Morto aos 45 anos, artista fluminense marcou época nos bailes ao falar e sofrer de amor em sucessos como ‘Princesa’. ♪ OBITUÁRIO – O sucesso extraordinário da recém-acabada novela Vai na fé (Globo, 2023) amplificou para jovens gerações o canto melodioso de Marcio André Nepomuceno Garcia (11 de novembro de 1977 – 26 de agosto de 2023), o funkeiro fluminense projetado como MC Marcinho na segunda metade da década de 1990.
Rotulado no circuito de bailes como o Príncipe do funk, MC Marcinho foi uma das principais vozes do funk melody, vertente mais romântica e suave do batidão carioca que conquistou o Brasil nos anos 1990.
Morto hoje aos breves 45 anos, em hospital da cidade do Rio de Janeiro (RJ), vítima de infecção generalizada decorrente do agravamento de problemas cardíacos, o artista teve incluídas na trilha sonora de Vai na fé duas músicas que marcaram a trajetória de Marcinho, Garota nota 100 e Glamurosa, ambas de 1998.
Música lançada pelo MC há 25 anos no álbum Sempre solitário (1998), disco gravado com produção musical do DJ Marlboro e coprodução de DJ Batutinha, Garota nota 100 – colaboração de Marcinho com a dupla de hitmakers Michael Sullivan e Paulo Massadas – marcou especialmente a novela por ter reverberado em cenas de flashback como a trilha do amor de juventude vivido entre Sol (Sheron Menezzes / Jê Soares) e Benjamim (Samuel de Assis / Isacque Lopes).
Cantor e compositor nascido em Duque de Caxias (RJ), município da Baixada Fluminense, MC Marcinho entrou em cena em 1993 e viveu um período de auge entre 1995 e 1998. Após tentar a sorte nos bailes, a fama veio para o MC com a inclusão do Rap do solitário nas coletâneas Furacão 2000 e Rap Brasil 3, ambas produzidas e lançadas em 1995.
Em 1997, Marcinho lançou o álbum Porque te amo, dividido com MC Cacau, com quem namorava na época. Desse disco, saiu o sucesso Princesa (MC Marcinho, 1997), funk melody repaginado pela cantora carioca Alice Caymmi no álbum Rainha dos raios (2014).
O romantismo sempre deu o tom do funk de MC Marcinho. Mesmo quando compunha temas mais sensuais, como o já mencionado sucesso Glamurosa, carro-chefe do álbum Falando com as estrelas (1998), o artista se distinguia na multidão de funks sexualmente explícitos por falar e sofrer de amor.
Após o período áureo, a carreira de Marcinho perdeu impulso a partir dos anos 2000 por conta de problemas de saúde e da diminuição de espaço do funk melody. Nos anos 2010, Marcinho ensaiou voltas. Em singles como Fui eu (2019), o MC tentou acompanhar o ritmo acelerado do funk carioca.
Outros singles vieram, casos de Sabe chegar (2020, com Thiago Martins), Desce travando (2022), Salve favela (2022, com Babu Santana) e Quero te levar (2022, com Lourena). Mas nenhum com força para se impor na memória popular como os grandes sucessos emplacados nos anos 1990 pelo príncipe dos bailes MC Marcinho, o garoto nota 100 do funk melody.
Capa de ‘Sempre solitário’, álbum lançado por MC Marcinho em 1998
Aline Martins com arte de Guto Laureano
MC Marcinho, ‘garoto nota 100’ do funk melody dos anos 1990, deixa obra pautada pelo romantismo
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