
Com a presença do governador catarinense Jorginho Mello (PL) no palanque montado no Rio de Janeiro no domingo (16), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou aos militantes fieis que o ex-adversário Gilberto Kassab (PSD) “está do nosso lado”. Se é a senha para readequações nos discursos e na composição de palanques estaduais ou um mero armistício, o tempo vai dizer.

Tarcisio Freitas, Flávio Bolsonaro, Jair Bolsonaro e Jorginho Mello – Foto: Divulgação/ND
Certo é que a fala de Jair Bolsonaro deixa mais efervescentes as narrativas das lideranças políticas da direita catarinense sobre as eleições de 2026. Ao anunciar a paz com o presidente nacional do PSD, Bolsonaro gerou argumentos para todos os gostos em Santa Catarina.
No ato convocado para defender a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, quando bolsonaristas invadiram e depredaram a sede dos três poderes em Brasília, Bolsonaro disse que a proposta já conta com o apoio de metade da Câmara dos Deputados. Foi quando fez o afago a Kassab.
“E deixo claro aqui, esse 50% não é PL, não. Tem gente boa em todos os partidos. Eu, inclusive, há poucos dias tinha um velho problema e resolvi com o Kassab, em São Paulo. Ele está ao nosso lado com a sua bancada para aprovar a anistia em Brasília. Todos os partidos estão vindo”, disse Bolsonaro.
João Rodrigues defende confronto de PSD e PL
A fala de Bolsonaro foi comemorada em diversos grupos políticos à direita no Estado. No PSD, o grupo ligado ao pré-candidato a governador João Rodrigues (PSD), atual prefeito de Chapecó, entendeu que foi endossada a tese de que não é preciso estar no PL para ser bolsonarista – tese que baliza a tentativa de polarização prévia entre Rodrigues e Jorginho Mello.
No grupo pessedista que quer compor com o governador em 2026, liderado pelo prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD), a fala é um argumento a mais pela aproximação das legendas. No final de 2024, Topázio e Paulo Bornhausen promoveram um encontro entre Jorginho e Kassab em São Paulo.
Jorginho sonha com aliança ampla à direita
No PL, o aceno de Bolsonaro a aliados de outros partidos em que haja “gente boa” ajudaria a livrar Jorginho de amarras políticas na composição de uma ampla aliança em 2026. No início do mês, o ex-presidente disse ter acordo com Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do PL, para indicar as duas vagas de senador nos Estados, citando as deputadas federais Caroline de Toni (PL) e Júlia Zanatta (PL) como opções em Santa Catarina.
Se a escolha, mesmo com aval de Bolsonaro, puder ser feita em outros partidos, Jorginho passa a ter opções de composição com nomes como o do atual senador Esperidião Amin (Progressistas) ou Adriano Silva (Novo), prefeito de Joinville.
Até mesmo as esquerdas, ainda discretas no tabuleiro de 2026, são atiçadas pelo gesto de Bolsonaro a Kassab. Depois de duas candidaturas do governo de Décio Lima (PT) em 2018 e 2022 – quando o petista chegou ao segundo turno -, o PT e seus aliados ainda não têm pré-candidatura clara ao governo. Mas, já ensaiam o discurso de que PL e PSD (que tem três ministros no governo Lula) são farinha do mesmo saco.