Em evidência por conta da cirurgia de Faustão, tema já bateu forte em composições do universo sertanejo, do samba e do forró. Wilson Baptista (1913 – 1968), primeiro compositor a abordar o transplante de coração em música lançada em 1968
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♪ MEMÓRIA – Assunto que voltou à pauta por conta da bem-sucedida cirurgia feita pelo apresentador Fausto Silva, o transplante de coração é tema que bate forte na música brasileira desde o fim dos anos 1960.
Primeiro compositor a abordar o tema, o sambista fluminense Wilson Baptista (1913 – 1968) se valeu do fato de o coração ser percebido popularmente como o órgão do amor e do sentimento para versar sobre o assunto de forma metafórica em música, Transplante de um coração, lançada em 1968, um ano após o médico Christiaan Barnard (1922 – 2001) ter realizado, em dezembro de 1967, o primeiro transplante de coração.
Coube ao cantor Noite Ilustrada (1928 – 2003) a primazia de dar voz a versos tristonhos como “Eu vou pedir para o doutor / Um coração sem mágoa e amor / Pois este meu há muito já morreu”, parte de letra em que Wilson Baptista cita nominalmente o Doutor Barnard.
Em 1969, o tema chegou ao universo sertanejo. A dupla paulista Pirambó e Cambará gravou Transplante do coração (Augusto Toscano e Sérgio Ormastroni) no álbum Tô aqui pra te ajudá (1969) sem a repercussão que seria alcançada três anos depois por outra dupla sertaneja de origem paulista, Zico & Zeca, com a gravação de uma terceira música sobre o tema.
Composição de autoria de Edward de Marchi, Transplante de coração bateu na tecla da sofrência no álbum Caminhos da vida (1972). “Vou trocar meu coração / Por um mais duro do que o meu / O meu coração é mole / Por ser assim, muito já sofreu”, lamentavam Zico & Zeca na canção sertaneja.
Quinze anos depois, foi a vez de Genival Lacerda (1931 – 2021), cantor e compositor paraibano associado à música nordestina de duplo sentido, tratar o tema com humor atualmente inaceitável por expressar homofobia na letra na letra de Transplante de coração, música assinada por Genival com Verinha Neves e apresentada pelo artista no álbum A fubica dela (1987).
“Foi tudo normal / Na mesa de operação / O doutor falou pra ele / Moço, você é felizardo / Está curado, pois não houve rejeição / O cabra ficou bom / Mas ficou desconfiado / Recebeu o coração / De um doador desmunhecado / Foi o maior sucesso / Ele ficou curado / Mas o novo coração era muito delicado”, cantava Genival Lacerda, com a malicia recorrente no repertório forrozeiro do artista.
Transplante de coração é assunto em pauta na música brasileira desde os anos 1960
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