Martins e Josyara se afinam entre a doçura e a energia do show ‘Deu match’


Com colorido sabor nordestino, o roteiro inclui músicas de Cátia de França, Carlinhos Brown, Chico César e Geraldo Azevedo, além de hit do Trio Nordestino. Martins e Josyara na estreia nacional do show ‘Deu match’
Mauro Ferreira / g1
♫ OPINIÃO SOBRE SHOW
Título: Deu match
Artista: Martins e Josyara
Data e local: 14 de março de 2025 no Teatro Nelson Rodrigues – Caixa Cultural RJ (Rio de Janeiro, RJ)
Cotação: ★ ★ ★ ★
♬ É sintomático que Martins e Josyara tenham escolhido para o bis do show Deu match uma música de Geraldo Azevedo que já tinham cantado no início do roteiro, Sabor colorido, lançada pelo cantor pernambucano no álbum Tempo tempero (1984). É que Martins, conterrâneo do artista, é herdeiro da doçura do antecessor.
Foi entre a doçura e a energia que Martins e Josyara se afinaram na estreia nacional do show Deu match na noite de ontem, 14 de março, no Teatro Nelson Rodrigues da Caixa Cultural RJ. Baiana de Juazeiro (BA), Josyara amansou a fúria árida do sertão nordestino – elo da artista com antecessoras como a paraibana Cátia de França – no bloco inicial para se harmonizar com Martins.
Foi nesse clima que ambos abriram o show – estruturado sob direção artística de André Brasileiro com a ambição de ser eternizado em registro fonográfico – com o canto conjunto de Petrolina – Juazeiro (Jorge de Altinho e Francisco Agra, 1978), xote apresentado ao Brasil pelo Trio Nordestino.
Ao abrir o roteiro, Petrolina – Juazeiro traçou a rota de show situado na nação nordestina. Logo nesse primeiro número, saltou aos olhos a beleza plástica do show. Projeções e luzes preencheram bem o palco nu ocupado por Martins e Josyara com os respectivos violões (e a rabeca tocada pelo artista recifense). E que violões! O dela, em especial, embute toda a riqueza de sertão rítmico.
Entrosados e descontraídos (embora Martins tenha assumido nervosismo imperceptível aos olhos da plateia na qual figurava um embevecido Alceu Valença), os artistas seguiram roteiro montado sem obviedades para um público que, fora da nação nordestina, talvez desconheça um sucesso como Deusa de Itamaracá (Marrom Brasileiro, 1993), música amplificada na voz do cantor pernambucano Almir Rouche.
Nesse bloco inicial, encerrado com Tua voz (Martins, 2023), Martins e Josyara cantaram músicas inéditas como Atlas – tema dela em que a geografia é a do corpo do ser amado – e Flanando, a “canção molinha” que compuseram juntos para o show Deu match.
No set solo de Martins, o público ouviu canções como a música-título do segundo álbum solo do artista, Interessante e obsceno (2023), de cujo repertório ele já tinha extraído a já mencionada balada Tua voz. Nesse set, Martins seguiu inusitados caminhos harmônicos no canto de Sou mais um para o seu extrato e quem inventou o ciúme (2025), música autoral que caracterizou como “doida”.
Com Josyara de volta ao palco, Coito das araras (1979), tema de Cátia de França, apontou para o tom mais enérgico da segunda metade do show. A escolha de música menos conhecida do cancioneiro do paraibano Chico César – Tambor, lançada por Vânia Abreu em 1997 e regravada pelo autor em 1999 – reitera a opção dos artistas por fugir de um roteiro estilo karaokê ao mesmo tempo em que evidenciou a potente energia rítmica do show Deu match.
Na sequência, no set solo de Josyara, a artista deu voz a temas autorais como Mansa fúria (2018) – música-título do álbum que há sete anos deu projeção à artista – e a canção de partida e saudade ÀdeusdarÁ (2022), um dos pontos altos do roteiro pela força da interpretação de Josyara, além de Rota de colisão (2018), número sublinhado pelo árido toque mouro da rabeca de Martins e pela citação de Bombinha (Carlos Posada, 2021), sucesso de Nordeste ficção (2021), álbum solo em que a cantora potiguar Juliana Linhares se revelou herdeira contemporânea da paraibana Elba Ramalho.
Na sequência, Me dê (Martins, 2019) reforçou a conexão do público com os artistas em show que fluiu bem com Seis cordas (Luiz Fidelis, 1997) – sucesso da banda Mastruz com Leite que ecoou na discografia de cantores de forró como Frank Aguiar e Wesley Safadão – e com Meia lua inteira (Carlinhos Brown, 1989), ainda que o set final tenha resultado quase bagunçado e precise de ajustes que serão feitos naturalmente à medida em que o show for para a estrada, partindo do Rio de Janeiro (RJ) para Brasília (DF), Fortaleza (CE), São Paulo (SP) e Curitiba (PR).
Esse final inclui a inédita música-título do show Deu match – composta pelos artistas com ecos da malícia sensual de parte da música nordestina – e Menina me dá seu amor (Bell Marques, Wadinho Marques e Tonho Matéria, 1993), sucesso da banda baiana Chiclete com Banana.
Com sabor colorido, o show Deu match de Martins e Josyara é a cara de um Brasil nordestino que resiste e insiste em ser feliz.
Martins e Josyara cantam sucessos dos grupos Chiclete com Banana e Mastruz com Leite no show ‘Deu match’
Mauro Ferreira / g1
♬ Eis o roteiro seguido por Martins e Josyara em 14 de março de 2025 na estreia nacional do show Deu Match no Teatro Nelson Rodrigues da Caixa Cultural RJ no Rio de Janeiro (RJ):
♬ Martins e Josyara
1. Petrolina – Juazeiro (Jorge de Altinho e Francisco Agra, 1978)
2. Sabor colorido (Geraldo Azevedo, 1984)
3. Deusa de Itamaracá (Marrom Brasileiro, 1993)
4. Flanando (Martins e Josyara, 2025)
5. Atlas (Josyara, 2025)
6. Tua voz (Martins, 2023)
♬ Martins
7. É de se estimar (Martins, 2025)
8. Interessante e obsceno (Martins, 2023)
9. Sou mais um para o seu extrato e quem inventou o ciúme (Martins, 2025)
♬ Martins e Josyara
10. Coito das araras (Cátia de França, 1979)
11. Tambor (Chico César, 1997)
♬ Josyara
12. Mansa fúria (Josyara, 2018)
13. ÀdeusdarÁ (Josyara, 2022)
14. Rota de colisão (Josyara, 2018) – com citação de Bombinha (Carlos Posada, 2021) e com a rabeca de Martins
♬ Martins e Josyara
15. Me dê (Martins, 2019)
16. Seis cordas (Luiz Fidélis, 1998)
17. Meia lua inteira (Carlinhos Brown, 1989)
18. Deu um match (Martins e Josyara, 2025)
19. Menina me dá seu amor (Bell Marques, Wadinho Marques e Tonho Matéria, 1993)
Bis:
20. Sabor colorido (Geraldo Azevedo, 1984)

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