Disco sai em 23 de setembro com temas ancestrais captados em estúdio montado ao ar livre em floresta do Quilombo São José. Integrantes dos grupos Jongo do Quilombo São José e Jongo do Pinheiral se reúnem no disco ‘Jongo do Vale do Café’
Daniel Lobo / Divulgação
♪ Polo de resistência do jongo, gênero musical cultuado como uma das matrizes rítmicas da música brasileira, o Vale do Café – região que abarca dez municípios e dois distritos situados no Vale do Paraíba sul fluminense – abriga dois quilombos centenários, Jongo do Quilombo São José e Jongo de Pinheiral, comunidades localizadas no interior do Estado do Rio de Janeiro (RJ).
Ambas preservam as tradições do jongo e, por isso mesmo, as duas comunidades quilombolas foram convidadas a se unirem à nova geração carioca de jongueiros do Morro da Serrinha – situado em Madureira, bairro do subúrbio da cidade do Rio de Janeiro (RJ) – no álbum Jongo do Vale Café.
Programado para ser lançado em 23 de setembro, o disco apresenta 32 pontos centenários – e até então sem registros fonográficos oficiais – ao longo de 27 faixas gravadas em uma semana, em terreiro de terra batida situado em floresta do Quilombo São José, no município de Valença (RJ).
Para a gravação do álbum Jongo do Vale Café, foram reunidos mais de 40 cantores e percussionistas no estúdio montado ao ar livre, no meio da floresta.
O disco é uma realização do pesquisador e músico Marcos André, que ingressou no Jongo da Serrinha como cantor e dançarino em 1995 a convite de Darcy do Jongo (1932 – 2001), mestre e pilar dessa comunidade. André assina a direção musical do álbum Jongo do Vale Café em parceria com Thiago da Serrinha.
O engenheiro de som franco-brasileiro Philipe Ingrand, conhecido como Doudou do Som, orquestrou a parte técnica da gravação e fez a mixagem de faixas como Casa de pau a pique tá cochilando, Eu vim aqui para saravá e Morena quem te contou. Já a masterização do disco foi feita na Califórnia (EUA) pelo coreano Ken Lee Mastering.
Responsável por temas como Bombeiro da bomba, Capim d’Angola e Sereno cai, o Jongo de Pinheiral é liderado por três mestras irmãs – Fatinha, Meméia e Gracinha – que, há mais de 40 anos, recolheram os centenários pontos de jongo, aprendidos com pretos velhos atualmente já falecidos, e criaram escola de jongo para repassar a tradição musical para as novas gerações da comunidade.
Já os jongueiros do Quilombo São José – ouvidos em pontos como Galinha assada, Nasci na Angola e Tia Maria – descendem de dois casais de africanos trazidos de Angola em navio negreiro para o trabalho nas fazendas de café, onde ficaram praticamente isolados sem luz elétrica e comunicação até 2005.
O álbum Jongo do Vale Café foi gravado com tambores percutidos por Anderson Vilmar, Geovane, João, Jorjão, Pádua, Jorjão, Thiago da Serrinha, Valdeci e Vitor.
Capa do álbum ‘Jongo do Vale Café’, dos grupos Jongo do Quilombo São José e Jongo de Pinheiral
Daniel Lobo
Dois quilombos fluminenses registram 32 pontos centenários no álbum ‘Jongo do Vale Café’
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