
Hayra Vitória Pereira Nunes, mãe de santo de 22 anos, foi presa em Brasilinha, Goiás, após uma adolescente de 17 anos relatar à polícia que foi vítima de abuso sexual, tortura e agressões. Os crimes ocorreram em um terreiro de Umbanda em Gama, no Distrito Federal.

Mãe de santo foi presa após relato de adolescente que foi vítima de tortura e exploração sexual – Foto: Divulgação/DepositPhotos/ND
A vítima havia procurado a Tenda Espiritual Vovó Maria Conga Aruanda em setembro de 2024, quando estava em processo de transição de gênero. A mãe de santo Hayra prometeu acolhimento e emprego, visto que a jovem não tinha aceitação de sua família.
“Ela (Hayara) era uma pessoa simples e superacolhedora, fez a minha cabeça. Quando fui ver, já estava no fundo do buraco, vi que ela agredia a outra menina a pauladas, sempre no rosto, e a próxima com certeza seria eu”, relatou a adolescente ao Metrópoles.
Após um período realizando serviços domésticos no local, a jovem passou a ser explorada sexualmente. “Ela nos transformou em escravos, éramos obrigadas a nos prostituir. Também posávamos para fotos íntimas para atrair clientes. Toda a quantia ia para a conta dela”, contou a adolescente.
Mãe de santo torturava a adolescente no terreiro
Além da exploração sexual, a adolescente relatou ser vítima de tortura na Tenda Espiritual. Certo dia, enquanto fazia tarefas domésticas, foi abordada pela mãe de santo, que a questionou sobre o desaparecimento de R$ 200.
“Fui obrigada a falar que tinha realmente feito aquilo porque sabia que seria pior se eu questionasse. Então, ela me deu nove pauladas, nos braços e nas mãos. Eu não tinha mais músculos, estava desnutrida”, descreveu sobre os momentos de terror.
Outros episódios de tortura descritos pela adolescente envolvem queimaduras, cortes pelo corpo, corte do cabelo e, em um caso mais extremo, a jovem foi obrigada a lamber pimenta do chão.
Adolescente conseguiu escapar e investigação iniciou
A adolescente conseguiu escapar do terreiro no dia 26 de janeiro e procurou seu pai. Ela foi levada para o hospital, onde passou por diversas cirurgias reparadoras. Com base nos depoimentos, a Polícia Civil do Distrito Federal iniciou uma investigação por maus-tratos, exploração sexual, cárcere privado e agressão.
Ao saber que estava sendo investigada, Hayra fugiu para Brasilinha, onde foi presa na última quinta-feira (6). Em depoimentos, a mãe de santo, seu marido e um funcionário da Tenda Espiritual deram versões contraditórias do caso. Hayra, em sua fala, negou envolvimento nas agressões e disse não saber a origem das queimaduras.
No momento em que chegamos na nova casa, ela já estava com outro adolescente de 15 anos, que a chamava de mãe. Dá um indicativo de que ela continuaria fazendo novas vítimas”, afirmou o delegado William Ricardo.
Outra mulher que vivia na tenda foi localizada e relatou também estar fugindo da agressora. “Ela disse que era tratada como escrava. Estava com hematomas pelo corpo e muito assustada”, concluiu o policial.