
Ao menos sete clínicas da metrópole não possuem mais imunizantes. Em uma delas, lista de espera chega a 350 pessoas. Na rede pública, jovens de 10 a 14 anos podem tomar a vacina nos 68 centros de saúde. Em meio à epidemia de dengue, clínicas de Campinas (SP) estão sem estoque de vacina
As clínicas particulares de Campinas (SP) estão sofrendo com desabastecimento de vacina contra a dengue. Levantamento realizado pela EPTV, afiliada da TV Globo, aponta que seis estabelecimentos estão sem o imunizante e um deles reserva todo o estoque para quem já tomou a primeira dose.
Uma das clínicas disse estar com mais de 350 pessoas em uma lista de espera. No entanto, parte dos estabelecimentos não trabalha com esse tipo de controle devido à imprevisibilidade da quantidade e da incerteza data para repor o medicamento.
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A Secretaria de Saúde de Campinas informou que todos os 68 centros de saúde (CSs) estão com vacinas disponíveis, no entanto, seguindo orientação do Ministério da Saúde, as doses são direcionadas apenas para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.
Desde o início de 2025, Campinas confirmou 3.811 casos de dengue. Em 2024, a cidade viveu a pior epidemia de dengue de sua história, foram mais de 121 mil casos e 90 mortes.
Segundo a prefeitura, a campanha de vacinação que começou em 11 de abril de 2024 aplicou 31,1 mil doses até 4 de fevereiro deste ano entre primeira e segunda dose. Foram 21.042 pessoas que receberam a primeira dose, mas apenas 10.059 tomaram a segunda.
“Nós estamos com muita dificuldade de compra de vacina. O laboratório Takeda não tem entregado. Toda a produção dele está indo para o Ministério de Saúde e tem recebido poucas doses mensalmente, mas pouquíssimas doses mesmo”, diz o médico pediatra Luis Verri.
Mosquito transmissor da dengue
Reprodução EPTV
Falta de vacina
O médico pediatra Luis Verri disse que embora as clínicas particulares possam aplicar o imunizante para um público mais amplo, pessoas entre 4 e 60 anos, já faz um tempo que ele não se encontra disponível na quantidade necessária.
Segundo a EPTV, entre as 10 unidades consultadas:
Seis clínicas estão completamente sem estoque,
Uma ainda possui doses, mas que estão reservadas para quem já tomou a primeira vacina
Três clínicas não dão vacina de dengue.
Verri comentou que o laboratório onde presta serviço ainda possui algumas vacinas em estoque, mas que são apenas para pacientes que já tomaram a primeira dose e precisam voltar para a segunda
O médico explicou que entende a limitação imposta pelo Ministério da Saúde para a aplicação do imunizante em jovens entre 10 e 14 anos, e a necessidade de reservar a maior parte da produção para a rede pública. No entanto, pondera que a população desta idade não tem costume de ir ao posto de saúde ou ao médico.
Além disso, ele falou que houve pouca divulgação sobre a campanha de vacinação, que deveria ter ocorrido mais propaganda por parte das três esferas de governo. E em paralelo, até como forma de ampliar o alcance, fazer a aplicação dos imunizantes nas escolas.
“Percebo que tem muitos pacientes que não sabem que essa vacina está sendo aplicada”, disse.
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Mosquito do Aedes aegypti, transmissor da dengue
Carlos Bassan/Prefeitura de Campinas
A Secretaria de Saúde de Campinas (SP) publicou na última quinta-feira (27) a oitava edição do Alerta Arboviroses em 2025 em que lista 19 bairros da metrópole com alto risco de transmissão da dengue. São eles:
Leste: Chácara da Barra e Núcleo Residencial Gênesis;
Noroeste: Jardim Ipiranga;
Norte: Parque Via Norte, Parque Beatriz, Jardim Aurélia, Botafogo e Bonfim;
Sudoeste: Jardim Alvorada, Jardim Capivari e Jardim Novo Campos Elíseos;
Sul: Vila Rica, Vila Mimosa, Vila Pompéia e Parque São Paulo;
Suleste: Jardim Conceição (Sousas), Vila Formosa, Jardim Bom Sucesso e Jardim São Gabriel.
De acordo com a pasta, para elaborar o material são considerados indicadores como incidência de casos, eventual registro de nova transmissão, necessidade de reforçar trabalhos por conta da quantidade de imóveis sem acesso, densidade populacional, e a comunicação sobre ações dos agentes.
Segundo a secretaria, o alerta também se aplica aos bairros menores localizados próximos das regiões indicadas acima. Desta forma, os moradores das proximidades devem permanecer atentos e adotar medidas para combater o Aedes aegypti.
Em complemento, a pasta informa que as orientações valem ainda para toda a cidade, incluindo bairros listados nas semanas anteriores e que não estão indicados nesta edição.
Outras cidades da região
Ao todo, a região de Campinas (SP) contabiliza 34 mortes causadas por dengue em 2025. Confira os números por município abaixo.
Mogi Guaçu – 13
Amparo – 8
Americana – 6
Indaiatuba – 2
Artur Nogueira – 1
Campinas – 1
Espírito Santo do Pinhal – 1
Hortolândia – 1
Mogi Mirim – 1
Em Morungaba (SP), o prefeito Luis Fernando Miguel (União) declarou emergência em saúde pública, nesta quarta (5), por conta do crescimento no número de casos de dengue.
Segundo a prefeitura, foram registrados 34 casos da doença este ano, o que caracteriza uma epidemia no município.
Com a emergência decretada, pode ser autorizada a adoção de medidas administrativas necessárias à contenção de arboviroses, como aquisição de insumos, materiais e serviços; prorrogação de contratos e convênios para o combate ao mosquito transmissor; assistência à saúde dos pacientes e ações de vigilância epidemiológica.
Como saber se é grave
A Secretaria de Saúde recomenda aos moradores que, caso apresentem febre, procurem centros de saúde “imediatamente para diagnóstico clínico” e não banalizem os sintomas ou façam automedicação.
Embora a dengue não tenha um medicamento específico, há uma série de medidas clínicas que podem evitar o agramento e óbito, se feitas a tempo. Por isso, é preciso ficar atento aos sinais de alarme. São eles:
Dor abdominal;
Muitos vômitos;
Algum sinal de sangramento (gengiva, por exemplo);
Menstruação em maior volume, no caso das mulheres;
Sensação de desmaio
Orientações à população
🌡️ A dengue causa febre alta e repentina, dores no corpo, manchas vermelhas na pele, vômito e diarreia, resultando em desidratação.
🚨 Ao apresentar algum desses sintomas, o morador deve procurar uma das unidades de saúde da cidade para atendimento médico, segundo a Secretaria de Saúde.
Algumas medidas de prevenção são:
Utilize telas de proteção com buracos de, no máximo, 1,5 milímetros nas janelas de casa;
Deixe as portas e janelas fechadas, principalmente nos períodos do nascer e do pôr do sol;
Mantenha o terreno limpo e livre de materiais ou entulhos que possam ser criadouros;
Tampe os tonéis e caixas d’água;
Mantenha as calhas limpas;
Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo;
Mantenha lixeiras bem tampadas;
Deixe ralos limpos e com aplicação de tela;
Limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia;
Limpe com escova ou bucha os potes de água para animais;
Limpe todos os acessórios de decoração que ficam fora de casa e evite o acúmulo de água em pneus e calhas;
Coloque repelentes elétricos próximos às janelas (o uso é contraindicado para pessoas alérgicas);
Velas ou difusores de essência de citronela também podem ser usados;
Evite produtos de higiene com perfume porque podem atrair insetos;
Retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa.
Aedes Aegypti, o mosquito transmissor da dengue, em Campinas
Rogério Capela/Prefeitura de Campinas
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