O jornalista, apresentador e locutor Léo Batista morreu neste domingo (19). Ele foi um dos maiores nomes da história do jornalismo esportivo brasileiro. Cafu lembra das coberturas mais marcantes de Léo Batista
Jornalistas, atletas, personalidades e clubes de futebol do Brasil foram as redes sociais neste domingo (19) para lamentar e homenagear Léo Batista, a ‘voz marcante’ do jornalismo brasileiro, que morreu neste domingo (19) aos 92 anos.
Dono de uma “voz marcante”, como ficou conhecido, ele estava internado desde 6 de janeiro no Hospital Rios D’Or, na Freguesia, Zona Oeste do Rio. Ele foi diagnosticado com um tumor no pâncreas.
Em mais de 70 anos de carreira, Léo Batista deu voz a notícias como a morte de Getúlio Vargas e participou de quase todos os telejornais da TV Globo, onde trabalhou por 55 anos – até pouco antes de ser internado.
O pentacampeão do mundo de futebol, capitão da seleção brasileira em 2002, Cafu falou sobre a importância que Leo Batista teve para quem acompanhava os esportes no Brasil
“Quando se fala de jornalistas, e de pessoas que marcaram o futebol, a gente lembra do Leo Batista. Um personagem que vai ficar eternizado em todos nós. A voz, a maneira que ele levava a informação, eu tenho certeza de que vai ficar marcado em todos nós”, disse Cafu, em entrevista à GloboNews.
“Como eu tive vontade de ser entrevistado pelo Leo Batista, só para ficar olhando e admirando alguém que foi tão importante para o mundo e para o futebol também. Infelizmente não tive essa sorte de ser entrevistado por ele”, completou o ex-jogador.
O comentarista esportivo Leonardo Bertozzi foi um dos primeiros a postar em suas redes sobre a morte de Leo. O jornalista destacou seu poder de comunicação.
“A sobriedade e a seriedade marcaram a vida e a carreira de Léo Batista. Voz que atravessou múltiplas gerações e ficou ligada a tantos momentos históricos do nosso esporte. Sua despedida deixa uma gigante lacuna no nosso meio. A familiares, amigos e colegas, um grande abraço”, escreveu Bertozzi.
O apresentador Milton Leite também fez questão de prestar homenagem.
“Morre Leo Batista. Mais uma lenda da TV e do rádio no céu!”, disse.
A jornalista e repórter do Globo Esporte Nadja Mauad lembrou do primeiro contato que teve com Leo Batista e como ele foi carinhoso.
“Encontrei o Léo Batista na redação do Jardim Botânico. Coração acelera, o cara é um ícone, especialmente pra uma menina que cresceu com ele. Ele vira e diz: “vc não é aquela menina com nome árabe?”, escreveu Mauad.
A ‘voz marcante’
Morreu neste domingo (19), aos 92 anos, o jornalista, apresentador e locutor Léo Batista, um dos maiores nomes da história do jornalismo esportivo brasileiro.
Morre, aos 92 anos, o jornalista e apresentador Leo Batista
Dono de uma “voz marcante”, como ficou conhecido, ele estava internado desde 6 de janeiro no Hospital Rios D’Or, na Freguesia, Zona Oeste do Rio. Ele foi diagnosticado com um tumor no pâncreas.
Em mais de 70 anos de carreira, Léo Batista deu voz a notícias como a morte de Getúlio Vargas e participou de quase todos os telejornais da TV Globo, onde trabalhou por 55 anos – até pouco antes de ser internado.
Início como locutor de alto-falante
Léo Batista, nascido João Baptista Belinaso Neto em 22 de julho de 1932, em Cordeirópolis, interior de São Paulo, começou a carreira nos anos 1940. Incentivado por um primo, participou e foi aprovado em um concurso para locutor do serviço de alto-falante de Cordeirópolis. “Serviços de alto-falantes América, transmitindo da Praça João Pessoa!”, dizia.
Memória Globo: Léo Batista
Relembre reportagens marcantes
Webdocs sobre a carreira de Léo Batista
Léo Batista
TV Globo/Acervo
Início da carreira
Filho de imigrantes italianos, Léo Batista deixou o colégio interno aos 14 anos para ajudar a família. Mudou-se para Campinas para completar os estudos e trabalhou como garçom e faz-tudo na pensão do pai antes de se dedicar ao rádio.
Começou na Rádio Birigui e passou por várias rádios do interior paulista, onde narrava jogos de futebol e elaborava noticiários.
“Em Cordeirópolis, de mansinho, eu ia treinando com uma lata de massa de tomate na beira do campo: ‘Bola para fulano… Bateu na trave… Gol!’ Treinei bastante. Meu sonho era transmitir um jogo”, contou Léo, em entrevista ao Memória Globo.
Em 1952, mudou-se para o Rio de Janeiro e foi contratado pela Rádio Globo, onde trabalhou como locutor e redator de notícias. Seu primeiro trabalho na rádio, ainda como Belinaso Neto, foi no programa “O Globo no Ar”. Dois anos depois, passou a integrar a equipe esportiva da rádio.
Léo Batista estreou na locução esportiva na Rádio Globo ao narrar a partida entre São Cristóvão e Bonsucesso, no Maracanã.
Antes do jogo, ele ainda era conhecido como Belinaso Neto. Mas o então chefe Luiz Mendes (1924 – 2011) achava seu nome original pouco sonoro e disse que teria que mudar. Para escolher como seria chamado, o “paulistinha” – como o chamava Mendes – escreveu algumas opções em um papel e seus colegas votaram, por unanimidade, em “Léo Batista”.
“O curioso é que a família, minha irmã, minha mãe, ninguém mais me chamou pelo outro nome. Para todos, passei a ser Léo”, revelou ao Memória Globo.
Morte de Getúlio Vargas
Um dos muitos momentos históricos narrados por Léo Batista foi em 24 de agosto de 1954. Ele estava de plantão na Rádio Globo e noticiou, em primeira mão, o suicídio de Getúlio Vargas – a notícia mais importante que ele deu em sua carreira.
Ao Memória Globo, Léo lembrou daquele momento: “‘Atenção, atenção! Informa o ‘Globo no Ar,’ em edição extraordinária: acaba de se suicidar no Palácio do Catete o presidente Getúlio Vargas!’ E repeti, afirmando que voltaríamos com novas informações a qualquer momento. Quinze minutos depois, entrou o ‘Repórter Esso’, com Heron Domingues”.
Desde 1970 na TV Globo
Em 1955, Léo Batista trocou o rádio pela televisão, sendo contratado pela TV Rio. Lá, organizou e participou do Jornal Pirelli e de outros programas. Em 1968, deixou a TV Rio e passou pela TV Excelsior antes de começar na Globo, em 1970.
O início da emissora onde trabalhou por mais de 50 anos foi durante a Copa do Mundo em que o Brasil conquistou o tricampeonato mundial.
Primeiro, narrou às pressas o jogo entre Peru e Bulgária após um problema técnico com a equipe que faria a transmissão direto do México, sede da competição.
Pouco depois, foi chamado para substituir Cid Moreira – morto em outubro – em uma edição extraordinária do Jornal Nacional.
Seu desempenho no JN garantiu sua contratação definitiva pela Globo, onde apresentou as edições de sábado do jornal por muitos anos.
“Cid Moreira e Hilton Gomes, o saudoso Papinha, eram os locutores do Jornal Nacional. Em determinada tarde, quem estava de plantão era o Cid. Como as coisas pareciam tranquilas, ele pediu para ser dispensado. Mal saiu, ocorreu o sequestro do presidente Pedro Eugenio Aramburu, da Argentina, além de um terremoto assustador, o maior da história da Nicarágua, que destruiu Manágua”, contou ao Memória Globo.
JH, EE e Gols do Fantástico
Léo Batista na apresentação do ‘Jornal Hoje’
TV Glovo/Acervo
Léo Batista foi um dos apresentadores na estreia do Jornal Hoje, em 1971, ao lado de Luís Jatobá e Márcia Mendes. Também apresentou o Esporte Espetacular, criado em 1973, e o Globo Esporte, lançado em 1978. “Por sinal, o nome foi ideia minha”, lembrou Léo.
A narração de Léo Batista tornou-se característica dos “Gols do Fantástico”, quadro que ele apresentou até 2007. Nos anos 2000, ele também participou do “Baú do Esporte” e de outros quadros do Fantástico e do Esporte Espetacular.
Léo Batista na apresentação do quadro ‘Baú do Esporte’ no Globo Esporte, em 2014
João Cotta/Globo
Reconhecimento e legado
Léo Batista foi homenageado com o quadro “Histórias do Léo” no Globo Esporte em 2011, onde compartilhou lembranças de sua carreira.
Em 2017, Léo Batista lançou o “Canal do Seu Léo” no Globo Esporte, onde revela bastidores e curiosidades da cobertura esportiva.
Até pouco tempo antes de ser internado, ele seguia ativo, apresentando gols no Globo Esporte e participando de programas especiais, como o mais antigo apresentador da Globo em atividade.
Figurinha fácil nos corredores da Globo ou na padaria da esquina, Seu Léo gostava de bater papo com os funcionários, sempre contando histórias, claro, com sua voz marcante.
Léo Batista era viúvo e deixa
Léo Batista nas gravações dos 50 anos do Esporte Espetacular
Globo/Divulgação
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