Hélio Turco (1935 – 2023) foi campeão que honrou a Estação Primeira de Mangueira


♪ OBITUÁRIO – Mesmo que não tivesse sido eleito Presidente de Honra da escola de samba Estação Primeira de Mangueira em outubro de 2021, Hélio Rodrigues Neves (15 de novembro de 1935 – 8 de junho de 2023), o Hélio Turco, já teria garantido lugar vitalício entre os nobres mais nobres da agremiação carnavalesca verde-e-rosa.
Hélio Turco morreu ontem, aos 87 anos. Foi morar no infinito, para citar verso de samba-enredo da Portela, outra escola fincada na tradição da folia carioca, mas fica na história pelos majestosos sambas-enredos compostos para a Mangueira. Conseguiu levar 16 para a avenida, recorde que fez dele o maior vencedor de sambas da escola. E, desses 16, seis deram o campeonato à Mangueira.
Mesmo quando a Mangueira ficou sem a vitória, como no Carnaval de 1988, o samba de Turco ficou na memória popular, caso de 100 anos de liberdade – Realidade ou ilusão? (Alvinho, Jurandir e Hélio Turco), obra-prima alçada ao posto de hino do Dia da Consciência Negra pela letra lapidar que exalta o povo negro ao mesmo tempo em que questiona a efetiva liberdade do povo preto – “livre do açoite da senzala”, mas “preso na miséria da favela” – na sociedade brasileira manchada pelo preconceito racial.
Compositor desde 1957, Hélio Turco tinha temperamento impulsivo. Era esquentado. Talvez por isso mesmo, tenha sido adepto de práticas espiritualistas.
Apaixonado por balões, Turco sempre confidenciou que não tocava instrumentos. Ainda assim, fazia letra e música de samba-enredo. O primeiro dele a ir para a avenida, em 1959, foi Brasil através dos tempos, parceria do compositor com Pelado e Cícero.
Campeão do Carnaval de 1984, o samba Yes, nós temos Braguinha! (Hélio Turco, Jurandir, Comprido, Jajá e Arroz) é um dos atestados da inspiração intuitiva do compositor.
Hélio Turco fez história na Mangueira. E está na história do samba.

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