Com cinco faixas, EP de Ivete Sangalo é caloroso, tem axé e emana a energia gostosa do verão e do Carnaval da Bahia


Capa do EP ‘O verão bateu em minha porta’, de Ivete Sangalo
Divulgação
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: O verão bateu em minha porta
Artista: Ivete Sangalo
Cotação: ★ ★ ★ ★
♪ Antecedido em 21 de dezembro pelo single Energia de gostosa, pagodão baiano e feminista que vem se insinuando como um dos hits da temporada pré-carnavalesca de 2025, o EP lançado por Ivete Sangalo na noite de ontem, 15 de janeiro, deixa boa impressão no conjunto irregular da obra fonográfica da artista baiana.
Registro audiovisual feito ao pôr do sol de uma tarde de dezembro de 2024 no Farol da Barra, ponto turístico de Salvador (BA), o EP O verão bateu em minha porta alinha cinco músicas gravadas com calorosa produção musical de Radamés Venâncio. A produção e os arranjos vibrantes das cinco faixas valorizam repertório que, em temperatura mais amena, talvez revelasse fragilidades e ostentasse menor poder de sedução.
Se Energia de gostosa (Ivete Sangalo, Lari Tavares, Luana Matos, Tassia Morais e Rafa Lemos, 2024) flagra Ivete na batida do pagodão baiano, gênero já recorrente na discografia recente da cantora, as outras quatro músicas estão imersas no universo da axé music.
Contagiada pelas comemorações dos 40 anos desse gênero que irrompeu em 1985 na música brasileira, identificado com Salvador (BA), a cantora volta às origens. A música-título O verão bateu em minha porta (Ivete Sangalo, Samir Trindade, Gigi Cerqueira e Radamés Venâncio) é a trilha perfeita para o povo que pula na pipoca, o espaço livre e democrático dos trios elétricos. Não por acaso, Ivete solta logo no início da faixa o bordão “joga a mão para cima”, tão característico da cantora.
Música também moldada para quem vai feliz atrás do trio elétrico, Lugar perfeito (Wallace Vianna, Romeu R3, Klismman e Ivete Sangalo, 2024) é aquele frevo axé baiano de andamento agalopado que arrasta multidões pelas ruas da capital da Bahia.
Lançada em dezembro no álbum Ensaios da Anitta (2024), em gravação que juntou a artista carioca com Ivete, Lugar perfeito ganha versão mais azeitada no registro solo da estrela baiana.
Destaque dentre as três inéditas do EP, ao lado da música-título O verão bateu em minha porta, Tum tum tum tugurugudum (Ivete Sangalo, Samir Trindade, Gigi Cerqueira e Radamés Venâncio) esbanja manemolência baiana ao perfilar menina de Salvador (BA) que sensualiza no desfile dos blocos como “rainha do Ilê e deusa do Olodum”.
O único ponto menos luminoso do EP é Deixa merecer (Ivete Sangalo, Gigi Cerqueira, Radamés Venâncio e Samir Trindade), samba-reggae aquém do histórico desse gênero fundamental na história da axé music.
É pena porque a gravação – que embute citações de duas músicas do repertório do grupo Tincoãs, Deixa a gira girar (Mateus Aleluia, Dadinho e Heraldo Bozas, 1973) e Filho de rei (Mateus Aleluia, 2020) – tem a participação de Margareth Menezes, voz mais potente e quente da Bahia.
O disco é valorizado pela pegada da banda formada por Diego Freitas (bateria), Elbermário (percussão), Gigi Cerqueira (baixo), Gilmar Chaves (trombone), Léo Brasileiro (guitarra), Marcelus Leone (saxofone), Márcio Brasil (percussão), Radamés Venâncio (teclados), Rudney Machado (trompete) e Sequela (percussão), além de Camila Braunna e Pablo Braunna nos backing vocals.
No todo, o EP caloroso de Ivete Sangalo tem axé e emana boas vibrações, com a energia gostosa do verão e do Carnaval de Salvador (BA).
Ivete Sangalo no registro audiovisual do EP ‘O verão bate em minha porta’, gravado em Salvador (BA) em dezembro
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