Nos últimos 18 dias, período em que o Papa Francisco esteve internado devido a uma infecção respiratória, o presidente argentino Javier Milei não se pronunciou publicamente sobre a saúde do pontífice.
Essa ausência de manifestações contrasta com a tentativa de aproximação ocorrida anteriormente, quando Milei, em fevereiro de 2024, visitou o Vaticano e pediu desculpas ao Papa por declarações passadas, oferecendo presentes como gesto de reconciliação.
Historicamente, a relação entre Milei e o Papa Francisco foi marcada por tensões. Antes de sua eleição, Milei fez declarações contundentes contra o pontífice, chegando a chamá-lo de “imbecil” e “representante do maligno na Terra“.
Contudo, após sua vitória nas eleições, Milei adotou um tom mais conciliador. Em novembro de 2023, recebeu um telefonema do Papa, descrevendo a ligação como “impressionante e gratificante“.
Posteriormente, em fevereiro de 2024, encontrou-se pessoalmente com Francisco no Vaticano, onde pediu desculpas pelas ofensas anteriores e o convidou para visitar a Argentina.
Durante o período de internação do Papa, Milei esteve envolvido em diversas atividades políticas. No sábado (01), o presidente argentino discursou no Congresso, destacando a redução da inflação no país.
Além disso, anunciou planos para um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e mencionou a possibilidade de a Argentina deixar o Mercosul para buscar um acordo de livre comércio com os Estados Unidos, alegando que bloco enriqueceu brasileiros e empobreceu argentinos.
Adicionalmente, em 25 de fevereiro, segundo comunicado divulgado pela Casa Rosada, o presidente nomeou dois juízes para a Suprema Corte por decreto, evitando a aprovação do Senado, o que gerou críticas e debates sobre a constitucionalidade da medida.
A ausência de comentários de Milei sobre a saúde do Papa Francisco, seu compatriota, é notável, especialmente considerando os esforços anteriores para melhorar a relação entre ambos.
Até o momento, não há registros de declarações públicas do presidente argentino referentes ao estado de saúde do pontífice durante sua internação.
A internação do Papa Francisco
O Papa Francisco, de 88 anos, foi internado em 14 de fevereiro de 2025 no Hospital Gemelli, em Roma, após apresentar sintomas de uma infecção respiratória. Inicialmente diagnosticado com bronquite, seu quadro evoluiu para uma pneumonia bilateral, conforme anunciado pela Santa Sé em 18 de fevereiro.
Durante a internação, o pontífice enfrentou momentos críticos. Em 3 de março, sofreu dois episódios de insuficiência respiratória aguda devido ao acúmulo de secreções brônquicas, necessitando de ventilação assistida e procedimentos de broncoscopia para desobstrução das vias aéreas.
Apesar desses desafios, o Vaticano informou que, na noite de 3 para 4 de março, Francisco descansou bem e não apresentou novas crises respiratórias ou broncoespasmos. Seu estado geral é estável, embora o prognóstico permaneça reservado, indicando cautela por parte da equipe médica quanto à evolução de sua recuperação.
