
Segundo empresa que venceu leilão para tocar construção, o contrato foi ‘desmobilizado’, com 75% do projeto concluído e R$ 784 milhões gastos. Sindicato denuncia demissão em massa. Fiol
Divulgação
A obra da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), realizada entre as cidade de Caetité, no sudoeste da Bahia, e Ilhéus, no sul do estado, foi interrompida com apenas 75% do projeto concluído.
A informação foi divulgada ao g1 nesta terça-feira (1º) pela BAMIN, companhia responsável pela construção. Segundo a empresa, o contrato foi “desmobilizado” na segunda-feira (31), após investimento de R$ 784 milhões.
A companhia disse ainda que, mesmo com a finalização do contrato, os serviços de manutenção serão mantidos e todas as obrigações socioambientais relacionadas ao Projeto Integrado Pedra de Ferro continuarão.
A empresa informou também que o Grupo ERG, responsável pela companhia, permanece em busca de investidores que possam apoiar a implantação desta ação.
Uma denúncia do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada e Montagem Industrial do Estado (Sintepav-BA) afirma que a suspensão da obra deve provocar uma demissão em massa de 300 trabalhadores.
Conforme a entidade, uma assembleia será realizada com os operários na quarta-feira (2), mesmo dia em que, segundo o Sintepav, está previsto o anúncio da dispensa dos trabalhadores.
A BAMIN não se posicionou sobre as demissões.
O g1 procurou o Ministério do Transporte, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
Leia nota da BAMIN na íntegra:
“A BAMIN, empresa subsidiária do Grupo ERG, informa que o contrato de obras da Ferrovia de Integração Oeste Leste (FIOL I), no trecho entre os municípios entre Uruçuca e Ilhéus, será desmobilizado a partir do dia 31 de Março de 2025, concluindo a fase inicial da construção da ferrovia, iniciada em 2023. Até o momento, a ERG investiu R$ 784 milhões na ferrovia, desde o início da concessão em 2021. É importante informar que, mesmo com a finalização deste contrato, os serviços de manutenção serão mantidos e todas as obrigações socioambientais relacionadas ao Projeto Integrado Pedra de Ferro continuarão a serem executadas. A ERG permanece em busca de investidores que possam apoiar a implantação do projeto”.
Leia a nota do Sintepav:
“O Sintepav-BA (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada e Montagem Industrial do Estado da Bahia) foi surpreendido, na manhã desta terça-feira (1º de abril), com a notícia, divulgada por veículos de comunicação, sobre a rescisão de contrato entre a Bahia Mineração (Bamin) e a empresa Prumo Engenharia, responsável pela construção do Trecho 1F da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL 1), localizada em Uruçuca, no sul da Bahia. A decisão, divulgada por veículos de comunicação, aponta para a demissão em massa de centenas de trabalhadores — fato que consideramos inaceitável, especialmente diante da ausência de diálogo prévio com sindicato, que representa a categoria.
Diante da gravidade da situação, o Sintepav-BA realizará, na quarta-feira (02), uma assembleia com os trabalhadores no canteiro de obras da FIOL em Uruçuca, com o objetivo de esclarecer os fatos, ouvir a categoria e deliberar sobre os próximos passos diante deste cenário. O Sintepav-BA reforça que qualquer processo de desligamento coletivo deve, obrigatoriamente, passar por diálogo com o sindicato, conforme prevê a legislação trabalhista. A omissão de informações por parte da empresa, diante de um cenário tão grave, demonstra falta de responsabilidade social e institucional.
Além dos impactos diretos sobre a vida dos trabalhadores e de suas famílias, essa medida representa um verdadeiro golpe nas expectativas de desenvolvimento econômico da região sul da Bahia. A FIOL é um projeto estratégico para o Estado e para o país, e sua interrupção compromete empregos, renda e a esperança de crescimento de diversas comunidades.
Diante disso, o Sintepav-BA cobra uma resposta imediata do Governo do Estado da Bahia e do Governo Federal, para que se posicionem de forma clara sobre o futuro do empreendimento e garantam a proteção dos empregos e dos direitos dos trabalhadores. Este não é um assunto de bastidores. É uma questão pública, que diz respeito à Bahia, aos trabalhadores e ao futuro de uma das obras mais importantes em curso no estado. Reafirmamos nosso compromisso com a defesa dos direitos da categoria e seguimos mobilizados para buscar soluções concretas, exigindo respeito, transparência e responsabilidade das empresas envolvidas”.
Anúncio de Lula
Lula participa de lançamento da Ferrovia Oeste-Leste, na BA
O primeiro trecho da Fiol foi a primeira obra anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em 2023. O projeto previa 537 quilômetros de extensão, passando por 19 municípios.
Na época do anúncio, a BAMIN deu um prazo de conclusão desta etapa para 2027, mas o presidente Lula pediu celeridade para que a entrega acontecesse em 2026.
Sobre a FIOL
Ao todo, a FIOL terá três trechos, com 1.527 km de extensão. A ferrovia ligará o futuro Porto de Ilhéus à cidade tocantinense de Figueirópolis, fazendo a conexão com a Ferrovia Norte-Sul.
A ferrovia será um corredor para o escoamento de milhares de toneladas de minério da região sul da Bahia e de grãos da região oeste. A estimativa é de que, quando estiver em operação, a emissão de gases do efeito estufa seja reduzida em 86%.
O Governo Federal, junto com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), trabalha para a concessão dos outros dois trechos: a FIOL II, entre Caetité e Barreiras, com obras em andamento, e a FIOL III, de Barreiras a Figueirópolis, que aguarda licença de instalação.
Lula anunciou primeiro trecho da FIOL, na Bahia, como obra que vai inaugurar o novo PAC
TV Santa Cruz
Funcionária da BAMIM, Sandra Argolo discursou durante o anúncio da FIOL. Emocionada, ela foi amparada pelo presidente Lula
Reprodução/TV Brasil
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