Ao longo dos anos 1950, Doris Monteiro se consagrou como uma das maiores vozes femininas do Brasil. Chegou a ser ‘Rainha do Rádio’ em 1956. Doris Monteiro morre, aos 88 anos, no Rio
Duas cantoras amigas e brilhantes deixaram a música brasileira enlutada nesta segunda-feira (24): Dóris Monteiro e Leny Andrade.
Foi pelas ondas do rádio que o país conheceu a voz macia, que se destacava em um tempo de interpretações mais sentimentais. Ainda adolescente, Dóris Monteiro fez sua estreia na Rádio Nacional.
“Desde pequena quando me perguntavam o que você quer ser quando crescer? Quero ser canteira, quero cantar. Meu pai dizia ‘cantora nunca’. Eu falei: ‘Não, eu quero ser cantora, podem falar o que quiserem eu vou ser cantora’. E consegui”, contou Dóris Monteiro no “Conversa com Bial”.
Não só conseguiu, como fez história. Foram 58 discos gravados. O primeiro álbum de Dóris Monteiro é de 1951, e já trouxe um dos seus grandes sucessos: “Se você se importasse”.
Ao longo dos anos 1950, Dóris Monteiro se consagrou como uma das maiores vozes femininas do Brasil. Chegou a ser “Rainha do Rádio” em 1956.
Nascida e criada no bairro de Copacabana, Dóris foi contratada para cantar no hotel mais luxuoso da cidade: o Copacabana Palace. Na ficha de admissão, que está lá até hoje, o registro da função e da pouca idade. Como ainda era muito nova, precisava ir na companhia dos pais.
A suavidade da voz levou Dóris para a companhia dos futuros nomes da bossa-nova. João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Moraes foram amigos e parceiros de trabalho. Nessa época, passou a ser chamada de ‘diva do sambalanço’. Foi a primeira gravar “Samba de verão”, em 1964.
“A Dóris sempre foi moderna, só que ela foi depurando essa modernidade. E claro, depois da bossa nova, os muros caíram, os preconceitos caíram, então ficou mais fácil para ela. Mas ela era uma cantora que já chegou com um timbre diferenciado”, avalia o jornalista e crítico musical Mauro Ferreira.
A cantora também fez cinema; estrelou em oito filmes e recebeu prêmio de melhor atriz.
Dóris Monteiro morreu na madrugada desta segunda-feira (24), em seu apartamento no Rio, de causas naturais. Foram mais de 70 anos de carreira em plena atividade.
Fãs e amigos lamentaram a morte da artista.
“Eu só tenho a agradecer a ela por tudo que ela fez pela música popular brasileira, levando beleza, graça, simpatia e poesia por onde ela foi”, diz o cantor Léo Jaime.
“Tinha sempre um passo atrás do holofote, embora a luz dela se irradiasse por todos os lugares”, comenta a cantora Fafá de Belém.
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