Bolsonaro estimulou de forma deliberada apoiadores a acampar para justificar intervenção das forças armadas, disse Cid


Ex-ajudante de ordens apontou em delação que general Braga Netto intermediava mensagens entre manifestantes e o ex-presidente. Relação liga presidente e aliados a manifestantes 8/1. Golpistas deixam acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, nesta segunda-feira (9)
Amanda Perobelli/Reuters
O presidente Jair Bolsonaro (PL) estimulou de forma deliberada que seus apoiadores permanecessem acampados nas portas de quartéis pelo país, afirmou o tenente-coronel Mauro Cid em delação à Polícia Federal (PF).
O trecho consta na denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente e outras 33 pessoas pela tentativa de golpe de estado em 2022 e relação liga presidente e aliados a manifestantes do 8/1, quando as sedes dos Três poderem foram invadidas e vandalizadas.
De acordo com a PGR, Cid afirmou que Bolsonaro agiu de forma deliberada a permanência dos acampamentos para provocar uma ação que justificasse intervenção das Forças Armadas.
“O então Presidente sempre dava esperanças que algo fosse acontecer para convencer as Forças Armadas a concretizarem o golpe. O colaborador [Mauro Cid], inclusive, afirma que esse foi um dos motivos pelos quais o então Presidente Jair Bolsonaro não desmobilizou as pessoas que ficavam na frente dos quartéis”, afirma trecho da denúncia.
Além de Bolsonaro, Cid afirmou que o ex-ministro e candidato a vice-presidente na chapa derrotada em 2022, general Braga Netto, também incitou os movimentos nos quartéis do Exército. Braga Netto, conforme delatou Cid, era “quem mantinha contato entre os manifestantes acampados na frente dos quarteis e o Presidente da República”.
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Entre as ações do general está citado um vídeo em que ele aparece em frente ao Palácio do Alvorada, após visitar Bolsonaro. Na oportunidade, ele disse para que os manifestantes “não percam a fé”.
“Sobre esse vídeo o colaborador reafirma que tanto o então Presidente Jair Bolsonaro quanto o General Braga Netto esperavam que algo pudesse acontecer para convencer as Forças Armadas a darem o golpe e por isso incentivavam a manutenção das mobilizações em frente aos quartéis”, aponta a PGR.
Além de Braga Netto, o também general Mário Fernandes, à época Chefe Substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República, também fez a interlocução entre os manifestantes e o governo Bolsonaro.
Em uma oportunidade, em novembro de 2022, o militar esteve pessoalmente no acampamento montado em Brasília, conforme fotos de seu próprio celular. “Identificou-se, ainda, estreito vínculo entre o denunciado e as principais lideranças populares”, define a PGR.
Partiram do acampamento os manifestantes que invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023.
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