
Preocupação dos produtores aumentou na mesma velocidade que o preço do café. Na mesma época em 2024, a saca do produto custava, em média, R$ 1 mil. Hoje, chega a R$ 2,5 mil. Foto de café
Jornal Nacional
A alta no preço do café levou insegurança às lavouras no sul de Minas Gerais.
Há mais de três décadas, Alessandra Peloso é cafeicultora em Boa Esperança, cidade de 41 mil habitantes. Desde que o preço do café aumentou em junho de 2024, ela foi vítima de bandidos três vezes.
“Levaram de mim café no pé. Porque eu só pude ver quando eu fui colher e eu vi que várias ruas já tinham sido já feitas, colhidas antes de mim”, conta.
O último furto foi em janeiro de 2025. Ladrões levaram 170 sacas de um café premiado estocado no armazém dela. O investimento em segurança só veio depois.
“Enchi de câmera, pus bateria, pus tudo, pus alarme, pus sirene… Coloquei tudo que eu poderia ter colocado para estar inibindo”, diz a cafeicultora Alessandra Peloso.
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Bandidos levaram sacas de café da caminhonete do Fernando Barbosa, presidente da Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas.
“Justamente nessa época de período de safra. Então, a gente pede para o pessoal tem que ficar conectado junto à Polícia Militar e Civil para que possa não ter não acontecer o que aconteceu com a gente dentro da propriedade”, diz.
A preocupação dos produtores aumentou na mesma velocidade que o preço do café. Nesta mesma época em 2024, a saca do produto custava, em média, R$ 1 mil. Hoje, chega a R$ 2,5 mil. Não existe uma estatística específica sobre roubos e furtos nas lavouras. E esse é um dos pedidos dos produtores de café na zona rural de vários municípios no sul de Minas Gerais. Eles também pedem rondas policiais noturnas durante o período da colheita que começa no fim de abril.
“Todos, indiscutivelmente, grandes, pequenos e médios estão preocupados com essa segurança. Várias cidades têm a patrulha rural, que faz ronda diariamente, mas nós queremos que eles agora, nesse período principalmente, façam rondas mais no período da noite”, diz Henrique Rezende Pacheco, presidente do Sindicato Rural de Boa Esperança.
Nesta segunda-feira (31), produtores, sindicatos, cooperativas e forças de segurança se reuniram para discutir o assunto.
“A gente começa a ver relatos, é algo que a gente vem conversando de risco de roubo de café ainda na árvore. Então, o produtor tem que estar atento e tentar, cada um com a sua estratégia, dentro da sua realidade, cuidar da sua produção”, afirma Ricardo Schneider, presidente do Centro do Comércio de Café/ MG.
“A gente vem trabalhando ao longo do ano, não somente agora na safra. Então, esse é um trabalho preventivo que a Polícia Militar faz, além do trabalho que já é feito com patrulhamento rural nos diversos municípios aqui da região e, consequentemente, também traduzindo estratégias em conjunto com os produtores rurais”, diz o coronel Jardel Trajano de Oliveira Gomes.
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