
Os senadores catarinenses custaram, ao longo de 2024, mais de R$ 15 milhões aos cofres públicos. Os valores representaram um aumento de 2,7% em relação ao ano anterior, que totalizou R$ 14,6 milhões. O percentual de aumento ficou abaixo do índice da inflação, que fechou em 4,8%.
A maior parte dos custos é direcionada ao pagamento dos funcionários efetivos e comissionados, seguido pelas despesas previstas na cota parlamentar — que auxilia nos gastos destinados ao exercício de suas atividades, desde passagens aéreas até alimentação.

Senadores catarinenses custaram R$ 15 milhões em 2024 – Foto: Andressa Anholete/Agência Senad/ND
No geral, o senador Esperidião Amin (PP) liderou o ‘ranking’, com o gasto total de R$ 6 milhões no ano. Na sequência, Ivete da Silveira (MDB) utilizou R$ 4,8 milhões de verba pública, enquanto Jorge Seif somou R$ 4,1 milhões.
O Núcleo de Dados do Grupo ND apresenta, a seguir, os gastos declarados dos senadores para garantir a transparência com o dinheiro público.
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Representando mais de 80% dos custos, equipes de gabinete chegam a até R$ 5 milhões por senador
Em 2024, a maior fatia dos gastos totais dos senadores se deu em remunerações das equipes de gabinete. Ao todo, R$ 12 milhões foram destinados ao item. Quem puxou a fila foi o senador Esperidião Amin (PP), com um custo de R$ 5 milhões no ano para pagar a equipe de 38 funcionários. Ivete da Silveira (MDB) gastou R$ 4,1 milhões, com 32 funcionários, e Seif (PL) teve a menor equipe, com 21 funcionários que custaram R$ 3,1 milhões.
O levantamento do Núcleo de Dados do Grupo ND detalhou os gastos dentro e fora da cota parlamentar dos senadores, assim como as remunerações e índices de eficiência.
Jorge Seif lidera custos com cota parlamentar e remuneração
O senador Jorge Seif (PL) liderou as cifras do trio catarinense na cota parlamentar e na remuneração. Foram R$ 437,6 mil utilizados da cota. Puxaram a fila itens como locomoção e hospedagem, divulgação e aluguel de imóveis para escritório. Os valores foram consideravelmente maiores que os R$ 388 mil gastos por Amin (PP) e R$ 297 mil gastos por Ivete da Silveira (MDB).
Outro ponto em que Seif levou vantagem foi na somatória da remuneração total recebida no ano. O parlamentar do PL recebeu, ao todo, R$ 417 mil, enquanto Amin totalizou R$ 357 mil e Ivete da Silveira R$ 279 mil. As principal diferença nos subsídios recebidos pelo parlamentar se deu em diárias – valores pagos aos senadores quando estão em viagens oficiais.
Seif recebeu R$ 68,3 mil em duas situações, enquanto Amin recebeu um valor de R$ 25,2 mil divididos em quatro diárias. Já Ivete da Silveira não recebeu nenhuma. Além disso, outro fator que gerou diferença no valor total foram os descontos na remuneração.
O valor líquido recebido por Seif ao longo do ano foi na média de R$ 32 mil, enquanto Amin embolsou R$ 27 mil por mês. Por outro lado, Ivete da Silveira não recebeu remuneração nos meses de agosto a novembro, quando tirou licença para apoiar as eleições municipais.
Custos com locomoção e viagens chegam a quase R$ 1 milhão entre os 3 senadores
As viagens representaram uma boa fatia dos gastos dos três senadores catarinenses em 2024. Seja para compromissos oficiais ou para se deslocar entre Brasília e Santa Catarina, as passagens aéreas e combustíveis dominaram os custos no ano. Considerando valores de locomoção, combustível, viagens oficiais e passagens aéreas e terrestres, os três senadores totalizaram R$ 963 mil.
Entre os gastos fora da cota parlamentar, passagens e viagens oficiais foram os dois maiores gastos dos senadores Esperidião Amin (PP) e Jorge Seif (PL). Um pouco mais econômica, Ivete da Silveira (MDB) teve passagens como seu principal gasto, mas em números inferiores aos senadores. Os custos com viagens oficiais da senadora também ficaram abaixo de outros itens.
Uso do auxílio-moradia
Outro recurso a disposição dos parlamentares é o auxílio-moradia, um valor mensal de R$ 5.5 mil para cobrir despesas de aluguel ou estadia. Esperidião Amin utilizou o recurso nos 12 meses do ano, totalizando um gasto de R$ 66 mil. Já Ivete da Silveira (MDB) utilizou apenas em 2 meses, somando R$ 11 mil.
O que dizem os senadores
O Núcleo de Dados do Grupo ND abriu um espaço a todos os parlamentares de Santa Catarina para que se manifestassem sobre seus gastos e seu desempenho em 2024.
Jorge Seif (PL):
“O trabalho no Senado envolve diversas esferas. No ano de 2024, das 69 sessões realizadas, estive presencialmente em 57, sendo que 11 ausências se referem a licenças autorizadas pela Casa. Apresentei dezenas de projetos de lei, que sustentam a defesa do povo brasileiro e de Santa Catarina. O trabalho parlamentar também envolve o envio de emendas. Na saúde, destinei R$ 42 milhões para ações. Em outras áreas, onde se inclui a pesca, foram R$ 69,6 milhões destinados em emendas para os municípios do nosso Estado.”

Jorge Seif lidera custos com cota parlamentar e remuneração – Foto: Saulo Cruz/Agência Senado/ND
Ivete da Silveira (MDB):
“Ao dar sequência à estratégia definida no início do meu mandato, em 2023, nosso gabinete aperfeiçoou os mecanismos de encaminhamento das indicações de emendas e conseguiu um grande resultado em 2024. Em um total de R$ 135,9 milhões de indicações de emendas para obras nas áreas de saúde, educação, segurança pública, cultura, assistência social e infraestrutura, conseguimos atender a 224 municípios catarinenses. Já foram pagos R$ 109,2 milhões do total. Quanto aos projetos de lei, conseguimos a aprovação, no Senado, de cinco das 17 propostas apresentadas. Já estão na Câmara dos Deputados, para serem analisados e votados, projetos como o que aprimora a capacitação dos agentes públicos e privados em Proteção e Defesa Civil; o que concede a Joinville, Santa Catarina, o título de Capital Nacional da Cultura e da Arte, bem como o que institui o Dia Nacional dos Bombeiros Voluntários.”

Ivete da Silveira (MDB) teve passagens como seu principal gasto – Foto: Reprodução/ND
Esperidião Amin (PP):
“Nós temos a obrigação de trazer propostas para Santa Catarina, é só olhar para o momento do Estado, que requisita a nossa atenção até além dos nossos limites. Não fiz mais do que minha obrigação e vou tentar melhorar. Talvez a ação mais prolongada e dispendiosa foi o acompanhamento das obras do Contorno Viário de Florianópolis. O mesmo quero fazer com as rodovias federais e estaduais de Santa Catarina. Nós temos que ter a capacidade de fiscalizar as obras federais do Estado. Temos que ter mecanismos, serviços. Seja serviços diretos, seja serviços de terceiros, eu acho que, além de ter prestado um bom serviço, nós vamos precisar de mais”.

Esperidião Amin (PP) liderou o ‘ranking’, com o gasto total de R$ 6 milhões no ano – Foto: Geraldo Magela/Agência Senado/ND
Entenda a produção dos senadores e as despesas com equipes
Os índices de produtividade dos senadores catarinenses no último ano mostram destaque de Esperidião Amin (PP) no número de propostas apresentadas e relatadas, assim como presença em votações e número de emendas apresentadas.
Quanto ao valor pago em emendas parlamentares para o Estado, a senadora Ivete da Silveira (MDB) foi a mais “eficiente”, com um valor de R$ 62 milhões.
Para avaliar a produção dos senadores, um importante fator é observar a participação dos políticos em votações, comissões e relatoria de projetos.
As votações nominais e trabalhos em comissões e relatorias ocorrem, normalmente, de terça a quinta-feira. Outros pontos podem ser destacados e comparados de forma mais direta, como a quantidade de propostas, requerimentos e emendas apresentadas por cada senador e o valor dos recursos trazidos para o Estado (veja a produção de cada senador catarinense na lista abaixo).
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*A senadora Ivete da Silveira esteve de licença do cargo no período de 2 de agosto de 2024 a 30 de novembro de 2024.
“Enfraquecida”: Cientista político analisa atuação de parlamentares catarinenses no último ano
Muito além dos números, um importante fator para o eleitor tirar conclusões sobre a atuação dos parlamentares é verificar as propostas e pautas defendidas ao longo do ano.
Em análise geral ao trabalho dos parlamentares catarinenses em 2024, o cientista político e professor da Univali (Universidade do Vale do Itajaí), Eduardo Guerini, entende que a bancada deixou a desejar quanto aos interesses de Santa Catarina, tanto na Câmara quanto no Senado.
“De forma geral, não se viu nenhuma produção parlamentar que estivesse atendendo aos interesses específicos dos catarinenses. Em síntese, foram atividades parlamentares vinculadas a chamada pauta de costumes”, observa.
Quanto aos projetos e emendas apresentadas pelos parlamentares, Guerini afirma que pouco se viu em relação a projetos estruturantes para o Estado.
“Há uma falta de interlocução entre o governo do Estado e o governo federal, que provoca também um distanciamento da bancada parlamentar, que fica orbitando em temas que não são prioritários aos anseios da população. Isso demonstra uma certa palidez dos parlamentares diante do momento que exige um protagonismo legislativo mais elevado em termos do espírito republicano. O que diminui a eficiência da atividade parlamentar e a eficácia da relação custo-benefício dos parlamentares”, analisa o professor.