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O mundo todo acompanha as eleições nos EUA, que termina nesta terça-feira (5). A corrida presidencial entre Kamala Harris (Democrata) e Donald Trump (Republicano) vai definir o futuro econômico, político e comercial do país, trazendo reflexos para a economia brasileira.
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Eleições nos EUA podem impactar economia, taxas de importação e energias renováveis no Brasil, afirmam especialistas – Foto: Redação/ND
Isso se dá porque os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Em 2023, houve uma movimentação de US$ 75 bilhões, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Ao R7, especialistas em economia e política internacional apontam que as relações entre Brasil e Estados Unidos podem ser profundamente afetadas com a vitória de qualquer um dos dois candidatos. Entre as áreas de maior sensibilidade estão as exportações, o valor do dólar e as políticas relacionadas ao meio ambiente e à energia sustentável.
Eleições nos EUA devem afetar exportações e tarifas de importação no Brasil
O Brasil possui uma relação robusta de exportações de produtos industriais para os Estados Unidos, com destaque para setores como petróleo, ferro, aço, café e celulose. Porém, esse cenário pode sofrer alterações dependendo do desfecho das eleições americanas.
Um dos pontos centrais na campanha de Donald Trump é a defesa de tarifas alfandegárias, o que poderia aumentar os custos para o Brasil ao vender seus produtos no mercado americano. O especialista em finanças e investimentos, Hulisses Dias, afirma que se isso acontecer, o mercado brasileiro venderá menos aos EUA.
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Dependendo de quem vencer as eleições americanas, taxas de exportação entre Brasil e EUA podem sofrer alterações – Foto: Grupo Allog/ Divulgação
“Com a proposta do Trump de colocar tarifas alfandegárias, as indústrias têxtil, siderúrgica, de papel e celulose teriam menor competitividade, já que elas teriam que pagar um imposto para colocar produtos no país”, explicou o especialista.
Essa postura, segundo o professor de direito internacional Luiz Phillipe Ferreira, que é mestre e doutor pela USP (Universidade de São Paulo), reflete o caráter protecionista das políticas do ex-presidente.
“Essa política protecionista faz parte do slogan ‘faça os Estados Unidos grande novamente’, o que acaba voltando as políticas dele para incentivar a produção nacional. Se o Brasil produzir algo manufaturado que seja semelhante a alguma produção ativa no país, eles vão privilegiar o produto interno”, explicou Ferreira.
Já em relação à candidata Kamala Harris, a expectativa é de maior flexibilidade nas relações comerciais. Durante sua campanha não foram destacadas intenções claras sobre mudanças no comércio exterior.
Os especialistas apontam que, se eleita, Harris deve manter uma postura semelhante à praticada pelo governo de Joe Biden. Isso não traria grandes alterações para o mercado exportador brasileiro.
Valor do dólar, inflação e a influência das eleições americanas
Além das exportações, o câmbio e a valorização do dólar são outras áreas que podem ser impactadas diretamente com o resultado das eleições nos EUA. Josemar Franco, coordenador de comércio internacional da BMJ Consultores Associados, explica que a política econômica do próximo presidente dos Estados Unidos terá reflexo no valor do dólar em relação ao real.
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Valor do dólar e a inflação vai depender da influência das eleições americanas – Foto: Reprodução/ND
“As políticas econômicas de cada candidato podem resultar em maior ou menor inflação. Com isso, se houver um aumento da inflação norte-americana, a taxa de juros pode ser elevada pelo Banco Central dos Estados Unidos, fazendo com que exista uma migração de fluxos de investimentos para o país, fortalecendo o dólar diante das moedas de países emergentes”, detalhou Franco.
Ferreira complementa que, em caso de aplicação de tarifas sobre a importação de produtos, como defendido por Trump, o real poderia se desvalorizar ainda mais.
“Se a gente tiver algum problema nas relações de compra e venda com os Estados Unidos, a tendência é sempre de o dólar aumentar, pois, mesmo que a gente exporte muito, ele continua alto”, afirmou o professor.
No caso de uma vitória de Kamala Harris, o cenário é mais estável. Segundo os especialistas, as propostas de Harris em relação à economia não indicam uma mudança significativa na política de câmbio, o que poderia manter o dólar em um ritmo semelhante ao observado no atual governo.
Meio ambiente e energia sustentável são cenários opostos para o Brasil
As políticas ambientais também se destacam como pontos de divergência entre os candidatos. Kamala Harris, durante sua campanha, reforçou o compromisso com o desenvolvimento de energias limpas e o cumprimento do Acordo de Paris, que visa combater as mudanças climáticas globais.
Uma possível vitória de Harris poderia impulsionar ainda mais a pauta de desenvolvimento sustentável nos Estados Unidos. Caso ocorra, poderá refletir em novos investimentos no Brasil, principalmente no setor de energia renovável, como destaca Hulisses Dias.
“Caso a Kamala vença, a indústria de energias renováveis será mais beneficiada. A gente teria uma maior proteção ambiental contra queimadas e impacto ambiental de novas fronteiras agrícolas, e isso seria negativo da visão do agronegócio”, explicou o especialista.
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Meio ambiente está sob ideias opostas na disputa eleitoral dos EUA – Foto: floresta amazônica WWF Brasil/Reprodução ND
Já Donald Trump propõe o contrário. Sua campanha sugere que os EUA se retirem do Acordo de Paris e que a compra e a produção de veículos elétricos não sejam incentivadas. Essa postura é vista como mais favorável ao agronegócio brasileiro, uma vez que ele defende políticas ambientais menos restritivas.
Ferreira afirma que a vitória de Trump “resultaria em uma redução dos esforços norte-americanos no desenvolvimento de fontes mais sustentáveis de energia”, o que poderia favorecer o setor do agronegócio no Brasil, conhecido por ter um impacto ambiental significativo.
Portanto, seja qual for o resultado das eleições nos EUA, os efeitos nas relações econômicas, comerciais e ambientais com o Brasil serão inevitáveis.
Tanto Kamala Harris quanto Donald Trump trazem propostas que podem redefinir as relações entre os dois países nos próximos anos, influenciando desde o valor do dólar até os rumos do agronegócio e das energias renováveis.
*Com informações do R7.com da Rede Record