‘Mulheres negras têm o desafio de se permitir errar’, diz Domitila Barros em entrevista ao g1


No Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, a ex-BBB, modelo e ativista critica estereótipos, diz que falta às mulheres negras o direito de se permitir errar e relembra falas no reality: “Não estou aqui para entreter, nem para servir”. Domitila Barros no ‘BBB 23’
Reprodução/Globo
Domitila Barros contou ao g1 nesta terça-feira (25), dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, que já chegou a ser abordada no exterior com pedidos para sambar. “Tive que falar que também tenho mestrado”, acrescentou. A história, segundo a modelo e ativista social, exemplifica alguns dos estereótipos aos quais mulheres negras acabam submetidas, principalmente latinas no exterior.
“É por isso que pegava muito no pé quando falava: Não estou aqui para lhe entreter, nem para lhe servir”, explica, relembrando sua participação no BBB 23. “A gente não devia precisar se provar tanto – que é capaz, qualificada – por causa de algum estereótipo que foi criado de que somos pessoas sexy, que sabem dançar, que sabem entreter.”
Eleita Miss Alemanha em 2022, Domitila Barros foi a primeira imigrante negra a levar a coroa no país. Ela relembra as ocasiões em que teve sua negritude questionada por conta da pele clara, e chama atenção para a variedade de tons de pele continente americano.
“A mulher negra representa a mistura que foi a fusão de construir esse continente. A gente fala muito de colorismo e dos privilégios de ser o negro mais claro…É muito óbvio que a mulher latina e caribenha tem todas as cores e todas as formas. Quando a gente para pra pensar nessas mulheres é um número bem maior do que pequenos grupinhos considerados minorias.”
O que é colorismo? Conceito determina como uma pessoa negra é tratada pelo tom de pele
Atriz, modelo e ativista ambiental, a pernambucana recebeu no final de maio, no Festival de Cannes, na França, o prêmio de Influenciadora Global, na categoria Sustentabilidade. Nascida na comunidade do Morro da Conceição e envolvida em causas sociais desde a infância, Domitila diz que falta às mulheres negras o direito de se permitir errar.
“Não vou incentivar ninguém a primeiro ser perfeito e depois se engajar politicamente, socialmente, ou pelo meio ambiente… A gente tem que ser melhor para poder ter a chance de fazer o mínimo. No final das contas, é um desafio muito grande para todas as mulheres terem que ser perfeitas.”

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