A força do carvão no sul de Santa Catarina impulsionou uma verdadeira locomotiva que fez história no futebol. O Metropol, fundado em 15 de novembro de 1945, é um dos clubes que da série Esquadrões do Passado, que relembra as glórias de equipes que já não estão mais em evidência no Estado.
O clube de Criciúma teve uma ascensão meteórica, com 10 anos de atividade ininterrupta, com cinco títulos do Campeonato Catarinense – incluindo um tri de 1960 a 1962 e as edições de 1967 e 1969. Daquele clube meteórico, que ousa renascer das cinzas cinco décadas depois, o lateral-direito Zezo, presente em 60, relembra as dificuldades da primeira conquista. O time do Sul conquistou a taça em cima do Marcílio Dias, em Itajaí.
“Para a gente entrar no campo passamos por baixo da arquibancada do Marcílio Dias. Passamos por ali e era laranja podre e tomate caindo em cima de nós”, conta.
Inclusive, o Metropol tem em sua curta história uma excursão para a Europa com 23 partidas, o que rendeu ao clube de Criciúma uma condecoração da Confederação Brasileira de Desportos. Por sinal, até hoje a excursão do time verde e branco em 1962 é considerada uma das mais longas envolvendo equipes do Brasil. Foram 13 vitórias, seis empates e quatro derrotas nas partidas em cinco países.
Do time multicampeão criado em 1959 com o intuito de dar uma nova opção de lazer para os funcionários das carboníferas da região, o legado deixado em todo esse tempo ainda é hoje lembrado é tema de livros e se mantém vivo na memória dos mais experientes. Mas assim como o clube teve uma rápida subida, a queda veio de forma brusca após o rompimento da sociedade entre Diomício Freitas e Santos Guglielmi, que mantinham a Carbonífera Metropolitana e o time de futebol.
“Na época que foi dividida as companhias o Metropol morreu. Se voltasse o Metropol seria o maior sonho da minha vida”, relatou Zezo.
Renascendo
Em 2019 o Metropol iniciou o seu renascimento 50 anos depois.
José Carlos Vieira, o China, assumiu a presidência do clube e fez melhorias na parte estrutural do estádio e do gramado, reativando também as categorias de base.
“Em 2022 nós estreamos em Camboriú e tinha um microfone anunciando que depois de 50 anos o Metropol estava voltando a disputar uma competição oficial”.
Atual presidente, José Clésio Salvaro, o Keko, herdou do pai a paixão pelo Metropol. Ele ajuda a manter viva a memória e o futuro do clube. Ele, aos três anos, relembrou um fato marcante:
“Eu tinha três anos e em 1963 o Santos jogou aqui. Meu pai me deixou em um barranco ao lado do campo e as rádios diziam que o Pelé viria, mas ele não veio. A torcida gritava ‘cadê o Pelé?’ e aquilo gravou na minha cabeça”.
Esquadrões do Passado
A série Esquadrões do Passado é dividida em cinco episódios, trazendo o contexto histórico de clubes de cinco cidades do Estado que já tiveram equipes que foram protagonistas no nosso futebol.
A reportagem ouviu personagens que possuem ligação com esses clubes, ex-presidentes, ex-jogadores, além de personagens atuais para entender o que levou esses clubes a acabarem “sumindo” com o tempo.
Os clubes que fazem parte desta série são Paula Ramos (Florianópolis), Atlético de Ibirama, América (Joinville), Caxias (Joinville), Olímpico (Blumenau) e Palmeiras (Blumenau).