Um estudo recente da Universidade da Califórnia, em parceria com o Scripps Research Institute, avançou nas pesquisas sobre a gravidade do autismo e pode determinar o descobrimento de futuros tratamentos e origens do transtorno.
Os cientistas criaram “minicérebros” em laboratório, também conhecidos como organoides cerebrais, que ofereceram novos insights sobre origens fisiológicas do transtorno, podendo contribuir para o desenvolvimento de novos tratamentos.
Os organoides foram criados a partir de células-tronco coletadas de amostras de sangue de 10 crianças com autismo e 6 crianças neurotípicas, da mesma faixa etária.
Nos dois grupos, eles recriaram as primeiras semanas de desenvolvimento embrionário e conseguiram perceber diferenças logo nos estágios iniciais da “gestação”.
Conforme a pesquisa, os minicérebros das crianças com autismo exibiram uma regulação anormal de micro RNAs e características de hiperexcitabilidade, fatores que ajudam a compreender as alterações neuronais associadas ao transtorno.
A gravidade do autismo explicada pelos minicérebros
Além disso, os minicérebros desenvolvidos em crianças com autismo eram aproximadamente 40% maiores do que os de crianças neurotípicas, sugerindo que esse crescimento cerebral excessivo durante o primeiro trimestre da gravidez pode ser um dos primeiros sinais de autismo no embrião.
A velocidade do crescimento também determinou o grau do transtorno. Aqueles que cresceram mais rápido tinham maiores chances de terem sintomas do autismo mais graves, do que os que tiveram apenas um leve supercrescimento.
“Não é toda criança com TEA e sintomas severos que vai apresentar alteração no tamanho do cérebro. Porém, quando há macrocefalia, há maior severidade dos sintomas”, afirmou Mirian Hayashi, professora do EPM-Unifesp (Departamento de Farmacologia da Escola Paulista de Medicina) e uma das autoras principais do artigo.
Uma possível causa desse crescimento cerebral maior, segundo os pesquisadores, é a expressão reduzida de uma proteína chamada NDEL1, conhecida por regular o desenvolvimento cerebral no embrião.
A equipe observou que, quanto mais baixos eram os níveis de NDEL1 nos organoides cerebrais de crianças com autismo, maior era o crescimento dos minicérebros.
A pesquisa é um marco para o estudo do autismo, pois os organoides permitem simular com maior precisão as condições do desenvolvimento cerebral humano, facilitando o teste de terapias e avanços no entendimento do transtorno.