Após comentário de presidente da Conmebol, Brasil diz que entidade ‘falha’ com frequência no combate ao racismo


Alejandro Domínguez disse que Libertadores sem equipes do Brasil ‘seria como Tarzan sem Chita’. Conmebol tem sido cobrada a agir diante de casos de racismo contra brasileiros. Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol
Jorge Adorno/Reuters
O Ministério das Relações Exteriores divulgou nesta quarta-feira (19) uma nota na qual afirma que a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) “falha reiteradamente” no combate ao racismo no esporte.
A nota foi divulgada como resposta a um comentário do presidente da entidade, Alejandro Domínguez, no qual ele disse que uma eventual edição da Taça Libertadores sem a participação de times brasileiros “seria como Tarzan sem Chita”.
Declaração de presidente da Conmebol provoca repúdio do governo e de jogadores brasileiros
A entidade tem sido cobrada por equipes brasileiras em razão dos frequentes atos de racismo praticados por jogadores e torcedores de outros países contra atletas e torcedores negros. Esse episódios são frequentes em partidas de campeonatos organizados pela Conmebol.
“O governo brasileiro repudia, nos mais fortes termos, as declarações do Presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol […] em entrevista à imprensa após cerimônia de sorteio da fase de grupos dos torneios promovidos por aquela entidade”, afirmou o Itamaraty.
“As declarações ocorrem em contexto em que as autoridades da Conmebol têm reiteradamente falhado em adotar providências efetivas para prevenir e evitar a repetição de atos de racismo em partidas por ela organizadas, incluindo medidas para combater a impunidade e promover a responsabilização dos responsáveis”, acrescentou o ministério.
Conmebol precisa ‘reprimir’ atos racistas
Caso Luighi: jogador palmeirense vítima de racismo fala ao Fantástico
No episódio mais recente de racismo no futebol, registrado no início deste mês, o jogador Luighi, do Palmeiras, foi alvo de ataques durante partida pela Libertadores Sub-20, no Paraguai.
Quando ele tocava na bola, torcedores paraguaios imitavam macacos. Após a partida, o jogador questionou, em entrevista, até quando as pessoas vão aceitar esse tipo de comportamento.
O caso gerou manifestações públicas do presidente do Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de diversas autoridades, que cobraram punição dos responsáveis pelos atos racistas.
“Todo apoio ao nosso jovem Luighi, do Palmeiras, vítima de ato racista no Paraguai. O futebol significa trabalho coletivo, superação e respeito. Racismo significa o fracasso da humanidade. Basta de ódio disfarçado de rivalidade”, publicou Lula em uma rede social na ocasião.
Na nota divulgada após as declarações do presidente da Conmebol, o governo brasileiro defendeu que a entidade atue para “coibir e reprimir” atos de racismo, promovendo políticas de igualdade racial e buscando ampliar o “acesso de pessoas afrodescendentes, imigrantes e outros grupos vulneráveis ao esporte”.
“O governo brasileiro reitera seu compromisso com iniciativas de combate ao racismo e de promoção da igualdade racial, inclusive medidas contra qualquer tipo de discriminação nas diferentes modalidades de esportes”, afirma a nota.
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