
Já ouviu falar na “síndrome da criança de ouro”? Para quem não sabe, filhos constantemente exaltados e favorecidos pelos pais podem desenvolver essa síndrome. Embora pareça vantajoso, essa dinâmica familiar pode levar a problemas psicológicos sérios, tanto para a criança favorecida quanto para seus irmãos.

A síndrome da criança de ouro ocorre quando os pais exaltam e favorecem demais um único filho – Foto: Canva/ND
Conforme um estudo publicado na Journal of Family Psychology, o favoritismo parental está diretamente associado a maiores níveis de ansiedade e depressão entre os filhos.
A terapeuta Becca Reed, especialista em saúde mental perinatal e traumas, explica que a síndrome da criança de ouro internaliza que o amor e a aceitação estão condicionadas ao cumprimento das expectativas familiares. Isso pode resultar em perfeccionismo extremo, medo de fracasso e uma necessidade constante de validação externa.
Com o passar do tempo, essas crianças tendem a desenvolver dificuldades nos relacionamentos pessoais, baixa autoestima e desafios na formação da identidade. Segundo um estudo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, mostrou que adultos que cresceram sob uma pressão excessiva apresentam maior vulnerabilidade ao esgotamento emocional e ao transtorno de ansiedade generalizada.
Como a síndrome da criança de ouro pode afetar a família

Embora a síndrome da criança de ouro não seja um diagnostico formal, muitos de identificam com suas características – Foto: Canva/ND
A psicoterapeuta Rachel Goldberg ressalta que embora a “síndrome da criança de ouro” não seja um diagnóstico formal no DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), muitas pessoas se identificam com suas características.
Entre os sinais mais comuns desse fenômeno estão:
- Pais que exaltam constantemente um filho enquanto minimizam as conquistas dos outros;
- Competitividade excessiva e ressentimento entre irmãos;
- Pressão para representar as expectativas e sonhos não realizados dos pais.
A Associação de Psicologia Americana alerta que esse tipo de favoritismo pode gerar uma percepção distorcida da realidade para a criança favorecida, dificultando sua capacidade de lidar com desafios no futuro.
O efeito colateral da síndrome da criança de ouro
Crescer em um ambiente onde tudo gira ao redor do seu sucesso pode levar a um sentimento de direito adquirido. No entanto, quando essas crianças enfrentam a realidade fora do núcleo familiar, podem ter dificuldades para lidar com rejeição, críticas ou fracassos.
A psicóloga Becca destaca que esse tipo de criança aprende que seu valor está condicionado às conquistas, o que pode resultar em crises emocionais diante de fracassos. Além disso, a busca incessante por aprovação pode dificultar a construção de relacionamentos saudáveis.

A psicóloga Becca destaca que esse tipo de criança aprende que seu valor está condicionado às conquistas – Foto: Canva/ND
Como sair dessa dinâmica
Para romper com esse padrão tóxico, a psicóloga recomenda estratégias que promovam um ambiente familiar mais equilibrado:
- Trabalho na autoestima: estimular a autovalidação e o reconhecimento das qualidades além dos resultados acadêmicos ou profissionais;
- Estabelecimento de limites saudáveis: incentivar um equilíbrio entre esforço, descanso e prazer;
- Terapia familiar: um estudo da Faculdade de Medicina de Harvard mostrou que a terapia familiar pode ser eficaz na reconstrução de relações mais saudáveis e na redução do impacto emocional causado pelo favoritismo parental.
A “síndrome da criança de ouro” pode parecer, à primeira vista, um privilégio, mas na realidade é uma carga emocional que pode comprometer o desenvolvimento e o bem-estar da criança. Por isso, compreender os impactos desse comportamento e buscar mudanças na dinâmica familiar são passos essenciais para criar seus filhos.