Os suplementos de óleo de peixe, amplamente conhecidos por seus benefícios à saúde cardiovascular, podem não ser tão inofensivos quanto parecem. Um estudo recente publicado na BMJ Medicine revelou que o consumo regular das substâncias pode aumentar o risco de desenvolver fibrilação atrial e até mesmo de sofrer um AVC (acidente vascular cerebral) em pessoas saudáveis.
Segundo a pesquisa, embora os ácidos graxos ômega-3 presentes no óleo de peixe sejam frequentemente associados à redução de inflamações e melhora da saúde do coração, os dados analisados sugerem que os efeitos não são tão simples.
“O uso regular de suplementos de óleo de peixe foi associado a um risco 13% maior de desenvolver fibrilação atrial e 5% maior de AVC em pessoas sem doenças cardiovasculares prévias”, explicam os pesquisadores.
A pesquisa que estudou os suplementos de óleo de peixe
A pesquisa foi realizada com mais de 415 mil participantes no Reino Unido, acompanhados ao longo de quase 12 anos. O estudo analisou a progressão da saúde cardiovascular em diferentes estágios, desde um coração saudável até eventos graves como AVC e morte.
Os resultados mostraram que, para pessoas sem histórico de doenças cardíacas, os suplementos de óleo de peixe aumentaram as chances de fibrilação atrial, uma arritmia que pode levar a complicações como AVC.
Apesar disso, para aqueles já diagnosticados com problemas cardiovasculares, o óleo de peixe mostrou alguns benefícios. “O uso regular foi associado a uma menor progressão de condições como insuficiência cardíaca e infarto do miocárdio”, apontam os autores.
Por que o risco de AVC aumenta?
Os cientistas acreditam que o impacto do óleo de peixe pode variar dependendo da dose e das condições prévias de saúde.
Em proporções maiores, o óleo de peixe pode alterar propriedades das células do coração, como o funcionamento das bombas de sódio e potássio, facilitando o surgimento de arritmias.
Outro ponto levado em consideração pelos cientistas é a composição dos ácidos graxos ômega-3. Estudos sugerem que o EPA (ácido eicosapentaenoico) isolado pode ser mais eficiente para a saúde cardiovascular do que a combinação de EPA e DHA (ácido docosa-hexaenoico), que é comum nos suplementos vendidos no mercado.
Devo parar de usar suplementos de óleo de peixe?
Antes de abandonar os suplementos, é importante avaliar sua condição de saúde e discutir o assunto com um médico ou nutricionista.
O estudo não condena o uso de óleo de peixe em todas as situações, mas reforça que ele deve ser consumido com cautela, principalmente para quem está saudável e busca apenas prevenção.
Além disso, para quem busca os benefícios do ômega-3, o consumo de peixes gordurosos como salmão, sardinha e atum ainda é uma alternativa segura e eficiente.
“A recomendação é incluir peixes na dieta ao menos duas vezes por semana, como sugere o Instituto Nacional de Saúde e Cuidados do Reino Unido”, reforça o estudo.