Vídeos gravados em janeiro desse ano mostram motoristas rodando sem o aparelho regulamentado para cobrar pelas corridas. Reportagem mostra corrida com valor maior que o dobro do preço correto. Vídeo mostra taxistas admitindo que não ligam taxímetro com turistas no Rio e que só cobram ‘no tiro’
Alguns taxistas do Rio de Janeiro foram flagrados pela equipe do RJ2 trabalhando sem utilizar os taxímetros e cobrando preço fechado para corridas com turistas na cidade. Alguns chegaram a pedir mais que o dobro do valor correto pela viagem.
Com a cidade lotada de turistas durante o verão e a chegada do carnaval, os taxistas afirmaram que só cobram ‘no tiro’, ou seja, com preço fechado, principalmente nos pontos turísticos mais famosos.
Um dos taxistas flagrados disse ao passageiro que sempre anda com o equipamento desligado. Segundo ele: ‘você aceita se quiser’.
Em outro diálogo gravado pela reportagem do RJ2, um motorista é questionado quanto deve custar uma corrida do Cosme Velho até o Jardim Botânico, ambos na Zona Sul. O profissional responde com um valor bem superior do que seria o justo.
“Dá R$ 50 mais ou menos, por causa do trânsito”, diz o motorista.
“Não tem taxímetro?”, pergunta o passageiro.
“A gente aqui trabalha com preço fixo”, responde.
Táxis na saída do Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio
Reprodução TV Globo
Com uma frota de 33 mil táxis, o Rio conta com uma parte minoritária de profissionais que não seguem as regras de cobrança regulamentadas pela Prefeitura do Rio.
Os táxis são considerados um serviço de utilidade pública e a prefeitura tem o dever de organizar, disciplinar e fiscalizar o sistema com base em requisitos mínimos de segurança e conforto.
De acordo a lei, os táxis autônomos que rodam nas ruas têm obrigação de cobrar o valor da tarifa registrado no taxímetro, que deve ser acionado no início da corrida.
O Cristo Redentor, por exemplo, uma das sete maravilhas do mundo, recebe mais de 2,5 milhões de turistas por ano que, quando precisam pegar um táxi na praça em frente ao trenzinho, passam aperto.
“Aqui a gente só trabalha com turismo. Turista que vai ali ele não quer saber de taxímetro. Ele quer saber quanto vai pagar. Pão de Açúcar, Selaron, Jardim Botânico e Copacabana. Eles não entram se não souber quanto vão pagar”, diz um taxista.
“Se o morador chega ali, eu ando com taxímetro ligado. Morador”, completou.
Vários dos motoristas flagrados atuavam perto de postos da Guarda Municipal, como na rua que dá acesso ao Corcovado, na Zona Sul.
Realidade diferente nos aeroportos
Alguns táxis que pegam passageiros nos aeroportos e na rodoviária do Rio, aqueles que são filiados a cooperativas conveniadas, que contam com guichê nos locais de desembarque, podem receber por preço fixo de acordo com uma tabela de preços autorizada pela secretaria municipal de transporte.
Mas até mesmo nesses locais, os taxistas tentam tirar vantagem dos passageiros.
“No balcão é R$ 130. Posso fazer R$ 100 pra você e aí não paga a taxa do balcão. Negociando direto comigo paga R$ 100”.
Flagrante do RJ2 mostra taxistas admitindo que não ligam taxímetro com turistas no Rio e que só cobram ‘no tiro’: ‘Aceita se quiser’
Reprodução TV Globo
Em outro ponto da cidade, um motorista afirmou que a aferição do taxímetro deixa as corridas mais caras e por isso ele oferece o preço fechado.
“Eu sempre acho que pelo taxímetro ia ser mais barato, né não?”
“Né nada, ainda mais quem fez a aferição”.
O que dizem os citados
Em nota, a Prefeitura do Rio informou que a cobrança antecipada por tabela pré-fixada é regulamentada pela Secretaria de Transportes e só é autorizada para viagens que começam nos principais pontos de entrada de turistas, como aeroportos e rodoviárias, e nos hotéis, podendo ser utilizada por taxistas autorizados ou vinculados a cooperativas, incluindo os chamados “executivos”.
De acordo com a prefeitura, a superintendência de táxis faz operações para coibir práticas ilegais, mas que essa é uma infração de difícil constatação, uma vez que é preciso haver flagrante ou denúncia.
A prefeitura disse também que vai apurar eventuais irregularidades cometidas por guardas municipais.