Quem é C. Tangana, o espanhol obcecado por funk que fez música com Toquinho e MC Bin Laden


Cantor é coautor de ‘Malamente’, de Rosalía, ex dele. Ao g1, ele fala da carreira que vai do hip hop ao flamenco passando pelo amor por futebol: ‘Originalidade é algo que procuro sempre’. Antón Álvarez Alfaro, o C. Tangana, é apaixonado pela tradição, mas não só por ela. O cantor espanhol se encontrou na carreira unindo a música espanhola tradicional com o som que ele chama de “modernidade”: trap, pop latino, novo flamenco e reggaeton.
Em entrevista ao g1, o ex-namorado de Rosalía e dono de um dos discos mais elogiados de 2021, “El Madrileño”, falou sobre a vontade de trabalhar com um produtor de funk carioca. Ele também teve tempo para teorizar sobre o futuro dos clipes.
Antón tem 33 anos e começou a carreira em 2006. Ele é um dos autores da música “Malamente”, de Rosalía. Os dois tiveram um relacionamento que durou quatro anos. Ele também assina “Ateo”, com a argentina Nathy Peluso.
Os dois primeiros álbuns da carreira eram focados no trap. Mas foi o terceiro que o mudou de patamar definitivamente: trata-se de uma viagem entre vários gêneros, incluindo a bossa nova.
“Sinto que fiquei um pouco mais adulto e com medo de acabar me rotulando como alguém que fazia só música urbana. No ‘El Madrileño’ fui um pouco mais honesto comigo mesmo, mais sincero com o que gosto de ouvir. Então, realmente tentei fazer algo que tivesse ligação com o tipo de música que gosto e não apenas com música urbana.”
“El Madrileño” foi o álbum mais vendido na Espanha em 2021 e recebeu mais de 5 milhões de streams no Spotify do país nas primeiras 24 horas. Tornou-se o maior lançamento de um artista espanhol da história da plataforma.
No disco, C. Tangana incluiu uma parceria com Toquinho, em “Comerte Inteira”, inspirada em “Insensatez”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Ele diz que a intenção era fazer um álbum moderno, mas com algo clássico. “Tentei fazer uma mistura, para que não fosse um disco completamente vintage. Queria algo atual e que me representasse e que dure bastante – no sentido de que não virasse algo fora de moda. A originalidade é algo que procuro sempre.”
O trabalho mais recente é o single “Oliveira Dos Cen Anos”, em homenagem ao time de futebol para o qual torce: o Celta de Vigo é um clube centenário da Galícia, região do noroeste da Espanha e terra natal da família dele. O Celta já teve o brasileiro Mazinho como um de seus grandes craques e está na primeira divisão do futebol espanhol. Os únicos títulos de destaque, porém, foram três campeonatos da segunda divisão.
Além da produção musical, ele foi um dos diretores e produtores do videoclipe. “É uma música muito importante para mim, assim como o vídeo. O amor pelo time foi algo passado do meu avô para o meu pai e dele para mim. Então, foi um evento muito importante, durante as gravações estive em família e pude passar mais tempo com minhas tias, meus primos.”
Antón diz ao g1 que em setembro vai lançar um novo projeto focado no audiovisual, o que parece ser uma preocupação constante em todos os seus videoclipes.
“Hoje vivemos em uma cultura que parece que o videoclipe saiu de moda”, ele opina. “Quando eu era adolescente, essa parte na música era importante. Passava tardes inteiras com meus amigos assistindo e analisando clipes. Agora, é como se o ‘boom’ do vídeo estivesse dando lugar a outras coisas, mas para mim sempre foi uma preocupação.”
O músico é sócio da produtora Little Spain, responsável por toda a produção visual de seus vídeos. “Com a Little Spain, comecei a ter uma preocupação ainda maior em estar cercado de coisas bonitas nas produções. Aprendi a me conectar com a estética e me interessei mais por design, arquitetura. Foqieo obcecado em estar em espaços bonitos.”
Vontade de fazer funk carioca
C.Tangana.
Rocio Aguirre
Antón é obcecado por funk carioca e está determinado a se arriscar no gênero. Em 2019, ele lançou “Pa’ Llamar Tu Atención”, com o paulista Mc Bin Laden, mas agora quer trabalhar com produtores cariocas.
“Eu gosto da cena brasileira e o funk é algo que gosto muito. Já faz parte um pouco do que estou experimentando, as batidas. É um ritmo muito particular do Brasil, é algo que está presente na minha música, mas no meu jeitinho.”
“Vejo como um estilo com muita força e gostaria de trabalhar com mais produtores brasileiros, principalmente de funk, porque vocês têm uma visão especial, algo muito particular.”
Na entrevista, Antón pediu uma lista de produtores brasileiros para entender melhor o que está sendo feito no funk hoje. E é claro que ele foi abastecido por alguns bons nomes…
“Se você olhar nas minhas playlists vai encontrar muita coisa. Eu gosto muito de Kevin o Chris, Caetano Veloso. Gosto das músicas mais clássicas, mas não adianta acho que o que o Brasil está fazendo de mais interessante no momento é o funk”.
E o Brasil ignorado na turnê?
Em 2022, C. Tangana passou pela América Latina e fez dois shows em Buenos Aires, na Argentina, com ingressos esgotados. A expectativa era de que a turnê passasse pelo Brasil, mas o país foi ignorado.
“Eu tenho planos de voltar e quero muito ir até o Brasil. Ainda não temos nada confirmado, mas estou ansioso para isso. Amo o país e a cultura, inclusive acho que seria de forte inspiração para mim, então fiquem tranquilos! Estou trabalhando para fazer um show no Brasil.”
Relembre a entrevista de MC Bin Laden ao podcast g1 ouviu:

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