Sucessos de P!nk, Roxette e John Legend ganharam versões brasileiras na voz do cantor. A mais recente, ‘Desejo Imortal’, está em 1º entre as mais tocadas nas rádios do país há seis semanas. As versões de Gusttavo Lima: cantor faz sucesso cantando hits internacionais em português
Líder nas rádios nos últimos cinco anos, Gusttavo Lima chegou novamente ao topo das mais ouvidas do segmento. A conquista foi com mais uma versão de música internacional: “Desejo Imortal”.
A faixa foi lançada na segunda quinzena de abril e é a primeira na lista de mais tocadas há seis semanas.
A adaptação para o português dos versos da canção “It Must Have Been Love”, sucesso da banda Roxette no final da década de 1980, foi escrita por Marco Esteves.
Nas redes sociais, Marcos celebrou o lançamento da faixa e desejou à Gusttavo: “Que essa música te faça feliz da mesma forma que ela me faz”.
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Rei das versões do sertanejo
Gusttavo Lima
Divulgação
“Desejo Imortal” não é a primeira versão de hit internacional cantada por Gusttavo Lima a ser bem-sucedida.
A primeira delas, aliás, colocou Gusttavo em outro patamar na música sertaneja. Conhecido atualmente por sua vertente romântica, o cantor estourou no país com hits dançantes como “Balada Boa (Tchê Tchê Rere)”, “Gatinha Assanhada” e “Doidaça”.
Mas em 2013, Gusttavo quebrou essa linha de artista baladeiro ao lançar “Diz pra mim”, versão de “Just Give Me A Reason”, uma parceria entre a cantora americana P!nk e o ex-vocalista da banda Fun, Nate Ruess.
Leia também: Nate Ruess quase negou hit com Pink e quer ouvir versão de Gusttavo Lima
Naquele ano, “Diz pra mim” ficou na 26ª posição do ranking anual das músicas mais tocadas nas rádios do Brasil. A original, “Just Give Me A Reason”, lançada um ano antes, chegou a 46º.
Dez anos separam os dois sucessos, “Diz pra mim” e “Desejo Imortal”. Mas nesse meio tempo, Gusttavo ainda cantou outras versões bem-sucedidas:
“Na Hora de Amar” – (versão de “Spending My Time”, de Roxette)
“Quando Um Grande Amor Se Faz” (versão de “Cantare e D’Amore”, de Amedeo Minghi)
“O melhor de mim” (versão de “All of me”, de John Legend)
Vale lembrar que a versão não é exatamente uma tradução literária, já que as rimas podem se perder nesse processo.
Ela pode conter desde uma tradução mais trabalhada até uma canção que se atenha apenas à melodia da música original, esquecendo-se do significado original dos versos.
Em “Desejo Imortal”, por exemplo, o versionista até mantém o tema (o fim do amor) no refrão, mas não se prende às palavras originais:
Na versão de Roxette, o refrão diz:
It must have been love, but it’s over now
It must have been good, but I lost it somehow
It must have been love, but it’s over now
From the moment we touched, ‘til the time had run out
A tradução livre seria:
Deve ter sido amor, mas agora acabou
Deve ter sido bom, mas de alguma forma eu o perdi
Deve ter sido amor, mas agora acabou
Desde o momento que nos tocamos até nosso tempo acabar
Já Marco esteves optou por:
A gente faz amor
E eu me sinto mal
Você já tem alguém
E acha normal
A gente faz amor
E eu me sinto mal
Mas eu quero de novo
O meu desejo é mortal
A mesma técnica foi usada em “Diz pra mim” (“Just Give Me A Reason”):
Na versão em inglês com P!nk e Nate Ruess, o refrão diz:
Just give me a reason
Just a little bit’s enough
Just a second
We’re not broken just bent
And we can learn to love again
It’s in the stars
It’s been written in the scars on our hearts
We’re not broken just bent
And we can learn to love again
Em tradução livre, o refrão seria:
Dê-me apenas um motivo
Só um pouquinho já é o suficiente
Só um segundo
Não estamos quebrados, apenas curvados
E podemos aprender a amar novamente
Está nas estrelas
Foi escrito nas cicatrizes dos nossos corações
Não estamos quebrados, apenas curvados
E podemos aprender a amar novamente
Mas Rodolpho Camilo optou por escrever:
Diz o que é preciso pra te ter aqui comigo
Pra fazer o nosso amor reviver
Pra não te perder
O que é preciso pra te ter aqui comigo
E a velha chama reacender
Pra não te perder
Gusttavo Lima durante show na Festa do Peão de Americana
Júlio César Costa/g1
Versão por encomenda
“Diz pra mim” e “O melhor de mim” tiveram o mesmo caminho de início, mas destinos diferentes.
Em entrevista ao g1, Rodolpho Camilo, responsável pelas duas versões, contou que Marcos Araújo, conhecido como Marquinhos, era empresário de Gusttavo Lima na época e o convocou para as duas produções.
Primeiro foi “Diz pra mim”. Em abril de 2013, o empresário estava nos Estados Unidos quando ligou para Rodolpho mostrando a faixa original tocando nas rádios.
“Aí ele falou assim: ‘faz essa versão pro Gusttavo Lima gravar, que vai ser sucesso no Brasil, essa música é maravilhosa'”, relembra Rodolpho.
A ideia inicial era repetir o feat entre Pink e Nate e fazer uma versão nacional de Gusttavo com alguma artista brasileira. Ivete Sangalo ou Claudia Leitte estavam nos planos. E, assim, Rodolpho escreveu a versão pensando no diálogo do dueto. Mas Gusttavo acabou gravando a faixa sozinho mesmo.
“Eu lembro que eu fui para debaixo de uma árvore na casa que eu morava, tava bem tranquilo, bem suave. Comecei a escutar a música. Em 10, 15 minutos, escrevi a letra”, conta o compositor.
Depois de a gravação ser feita, chegou o momento de a equipe do cantor enviar a versão para liberação e aprovação nos Estados Unidos. Sem ela, a faixa não poderia ser comercializada. No processo, Rodolpho precisou traduzir os versos do português para o inglês. Dias depois, veio a liberação.
“Só que com a condição de que os direitos autorais realmente iriam para eles”. Com isso, Rodolpho e Gusttavo (o cantor também aparece nos créditos da versão, embora não tenha incluído nenhuma palavra) não ganham qualquer porcentagem sobre os direitos autorais de “Diz pra mim”.
O versionista recebeu, na época, um valor pela composição. “Me deu uma condição… de comprar uma caminhonete, alguma coisa, organizar a vida aqui e ali. Mas não foi algo assim expressivo, que mudasse [minha vida]”. E depois disso, mais nada.
Mas Rodolpho concorda com a forma como isso acontece. Já que, para ele, “uma letra sem uma melodia é um poema. É um texto, é algo assim, que não é tão passado para frente como a música com a melodia. E isso veio deles. O grande crédito dessa música tocar muitas pessoas realmente é a melodia.”
Gusttavo Lima com Rodolpho Camilo
Arquivo pessoal/Rodolpho Camilo
Já para “O melhor de mim”, Rodolpho não recebeu nada pela versão. Muito menos, pelos direitos autorais, já que, diferentemente do que aconteceu com “Diz pra mim”, a versão foi barrada quando bateu na equipe de John Legend.
“O pessoal lá de fora não quis autorizar. Eles não quiseram porque eram contra a versão, saía da fidelidade da música. E aí eles não investiram muito dinheiro pra música rodar e tudo mais.”
Gusttavo chegou a gravar um clipe com a faixa, que ainda está disponível no YouTube e conta com mais de 46 milhões de visualizações. Mas ela não aparece em nenhum álbum do cantor nem nas plataformas de streaming musicais.
“Eu fiquei [triste] porque foi uma música que ficou muito bonita. E eu tinha essa expectativa que ela ia também bater o topo das paradas e ficar nos primeiros lugares. Mas não foi como a Pink, que eu tive que mandar a versão de português traduzida para inglês. Eles simplesmente falaram ‘não’. E não quiseram ouvir nada e pronto”, conta Rodolpho.
Mais uma do Roxette
Outra versão brasileira de sucesso internacional gravada na voz de Gusttavo Lima foi “Na Hora de Amar”, originada de mais um hit de Roxette (“Spending My Time”).
Escrita em 1998 por César Augusto, a música foi gravada originalmente, naquele ano, pela dupla Cleiton e Camargo. Gusttavo regravou quase 20 anos depois, em 2017, para o DVD “Buteco do Gusttavo Lima”.
O sertanejo ainda regravou uma segunda versão também cantada por Cleiton e Camargo anos antes: “Quando Um Grande Amor Se Faz”.
Mais uma vez escrita por César Augusto, a faixa é uma versão de “Cantare e D’Amore”, do artista italiano Amedeo Minghi.
Os versos em português foram escritos em 1997 e gravados pela dupla naquele ano. Gusttavo regravou em 2021, para o DVD “O Embaixador Falando de Amor”.
Em conversa com o g1, César Augusto explicou que prefere chamar esses trabalhos de “adaptação”.
“Porque eu não sigo a letra original. Eu não falo inglês, por exemplo. Não falo italiano. Falo um pouco de espanhol. Então eu vou mesmo pela sonoridade do original, mesmo sem ser o mesmo sentido”, explica o produtor e compositor.
César Augusto e Gusttavo Lima
Reprodução/Instagram
César conta que, apesar de já ter produzido um trabalho de Gusttavo, não teve contato com o cantor no processo de liberação das duas canções. Foi tudo direto com a gravadora.
Mas o produtor explicou que, na época que escreveu as músicas para Cleiton e Camargo, recebeu um cachê apenas pelas versões. E, assim como Rodolpho Camilo, ficou sem qualquer porcentagem de direitos autorais. O acerto sobre esse tipo de pagamento costuma ficar entre as editoras musicais dos artistas.
“Eu acho que eles deveriam pagar porque é um trabalho também original. Eu sou o autor dessa nova letra. Então eu acho que eu deveria receber por isso também. A gente acaba trabalhando gratuitamente pelo sucesso da música de outra pessoa. Gratuitamente, porque é um cachê que representa muito pouquinho diante do sucesso que essa música passa a ter”, lamenta.
Ainda sobre Gusttavo, César diz acreditar que o sertanejo encontrou um nicho ao trabalhar com versões de músicas internacionais. “Ele encontrou um gancho para novos sucessos. Acho bacana. Acho legal.”
“O Gustavo está num momento mágico da carreira dele. Nem é pela versão, eu acho. Hoje o momento é dele”, elogia César.
Gusttavo Lima foi a sexta atração da festa que começou na quarta, em Salvador
Enaldo Pinto/Ag Haack
Versões de Gusttavo Lima: cantor emplaca mais um hit internacional adaptado para o português
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