Pianista renomado nacional e internacionalmente, Arthur Moreira Lima morreu na noite dessa quarta-feira (30), após um ano de internação para tratamento de um câncer de intestino, no Hospital Imperial de Caridade em Florianópolis.
O músico, que ficou conhecido como “Pelé do Piano”, deixa um legado que vai além da música erudita. Moreira Lima era atuante na área política, apaixonado por futebol e buscava disseminar a cultura para populações desassistidas.
Nascido no Rio de Janeiro em 1940, Moreira Lima compõe a lista dos maiores pianistas brasileiros. Com mais de 100 discos gravados, teve a carreira repleta de prêmios e de concertos nas principais casas de espetáculos do mundo. A revista La Suisse o chamou de o “Pelé do piano”
Ele tocou com as filarmônicas de Leningrado, Moscou e Varsóvia e com as sinfônicas de Berlim, Viena e Praga, a BBC de Londres e a National da França. Desde 1993, morava em Florianópolis e, em 2003, ganhou o título de Cidadão Honorário da capital catarinense.
Arthur Moreira Lima além da música
Arthur Moreira Lima, considerado um dos maiores pianistas da história do país, começou a estudar piano aos 6 anos, quando foi aluno de Lúcia Branco, também professora de Tom Jobim e Nelson Freire. Na capital carioca, além da música, desenvolveu outra paixão: o futebol.
Vem da capital carioca, o time pelo qual Arthur era apaixonado, o Fluminense Football Club. Em 2002, participou do documentário “Saudações Tricolores”, dirigido por André Barcinski e Heitor D’Alincourt.
Em um dos trechos do filme, imagens de ídolos que marcaram a história do tricolor são projetadas na tela, embaladas pelo hino do Fluminense interpretado pelo músico. “Acabei em tom maior porque o Fluminense é o maior”, disse o músico na gravação.
Pianista buscou levar música para comunidades carentes
Buscando democratizar o acesso à cultura para áreas de vulnerabilidade social, Arthur Moreira Lima criou o projeto “Um piano pela estrada” em 2003.
Criador, produtor e empresário, o pianista percorreu Santa Catarina e outras cidades do Brasil em um caminhão, que se transformava em um palco, para realizar apresentações gratuitas, mesclando o social e o erudito.
Dentre o repertório, o músico interpretava clássicos de Mozart, Bach, Mozart, Chopin, Astor Piazzolla, Villa-Lobos e Pixinguinha.
Doutor Honoris Causa e militante socialista
Arthur Moreira Lima foi, durante muitos anos filiado ao PDT (Partido Democrático Trabalhista), mas, em 2011, migrou para o PSB (Partido Socialista Brasileiro). No ato de filiação, o músico lembrou que a sigla teve, como um de seus fundadores o próprio tio, Filipe Moreira Lima.
Uma de suas últimas aparições foi em setembro de 2024, quando recebeu o título de Doutor Honoris Causa da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), homenagem aprovada por unanimidade no Conselho Universitário no mês anterior. Ele participou da cerimônia de forma remota.