Participam do episódio as cantoras Márcia Freire e Márcia Short, vozes marcantes que fazem parte da história dos grupos Cheiro de Amor e Banda Mel. A axé music completa 40 anos em 2025 e tem como protagonistas grandes vozes femininas. Nesta edição do podcast Eu Te Explico, o apresentador Fernando Sodake conversa com duas artistas que imortalizaram seus nomes na história do ritmo musical: Márcia Freire e Márcia Short.
As convidadas explicaram os desafios de mulheres que escolheram viver da música que sustenta o carnaval, além de terem abordado assuntos sensíveis que costumam fazem parte da trajetória profissional de cantoras da axé music.
Sempre lembradas pelos hits que emplacaram nos grupos Cheiro de Amor e Banda Mel, ela mostram como a indústria da música pode ser cruel e está envolta em casos de machismo, misoginia, racismo e até boicote de empresários.
Fernando Sodake conversa com Márcia Freire e Márcio Short no episódio 124.
Rafaela Paixão/ g1
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‘Minha consciência aponta para momentos dolorosos’
Márcia Short afirma que o fato de ser mulher já é um custo que se paga. Por ser negra, os obstáculos são potencializados. A memória da cantora traz histórias que ainda são uma ferida aberta e que o tempo não cura.
“Hoje, a minha consciência aponta para momentos muito dolorosos do passado. Porque venho de um escopo que a sociedade quando molda a mulher, não molda uma mulher negra, black, com o microfone na mão. Não é esse lugar que está reservado para mulheres como eu”, afirmou.
‘A sociedade é patriarcal, é machista’
Márcia Freira disse que estar em uma banda a protegeu de algumas situações, mas não a blindou totalmente. A estrutura de sociedade que tem base machista, misógina e violenta com as mulheres faz com que as figuras femininas tenham que se provar capazes. Foi o que aconteceu com ela quando assumiu sozinha o vocal da banda Cheiro de Amor.
“Mulher é mais frágil. Você aguenta? Vai aguentar? Acho que não vai aguentar, porque é mulher”, ouviu a cantora.
“Eu disse: vou mostrar que vou aguentar! Mas é lógico que tem em qualquer segmento, tem até hoje, a sociedade é patriarcal, é machista, e a gente vê isso”, disse.
Márcia Freire é convidada do podcast Eu te explico.
Rafaela Paixão/ g1
Para estar nos trios e nos palcos, as cantoras fazem escolhas e abrem mão de muita coisa. Márcia Freire se deu conta de que na banda Cheiro de Amor, a balança dos lucros era desigual e que ela estava perdendo mais do que dinheiro.
“Entrei na banda muito cedo, e queria mesmo era estar cantando. Não me preocupava com nada na época, não preocupava com o cachê. Só que depois, lógico, você vai amadurecendo. Essa balança tá fazendo mais por um lado só. Eu tenho meu filho, praticamente eu não vi meu filho, não criei meu filho”, recorda.
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Márcia Short é convidada do podcast Eu te explico.
Rafaela Paixão/ g1
As artistas também falaram sobre o axé. O ritmo baiano ultrapassou as barreiras de Salvador e ganhou o Brasil na década de 1980, ao som de Fricote, música de Luiz Caldas e Paulinho Camafeu.
Hoje, quatro décadas depois, a avaliação da voz da Banda Mel é de que a trajetória do axé é louvável. Márcia Short destaca que, ao longo do tempo, o ritmo se fortaleceu, se modificou e consolidou. Mas e o futuro?
“Eu vejo o axé music hoje como um movimento que precisa de renovação e força”, defendeu a cantora.
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