
Governador participou de evento nesta sexta-feira (6) em SP e disse que agora ‘percebe’ que as câmeras corporais ‘ajudam o agente’. Tarcísio de Freitas durante evento em SP.
Reprodução/ Tv Globo
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou, na noite desta sexta-feira (6), durante um evento sobre os desafios da segurança pública no Brasil, que se arrepende da “postura reativa” que teve sobre o uso das câmeras corporais em policiais.
“Eu particularmente me arrependo muito da postura reativa que eu tive lá atrás. Uma postura que partiu da percepção que aquilo poderia tirar a segurança jurídica do agente ou mesmo causar excitação no momento em que ele precisava atuar. Hoje eu percebo que estava enganado, que ela [a câmera corporal] ajuda o agente”, afirmou.
Durante sua fala no evento organizado pelo Instituto Brasileiro de Ensino Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), o governador não citou os recentes episódios de repressão policial em São Paulo, e reforçou o discurso de que os agentes atuam sob estresse e sofrimento.
“Eu percebo que ela [a câmera] é um fator de contenção e nós precisamos, sim, de contenção e de equilíbrio, porque o grande desafio é como garantir a segurança jurídica daquele agente que está lá na ponta. Que atua, que precisa combater a criminalidade, que está extremamente estressado e está sofrendo o tempo todo. Como não deixar que esse agente público seja esculhambado, seja alvo das piores relações, mas, ao mesmo tempo, não permitir o descontrole”, afirmou.
O governador também falou sobre a preocupação com o discurso, que “tem peso”: “Há erros e tem hora que a gente tem que parar para pensar, fazer uma reflexão. Às vezes, se a gente erra no discurso, a gente dá o direcionamento errado [à equipe]”.
Na manhã da quinta (5), após vários casos de repressão policial terem sido divulgados na imprensa, o governador também havia afirmado que teve uma visão “equivocada” sobre a adoção do equipamento.
Criticava o uso
Relembre as falas de Tarcísio sobre câmeras corporais
Em 2022, antes de ser eleito governador, Tarcísio criticava o uso de câmeras corporais em policiais. A GloboNews relembrou dois momentos em que ele criticou a tecnologia e questionou a eficácia na segurança dos paulistas.
📅22 de agosto de 2022: “Para a polícia, é uma situação de desvantagem em relação ao bandido. Então eu acho que isso, primeiro, na minha opinião, na minha cabeça, isso representa um voto de desconfiança para o policial. Eu estou dizendo para ele, e isso está bem inserido em cada pergunta que me fazem sobre esse tema: eu não confio em você”.
📅2 de janeiro de 2024: “É claro que a gente reflete sobre isso. A gente não descontinua nenhum contrato. Os contratos que nós temos com as câmeras corporais, eles permanecem. Agora, qual é a efetividade da câmera corporal na segurança do cidadão? Nenhuma”.
📅 5 de dezembro de 2024: “Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão, né? Então, eu tinha uma visão equivocada, fruto da experiência pretérita que eu tive – que não tem nada a ver com a questão da segurança pública. Hoje, eu estou absolutamente convencido que é um instrumento de proteção da sociedade, do policial e nós vamos não só manter o programa, mas ampliar o programa”, diz o governador de São Paulo.
Ao ser questionado sobre a investigação do policial militar que atirou um homem do alto de uma ponte, ele respondeu ser preciso mais treinamento, reciclagem de policiais e a compra de mais equipamentos não letais e câmeras. O governador reconheceu, então, ter mudado de opinião sobre o assunto.
A Polícia Militar de São Paulo deve iniciar as operações com as novas câmeras corporais (COPs) nas fardas dos agentes até 17 de dezembro.
O novo modelo permite que a gravação de vídeos pelo equipamento seja feita de forma intencional, ou seja, o policial será responsável pela decisão de quando começar a gravar uma ocorrência. A PM diz que dará treinamento às equipes para acionarem as câmeras em todas as ações.