Estudante Davi Pereira, de 17 anos, ganhou visibilidade e inspirou projeto de lei para adaptar exames às pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Acre tem 93 alunos matriculados com TEA, incluindo 20 ingressantes em 2024 que conquistaram vagas por meio do sistema de cotas. Davi Pereira, de 17 anos, vai cursar Letras/Espanhol na Ufac
Reprodução/Rede Amazônica Acre
O estudante Davi Pereira, de 17 anos, que publicou um vídeo reivindicando adaptações no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) após fazer a prova, foi aprovado no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e vai cursar Letras/Espanhol na Universidade Federal do Acre (Ufac).
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Davi ganhou visibilidade após publicar o vídeo e inspirou um projeto de lei, de autoria da deputada federal do Acre Socorro Neri (PP), que determina a adaptação de exames da educação e profissionais às pessoas com TEA. Para Davi, apesar dos desafios atípicos, a aprovação é um sonho realizado.
“Eu vou fazer a diferença, até para a comunidade do TEA. Eu vou ser um excelente profissional, se Deus quiser, futuramente”, disse, animado.
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Ao lado do filho durante toda a jornada e rotina de estudos, Maria das Graças, mãe de Davi, lembra das dificuldades em conseguir apoio nas fases da vida educacional de quem tem TEA.
“A partir do momento em que a gente começa a migrar para a adolescência e a fase adulta, essa rede de apoio vai se desvanecendo. Então desde a primeira escola do Davi, aos três anos de idade, tivemos a sorte de que a escola estava começando e nós podíamos conversar com a escola. É muito importante essa interação da família com a escola”, ressaltou Maria das Graças.
Os caminhos para alcançar o ensino superior nem sempre são os mesmos para todos os estudantes. No caso do Davi, foram necessários muitos passos para que ele chegasse à universidade.
Davi também reconhece a importância do apoio de família e escolas, e afirma ter sido bem acolhido durante sua trajetória escolar.
“Os meus passos foram bacanas e por exemplo, eu quero citar a minha escola, onde eu terminei de estudar, que se chama Instituto Imaculada Conceição, eu sempre fui bem acolhido, tinha paciência com as pessoas”, comentou.
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Uma outra estratégia adotada durante a trajetória de estudos do Davi foi ter por perto o apoio de profissionais qualificados.
“O Davi passou por todos os níveis de suporte, teve fono, teve terapia ocupacional, teve psicólogo. E tem psicólogo até hoje. Mas, nessa fase da transição da adolescência, que é uma fase bastante difícil e a escola por trás conosco, então é preciso. Quem é mãe de pessoa com autismo, pessoa autista, sabe o que eu estou falando, a dificuldade que a gente tem. Então, esse acolhimento é possível. É preciso que a gente coloque o de um foco de luz, traga à tona tudo isso para que saiam da invisibilidade”, acrescentou a mãe.
Vídeo com reivindicações
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Após fazer o Enem como treineiro, Davi pediu para gravar um vídeo para ser postado nas redes sociais, reivindicando adaptações na prova. O que era apenas um desabafo, ganhou visibilidade política e, em 2024, ele conseguiu fazer uma prova adaptada.
“Então, quando ele provocou, ele disse: ‘mamãe, eu quero, não estou satisfeito. Eu não gostei de fazer o Enem, eu não entendia as perguntas. Eram textos longos. Eu quero fazer um vídeo. Eu quero reivindicar meus direitos’. Na escola, é tudo adaptado de acordo com a lei. E por que no Enem não é?”, relatou a mãe.
No Acre, o número de alunos matriculados com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é de 93 estudantes, incluindo 20 ingressantes em 2024 que conquistaram vagas por meio do sistema de cotas. Agora, Davi fica na expectativa de entrar no curso, aprender um novo idioma e continuar trilhando os caminhos da educação.
“Eu espero que nesse curso de espanhol ele me ajude mais, até quando eu for na Espanha eu consiga falar mais espanhol. Por exemplo: ‘Como va la vida?’. Isso é a linguagem espanhola. Eu estou muito emocionado até hoje, porque eu fui aprovado”, afirmou.
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