Indígenas vivem em Feira Grande e usam de habilidade para driblar as adversidades e manter viva a força ancestral dos povos originários de Alagoas. Ricardo de Campos, da etnia Tingui-Botó, em Feira Grande
FPI
Na comunidade Olho D´Água do Meio, no interior de Alagoas, o povo Tingui-Botó se destaca pelo trabalho sustentável e pela valorização da cultura dos povos originários brasileiros. Seja através do Ouricuri ou pela celebração da ancestralidade.
Os indígenas de Feira Grande buscam no rezo das matas a inspiração para dialogar com o sagrado. As práticas de cultivo são a base para uma produção sustentável e que incrementa a renda das famílias que vivem na aldeia.
Sem uso de agrotóxicos, os Tingui-Botó se destacam na produção de mel e batata-doce. O artesanato também é uma prática integrada ao meio ambiente e reforça a identidade da comunidade.
Ritual sagrado
Ritual indígena
Wendell Marques/Divulgação
Manifestação cultural dos indígenas Fulni-ô, do estado de Pernambuco, o Ouricuri é um ritual sagrado também para os Tingui-Botó.
“Ele nos ensina a preservar nossa cosmovisão, nossa forma única de ver e cuidar do mundo. O Ouricuri é onde se constrói a nossa identidade. Proteger nosso território e cultura é proteger o futuro das próximas gerações”, destacou Marcos Sabarú, filho do cacique da tribo.
Apesar da resistência de manter viva os aspectos ancestrais, os Tingui-Botó enfrentam dificuldades como a falta de apoio técnico e transporte para o escoamento da produção. Existem também desafios na área da educação.
Crianças da aldeia Olho D’água do Meio
FPI
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Uma escola foi inaugurada na comunidade esse ano, mas faltam professores, sobretudo, educadores indígenas.
“Enfrentamos desafios diários. Lutamos pelo direito a uma educação que respeite nossa história, por uma saúde digna e pela proteção do nosso território sagrado. Somos quase invisíveis para o poder público, mas seguimos de pé, porque sabemos que o nosso modo de vida não é só para nós, é também para o futuro de toda a humanidade. Cuidar do nosso povo é cuidar do planeta”, disse Sabarú.
Uma equipe da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do Rio São Francisco esteve na aldeia essa semana e apontou os prontos frágeis da comunidade indígena de Feira Grande que precisam de apoio público para serem solucionados.
“O povo Tingui-Boto é um exemplo de luta e preservação. Aqui foi implantado um dos primeiros projetos hidroambientais da Bacia, e continuamos trabalhando juntos para proteger esse território e suas riquezas culturais e naturais”, destacou Maciel Oliveira, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).
Indígenas da tribo Tingui-botó passam por qualificação na produção de mel
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