao vivo, contam a ótima captação do áudio – tão bem feita que a gravação resulta calorosa – e o canto ainda sedutor de Simone. Aos 75 anos, Simone baixou os tons (em relação às gravações dos áureos anos 1970 e 1980) de forma elegante e sempre coloca bem a voz grave, sem prejuízo da interpretação, mas sem a tentativa vã de reproduzir os registros da cantora de décadas atrás.
Como é praxe nos shows de Simone, o álbum 50 ao vivo acaba em samba. Com dez ritmistas da escola de samba Portela, a cantora dá voz ao samba-enredo O amanhã (João Sérgio, 1977), apresentado pela escola União da Ilha do Governador no Carnaval de 1978 e amplificado por Simone em gravação do álbum Delírios, delícias (1983).
A beleza do disco 50 ao vivo está refletida na capa, que estampa imagem feliz de Simone em foto de Leo Aversa. Em todos os sentidos, a cantora está bem na foto.
Simone está bem na foto de álbum ao vivo que eterniza a felicidade do show dos 50 anos de carreira da cantora
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