Filme estreia no Brasil no segundo semestre de 2025, apresentando história de um Brasil distópico que exila idosos. Última produção nacional que venceu a mostra foi ‘Tropa de Elite’. Pernambucano, Gabriel Mascaro dirigiu ‘O Último Azul’, que concorre ao Urso de Ouro em Berlim
Guilhermo Garza/Divulgação
O Brasil está no páreo para disputar o Urso de Ouro, prêmio principal do Festival de Berlim. Com direção do pernambucano Gabriel Mascaro, o longa “O Último Azul” quebra um jejum de cinco anos sem filmes brasileiros competindo no festival.
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Em entrevista ao g1, Mascaro, que é diretor de longas como Boi neon e Um lugar ao sol, comemorou a indicação e compartilhou detalhes sobre a produção do longa, que levou cerca de cinco anos. O filme deve chegar aos cinemas brasileiros no segundo semestre de 2025.
“É um momento para celebrar o cinema brasileiro. Têm vários filmes brasileiros nas mostras paralelas. É um festival que consagrou o ‘Central do Brasil’, com Fernanda Montenegro, e a gente está voltando para esse espaço com muita alegria e responsabilidade. São cinco anos que o Brasil não tem nenhum representante concorrendo a esse prêmio”, celebrou.
Até hoje, apenas dois filmes brasileiros trouxeram o Urso de Ouro para casa: “Central do Brasil” (1998), de Walter Salles, e “Tropa de Elite” (2008), de José Padilha.
A última vez que o Brasil competiu no evento foi em 2020, com “Todos os mortos”, indicado na categoria principal, e “Meu Nome é Bagdá”, vencedor da mostra Generation 14plus, com atuação de Karina Buhr.
O longa irá estrear oficialmente durante o Festival de Berlim, que acontece entre os dias 13 e 23 de fevereiro, com o diretor Todd Haynes (“Carol”) na presidência do júri.
Estrelado por Denise Weinberg, Rodrigo Santoro, Miriam Socarrás e Adanilo, o enredo de “O Último Azul” se passa na Amazônia, em um Brasil “quase” distópico.
Nesse cenário, o governo transfere idosos para uma colônia habitacional, em uma espécie de exílio compulsório, para “desfrutar” seus últimos anos de vida.
Antes que isso aconteça, Tereza (Denise Weinberg), uma mulher de 77 anos, embarca em uma jornada para realizar seu último desejo em uma aventura sobre resistência e amadurecimento ao longo dos rios da Amazônia.
“Esse roteiro é resultado de uma pesquisa longa. Foi basicamente germinado na pandemia. São quase quatro, cinco anos de escrita entre eu e o corroteirista Tibério Azul. É, antes de tudo, um filme sobre o direito de sonhar, a partir de uma de uma idosa que vai tentar, à sua maneira, encontrar a liberdade num mundo que tenta isolar socialmente os idosos”, disse.
Elenco e produção
Rodrigo Santoro e Denise Weinberg em cena de ‘O último azul’
Guilhermo Garza/Desvia
Segundo Mascaro, o elenco secundário do filme é formado por artistas manauaras e a equipe de produção, predominantemente por profissionais das regiões Norte e Nordeste.
“A gente filmou na Amazônia, então, é uma felicidade poder reunir a maior parte da equipe da região Norte e da região Nordeste. Ao me debruçar mais sobre a sobre a produção, fui conhecendo cada vez mais a produção de Manaus, também. Acho que é uma celebração do cinema de Pernambuco junto com o cinema manauara. Vai ser uma alegria poder revelar tantos atores”, comentou Gabriel Mascaro
Apesar de contar com diversos nomes brasileiros, “O Último Azul” é, na verdade, uma produção multinacional entre Brasil, México, Chile e Países Baixos.
“Temos colaboradores profissionais de todos esses países. A mixagem foi feita na Holanda, o fotógrafo é mexicano, e a edição foi feita no Chile, com um editor chileno”, explicou o diretor.
Além de “O Último Azul”, outros 19 filmes concorrem na mostra principal. Confira a lista completa:
“Ari”, de Léonor Serraille — França/Bélgica (2025);
“Blue Moon”, de Richard Linklater — EUA / Irlanda (2025);
“The Safe House”, de Lionel Baier — Suíça / Luxemburgo / França (2025;
“Dreams”, de Michel Franco — México (2025);
“Dreams (Sex Love)”, de Dag Johan Haugerud — Noruega (2024);
“What Does That Nature Say to You”, de Hong Sang-soo — Coreia do Sul (2025);
“Hot Milk”, de Rebecca Lenkiewicz — Reino Unido (2025);
“If I Had Legs I’d Kick You”, de Mary Bronstein — EUA (2024);
“Kontinental ’25”, de Radu Jude — Romênia (2025);
“El mensaje”, de Iván Fund — Argentina / Espanha (2025);
“Mother’s Baby”, de Johanna Moder — Áustria / Suíça / Alemanha (2025);
“O Último Azul”, de Gabriel Mascaro Brasil / México / Chile / Holanda (2025);
“Reflection in a Dead Diamond”, de Hélène Cattet e Bruno Forzani — Bélgica / Luxemburgo / Itália / França (2025);
“Living the Land”, de Huo Meng — República Popular da China (2025);
“Timestamp”, de Kateryna Gornostai — Ucrânia / Luxemburgo / Holanda / França (2025);
“The Ice Tower”, de Lucile Hadžihalilović — França / Alemanha (2025)
“What Marielle Knows”, de Frédéric Hambalek — Alemanha (2025);
“Girls on Wire”, de Vivian Qu — República Popular da China (2025);
“Yunan”, de Ameer Fakher Eldin — Alemanha / Canadá / Itália / Palestina / Qatar / Jordânia / Arábia Saudita (2025).
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