Mais nova acadêmica é escritora, crítica literária, pesquisadora e pensadora do feminismo brasileiro. Décima mulher a se tornar ‘imortal’ ocupa a cadeira 30, que era de Nelida Piñon. A escritora Heloisa Teixeira tomou posse, na noite desta sexta-feira (28), como imortal da Academia Brasileira de Letras.
Crítica literária, pesquisadora e importante pensadora do feminismo brasileiro, ela é a décima mulher a ser eleita para a ABL. Aos 83 anos, Heloísa ocupa a cadeira 30, que era de Nelida Piñon, morta em 2022.
Paulista de Ribeirão Preto, a escritora mora no Rio de Janeiro. Durante toda a sua carreira, usou o nome de casada, Heloísa Buarque de Hollanda, mas recentemente optou por voltar a usar o nome de solteira, Heloísa Teixeira.
Heloísa foi eleita em abril, pela primeira vez na história em uma eleição eletrônica na ABL. Os acadêmicos votaram em seis candidatos, a portas fechadas, em uma urna cedida pelo TRE.
Vida acadêmica, literatura e curadoria
Veja reportagem sobre a eleição de Heloisa Buarque de Hollanda para a ABL
Heloisa é formada em letras clássicas pela PUC-Rio, com mestrado e doutorado em literatura brasileira na UFRJ e pós-doutorado em sociologia da cultura na Universidade de Columbia, em Nova York.
É diretora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC-Letras/UFRJ), onde coordena o Laboratório de Tecnologias Sociais, do projeto Universidade das Quebradas, e o Fórum M, espaço aberto para o debate sobre a questão da mulher na universidade.
Seu campo de pesquisa privilegia a relação entre cultura e desenvolvimento, área em que se tornou referência, dedicando-se às áreas de poesia, relações de gênero e étnicas, culturas marginalizadas e cultural digital.
Nos últimos anos, tem trabalhado com o foco na cultura produzida nas periferias das grandes cidades, o feminismo, bem como no impacto das novas tecnologias digitais e da internet na produção e no consumo culturais.
Heloisa também foi diretora da Aeroplano Editora e Consultoria, da Editora UFRJ e do Museu da Imagem e do Som (MIS-RJ). Dirigiu o Programa Culturama, na TVE, Café com letra, na Rádio MEC, e alguns documentários cinematográficos, como “Dr. Alceu” e “Joaquim Cardozo”.
Foi curadora de várias exposições. Entre elas, “Dez anos sem Chico Mendes” (Sesc Rio, 1998), “Estética da Periferia” (Centro Cultural dos Correios, 2005), “H20, o futuro da águas” (Sesc Rio, 2009), “Vento Forte: 50 Anos de Teatro Oficina” (Centro Cultural dos Correios RJ, 2009) e “O Jardim da oposição” (Escola de Artes Visuais do Parque Lage, 2009).
Tem vários artigos publicados nas áreas de arte, literatura, feminismo, cultura digital, cultura da periferia e políticas culturais.
Entre os livros que publicou, destaca-se a histórica coletânea “26 Poetas Hoje”, de 1976, que revelou uma geração de poetas “marginais” que entrou para a história da literatura brasileira, como Ana Cristina Cesar, Cacaso e Chacal.
A antologia é considerada um divisor de águas entre uma poesia canônica e uma poesia contemporânea e performática. Segundo a autora, o livro causou furor na época.
Outros livros publicados por Heloísa são “Macunaíma, da literatura ao cinema”; “Cultura e Participação nos anos 60”; “Pós-Modernismo e Política”; “O Feminismo como Crítica da Cultura”; “Guia Poético do Rio de Janeiro”; “Asdrúbal Trouxe o Trombone: memórias de uma trupe solitária de comediantes que abalou os anos 70”; “Escolhas, uma autobiografia intelectual”; “Explosão feminista – arte, cultura, política e universidade”; e “Feminista, eu¿”.
Heloisa Teixeira toma posse como imortal da ABL
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