Sucessor do ano mais quente da história mundial, 2025 começou com uma série de eventos climáticos extremos no Brasil. O país vive uma onda de calor histórica no Sul, acompanhada de chuvas intensas em certas regiões e estiagem em outras.
Já no Sudeste, o calorão fez a temperatura no Rio de Janeiro passar dos 40 °C, além das tempestades que levaram várias cidades mineiras a decretarem emergência. No norte, o cenário se repete: o Acre atingiu recordes históricos de temperaturas e o Macapá, de precipitações.
De acordo com a Climatempo, pancadas fortes de chuva se espalham pelo Brasil nesta quarta-feira (22), o que pode significar uma leve queda na temperatura de algumas regiões.
Entenda, a seguir, os motivos para a variedade de eventos climáticos extremos que ocorreram no Brasil nas últimas semanas e o que o país deve esperar para as próximas.
Verão, La Niña e bloqueio atmosférico
Segundo o professor de Geografia e doutorando em Climatologia Lucas Oliver, um dos fatores que explica o calorão que passa pelo Brasil é, justamente, o fato de estarmos vivenciando um verão cujas características são agravadas pelo La Niña, um fenômeno climático caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico.
“A gente tá tendo um dos fatores principais que organizam o clima. Entre os vários, é a La Niña, que é uma La Niña fraca, até demorou para começar. Ela traz uma estiagem no Sul, ou seja, períodos de seca, e isso tem promovido calor, muito calor no Rio Grande do Sul, principalmente, o que também é comum porque o verão, nas latitudes como a do Rio Grande do Sul, tem muitas horas de sol. Então, se você não tem nuvem, não tem chuva, vai ficar quente. É o que está acontecendo no Sudeste agora”, explica.
Além do La Niña, o professor explica que há um ‘bloqueio atmosférico’, que impede a passagem de frentes frias, de modo a intensificar ondas de calor ou, em alguns casos, manter o frio em uma região por mais tempo.
“Esse é o primeiro que a gente está tendo em 2025. Já fazia um tempo que não tínhamos esse tipo de bloqueio atmosférico. Desde outubro não acontecia. Não dá para prever muito sobre isso, mas o bloqueio atmosférico atual deve ficar pelo menos até domingo, quando a gente deve ter uma frente fria chegando, trazendo uma mudança nos padrões climáticos. Isso vai esfriar um pouco o Sul e o Sudeste, mais o Sudeste do que o Sul, especificamente, já que em ano de La Niña chove menos”, afirma Lucas.
Pancadas de chuva em SP
As temperaturas no sudeste devem cair levemente a partir de domingo, quando se encerra o bloqueio atmosférico e abre caminho para as massas de ar frio. Entretanto, como estamos no verão, o calor ainda estará presente e acompanhado de pancadas de chuva, segundo a meteorologista Andrea Ramos.
De acordo com a meteorologista, apesar da influência “fraca” do La Niña, há chances do calorão do Sudeste diminuir no fim de semana, devido à chegada de uma frente fria, que trará chuvas mais intensas e regulares, típicas do verão.
“Essa formação desse sistema vai ocorrer e vai começar uma incursão dele ali na sexta-feira e já vai ter essa mudança de tempo na região Sudeste. Então, hoje é quarta-feira, já vai começar a ter umas pancadas de chuva ali em São Paulo, até por conta mesmo do calor e da umidade”, diz.
O que esperar para fevereiro?
A meteorologista afirma que, ainda que o mês de janeiro não tenha terminado, é esperado que ele termine com índices de chuva acima da média.
“A gente tem que fechar o janeiro, você só pode ter essa certeza justamente quando você fecha o mês. (…) Mas do comportamento das chuvas e dos acumulados, uma prévia que a gente tem aqui do centro-norte, as chuvas vão ficar acima da média, e do centro para o sul, principalmente ali no Rio Grande do Sul, vão ficar abaixo da média, então vai ser uma tendência”, diz.
“O mês de fevereiro manterá características típicas do verão, como a quantidade de umidade na atmosfera, favorecida pelo calor, e os sistemas que atuam, como as frentes frias e a convergência de umidade da Amazônia”, afirma Andrea.
Segundo a previsão sub sazonal do INPE, as chuvas em fevereiro devem ser mais intensas na região Norte do país, mais especificamente na região de Rondônia e Acre, e na região Sul. Minas Gerais e Rio de Janeiro não estão na lista e, portanto, há chances do calorão se intensificar nesses locais.