O ex-presidente Jair Bolsonaro é mencionado 643 vezes no relatório elaborado pela Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado ocorrida no fim de 2022. O documento, de 884 páginas, apresenta evidências de que Bolsonaro teria tido “plena consciência e participação ativa” em ações clandestinas do grupo investigado.
Além das menções diretas ao ex-presidente, o sobrenome Bolsonaro aparece 658 vezes no total, incluindo referências à prints de telas e URLs de reportagens citadas no relatório. Quinze dessas ocorrências envolvem parentes de Bolsonaro, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Contudo, a PF não atribuiu condutas criminosas a eles.
Bolsonaro e os planos golpistas
De acordo com a PF, o grupo investigado se organizou com o objetivo de evitar tanto a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições quanto sua posse como presidente. Bolsonaro, que era o principal adversário de Lula no pleito, é citado já no primeiro parágrafo do relatório:
“No contexto da presente investigação apurou-se a constituição de uma organização criminosa, com seus integrantes atuando, mediante divisão de tarefas, com o fim de obtenção de vantagem consistente em tentar manter o então Presidente da República Jair Bolsonaro no poder, a partir da consumação de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito, restringindo o exercício do Poder Judiciário e impedindo a posse do então presidente da república eleito”, aponta a PF.
Momentos-chave
O relatório detalha uma série de episódios nos quais Bolsonaro estaria envolvido, direta ou indiretamente, com os planos golpistas. Entre eles:
– Discursos contra o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, feitos durante o feriado de 7 de setembro de 2021;
– Transmissões ao vivo na internet com ataques sem provas ao sistema eletrônico de votação;
– Ações tomadas após as eleições, como a ordem para que o PL contestasse os resultados legítimos e a solicitação para que o Exército não divulgasse as conclusões da auditoria no sistema eleitoral.
O relatório reforça que Bolsonaro desempenhou um papel central na articulação dos atos que visavam subverter o Estado Democrático de Direito. As investigações prosseguem para avaliar a extensão de sua responsabilidade nos eventos apurados.