Mediadores dão impulso final para negociação de trégua em Gaza

Destruição em Gaza vista de Israel, em 13 de janeiro de 2025Menahem Kahana

Menahem KAHANA

Os mediadores reunidos em Doha nesta quarta-feira (15) deram um impulso final às negociações para alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza, após 15 meses de guerra entre Israel e Hamas, que deixou dezenas de milhares de mortos.

A poucos dias do retorno do republicano Donald Trump à Casa Branca, as negociações indiretas foram intensificadas para estabelecer uma trégua que inclua a libertação dos reféns que permanecem em território palestino desde o ataque do Hamas contra o território israelense em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra.

Os presidentes de Estados Unidos, Joe Biden, e Egito, Abdel Fatah al Sissi, pediram na terça-feira que todas as partes mostrassem “a flexibilidade necessária” para alcançá-la.

Nesta quarta-feira, as negociações continuavam em curso na capital do Catar, segundo uma fonte israelense.

O movimento islamista palestino Hamas e os negociadores israelenses estão em salas separadas, afirmou outra fonte.

A Jihad Islâmica, grupo aliado do Hamas, indicou que também participa das discussões.

Segundo o Catar, principal mediador ao lado de EUA e Egito, as negociações estão na “fase final” e os “principais problemas” já foram solucionados.

De acordo com duas fontes próximas ao grupo islamista, a primeira fase do acordo de cessar-fogo deve prever a libertação de 33 reféns em troca de mil palestinos detidos por Israel. Eles seriam libertados “em grupos, começando com crianças e mulheres”.

O governo israelense confirmou que Israel está buscando a libertação de “33 reféns” durante esta etapa inicial e que está preparado para libertar “centenas” de prisioneiros israelenses.

A segunda fase envolveria a libertação dos últimos reféns, “soldados do sexo masculino, homens em idade militar e os corpos dos reféns assassinados”, de acordo com o jornal Times of Israel.

– “Em meio aos escombros” –

No ataque de 7 de outubro de 2023, os comandos islamistas mataram 1.210 pessoas, a maioria civis, e sequestraram outras 251, segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais.

Dos sequestrados, 97 permanecem em cativeiro em Gaza, mas o Exército israelense estima que 34 deles foram mortos.

Após o ataque, Israel lançou uma campanha na Faixa de Gaza que custou a vida de pelo menos 46.707 pessoas, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, que a ONU considera confiáveis.

Enquanto este novo acordo pode ser iminente, Israel está multiplicando seu bombardeio em Gaza, sob o pretexto de que está alvejando os combatentes do Hamas.

Na madrugada de quarta-feira, 24 pessoas foram mortas, segundo socorristas, sobretudo em Deir al Balah, no centro do território, e na Cidade de Gaza, no norte, onde um bombardeio atingiu uma escola na qual deslocados estavam abrigados.

A deslocada Nadia Madi reza por “uma trégua”.

“Estou pronta para reconstruir minha vida em meio aos escombros”, diz a mulher que fugiu de sua casa, como quase todos os 2,4 milhões de habitantes do território sitiado.

– “Zona de contenção” –

Desde o início da guerra, apenas uma trégua foi estabelecida, por um período de uma semana, no final de novembro de 2023.

As negociações foram aceleradas a menos de uma semana do retorno de Trump à presidência dos Estados Unidos em 20 de janeiro, em um contexto de pressão internacional sobre as diversas partes envolvidas.

O republicano alertou que a região seria mergulhada em um “inferno” se os reféns não fossem libertados antes de assumir o cargo.

Uma autoridade israelense afirmou, na terça-feira, que Israel não sairia de Gaza “enquanto todos os reféns não retornassem, os vivos e os mortos”.

Segundo a imprensa israelense, Israel poderia manter uma “zona de contenção” de norte a sul da Faixa de Gaza durante a primeira fase da trégua.

O Secretário de Estado americano, Antony Blinken, propôs na terça-feira o envio de uma força de segurança internacional para Gaza e a colocação do território sob a responsabilidade da ONU.

Para o primeiro-ministro palestino Mohammad Mustafa, a comunidade internacional terá que manter a pressão sobre Israel para que aceite a criação de um Estado palestino após a trégua.

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